09 Outubro 2024 | Ana Paula Pappa
Após a digitalização do parque exibidor, o atual desafio é manter as salas com tecnologias modernas
Após uma década, quais são os avanços tecnológicos que marcaram o setor cinematográfico e o que podemos esperar dos próximos anos?
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A digitalização dos cinemas é um tema sempre em alta e, pensando nisso, a Expocine apresentou o painel 10 anos da digitalização do parque exibidor brasileiro. Luciano Taffetani, gerente de vendas sênior e parcerias para cinema da Dolby América Latina; Ricardo Ferrari, diretor de vendas LATAM da Barco; Jeffrey Kaplan, representante da Sharp; Ricardo Laporta, gerente de vendas da Christie; Rodolfo Domingues, representante da GDC no Brasil; e o moderador Luis Fernando Morau, CEO da Integradora Digital, se reuniram para refletir sobre os impactos e avanços da digitalização no cinema brasileiro e como o processo transformou profundamente a indústria, tornando-a mais acessível e moderna.
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A digitalização do cinema no Brasil, iniciada há uma década, representou uma das mudanças mais significativas no setor. Desde a logística complicada de transporte de rolos de filmes até a democratização do acesso às salas, a transformação digital trouxe benefícios imensos, especialmente para os pequenos exibidores que antes enfrentavam grandes barreiras. O advento do Virtual Print Fee (VPF), que ajudou a financiar essa transição, foi um dos fatores-chave, mas também veio com desafios "Foi uma mudança brutal para o setor, que não para de evoluir", disse Morau, ressaltando que o futuro, com a rapidez das inovações, será ainda mais desafiador.
Luciano Taffetani destacou que a convergência digital foi essencial para o crescimento do cinema, especialmente ao permitir a incorporação de novas tecnologias. Ele mencionou o impacto do som imersivo oferecido pela Dolby, que proporciona uma experiência mais realista e envolvente ao público. "A digitalização democratizou o acesso às salas de cinema e tornou a experiência mais rica para o espectador", afirmou Taffetani.
Ricardo Laporta, por sua vez, relembrou os desafios dos últimos dez anos, destacando as inovações tecnológicas e a busca constante por melhorar a experiência do exibidor. Durante a pandemia, a Christie adotou o modelo de locação de equipamentos, o que facilitou a abertura de novas salas de cinema, apesar das dificuldades financeiras que o setor enfrentava. "O Brasil é um país complexo, mas conseguimos criar soluções para expandir o parque exibidor, mesmo com limitações de verba", disse Laporta.
Já Ricardo Ferrari mencionou que a empresa foi uma das últimas a entrar no mercado cinematográfico e precisou desenvolver produtos que competissem diretamente com as grandes fabricantes já estabelecidas. Ele destacou a evolução das tecnologias de cor, contraste e frequência e disse como essas inovações ajudam a melhorar a qualidade das projeções. Ferrari também abordou o modelo de locação de equipamentos, que, embora não seja adequado para todos os clientes, tem sido uma solução eficaz em países como o Brasil.
Jeffrey Kaplan comentou sobre a nova geração de projetores a laser, que oferece maior durabilidade e melhor qualidade de imagem. Kaplan destacou o display de fósforo a laser como uma tecnologia acessível e promissora, que deve crescer nos próximos anos: "A tecnologia a laser é o futuro para garantir qualidade superior e eficiência no cinema".
Rodolfo Domingues relembrou que a empresa começou com servidores e financiamento próprio no programa VPF e, em poucos anos, conseguiu conquistar uma posição significativa no mercado. Hoje, a GDC administra sistemas de exibição de forma remota, oferecendo maior eficiência operacional para os exibidores.
No entanto, apesar dos avanços, a corrida tecnológica é cara e rápida. Em pouco tempo, as inovações tornam os equipamentos defasados, exigindo constante atualização. Nesse sentido, a Ancine tem desempenhado um papel fundamental, facilitando o acesso a crédito para que os exibidores possam se manter competitivos no mercado.
Um dos temas polêmicos discutidos no painel foi o futuro das telas de LED no cinema. Ricardo Ferrari e Ricardo Laporta concordaram que essa tecnologia ainda não representa uma ameaça real aos projetores tradicionais. Ferrari afirmou que, embora as telas de LED ofereçam alta qualidade, elas não competem diretamente com a experiência cinematográfica que os projetores proporcionam. "Quando as pessoas vão ao cinema, elas querem uma experiência diferente da TV", observou Kaplan.
Por outro lado, Rodolfo Domingues mostrou-se mais otimista em relação às telas de LED, afirmando que elas podem proporcionar uma nova experiência ao público e que, com a entrada de mais empresas nesse mercado, os preços devem se tornar mais acessíveis. "Não acho que as telas de LED substituirão os projetores, mas elas podem oferecer uma experiência diferenciada", concluiu Domingues.
O painel evidenciou que, mesmo após dez anos da digitalização, o setor continua evoluindo rapidamente. As novas tecnologias, como o laser e as telas de LED, estão redefinindo o cinema, enquanto a indústria busca soluções inovadoras para garantir que a experiência nas salas continue a encantar os espectadores.
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