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26 Setembro 2024 | Yuri Codogno

Estudo aponta que apenas 10% dos lançamentos das majors são filmes desenvolvidos internamente

No geral, as produções costumam vir mais de propriedades intelectuais, aquisições e acordos de distribuição

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(Foto: Divulgação)

O desenvolvimento de filmes originais está cada vez mais escasso entre os principais estúdios de Hollywood, que optam por focar na produção de longas baseados em propriedades intelectuais (IP) previamente existentes. É isso que aponta o estudo de David Beaubaire, produtor estadunidense, que levou em consideração 505 filmes que foram e serão lançados pelas majors entre 2022 e 2026. As informações são do portal Indiewire. 

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As produções que não são baseadas em IP sempre foram vistas como apostas, exigindo muitos anos e milhões de dólares entre o roteiro e o lançamento, de forma que muitas vezes ocasionam em filmes com mais chances de fracassar nas bilheterias do que de ser um sucesso comercial. Com a queda dessas produções, a pesquisa revelou que tais filmes representam apenas 9,5% dos mais de 500 lançamentos avaliados - ou seja, cerca de 50 produções. 

Entre 2022 e 2024, alguns títulos originais das majors (Universal, Disney, Warner, Paramount e Sony) até se tornaram modestos sucessos, como Babilônia (2022), Não se Preocupe, Querida (2022) e Elementos (2023), mas, no geral, os 450 filmes restantes avaliados são: 

  • - baseados em algum tipo de propriedade intelectual previamente existente; 
  • - projetos trazidos por algum talento; 
  • - acordos de distribuição; 
  • - aquisições; 
  • - e desenvolvimento interno, mas a partir de uma divisão especial dentro da corporação, não sendo propriamente um lançamento da produtora principal do grupo.

O estudo conduzido nos últimos meses por Beaubaire em sua empresa, a Sunset Lane Media, deixou de fora algumas distribuidoras independentes como A24 e Neon. Acontece que, mesmo incluindo ambas, os dados não mudariam tanto. A verdade é que a maioria dos estúdios independentes não é projetado para um desenvolvimento intenso dentro de casa, pois exige muito tempo e dinheiro - um fluxo de caixa que não costuma acontecer. Quando o projeto chega a esses estúdios, muitas vezes alguém já gastou tempo e dinheiro nutrindo-o anteriormente.

O maior sucesso da Neon, por exemplo, é Longlegs, ainda em cartaz no Brasil com distribuição da Diamond Films, arrecadando US$ 108 milhões globais. No entanto, a Neon não desenvolveu o filme, que foi totalmente financiado pela C2, com a Neon comprando o projeto no Mercado de Filmes Europeu da Black Bear em 2023. Guerra Civil, primeiro blockbuster da A24, por sua vez, é uma produção da DNA Films. 

Vale ressaltar que o estudo diz não haver nenhum problema com projetos chegando aos estúdios, mas Beaubaire argumenta que esse modelo pode não “servir ao próximo J.J. Abrams ou Quentin Tarantino”. Com os estúdios avessos ao risco, o medo e o perigo de transformar um projeto pessoal em um fracasso muitas vezes superam os benefícios de um sucesso.

O produtor destacou a Blumhouse, Illumination e Pixar como empresas menores com ambições claras e direcionadas que cultivaram uma marca forte. Todas as três estabeleceram franquias originais, enquanto a Disney [a produtora, não a distribuidora] não lançou uma franquia original de live-action em duas décadas, por exemplo.

Para Beaubaire, não há necessidade de se afastar propriedades intelectuais, mas o público quer originalidade: “Não se trata de dizer que há uma condenação, mas sim de destacar que existe uma oportunidade e um público esperando para ser atendido. As pessoas reclamam que não há nada para assistir. Devemos voltar à [originalidade] para atender a essa necessidade”.

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