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13 Setembro 2024 | Yuri Codogno

Parrot Analytics apresenta estudos sobre demanda de conteúdo e hábitos de consumo

Objetivo é disponibilizar insights para que todos os elos da indústria possam trabalhar de maneira mais assertiva

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(Foto: Divulgação)

A Parrot Analytics, empresa global de análise de dados com foco na indústria do entretenimento, realizou na última quarta-feira (18), no Consulado da Nova Zelândia, na capital paulista, uma apresentação de dois estudos. Com o objetivo de disponibilizar insights valiosos sobre o futuro da indústria do entretenimento, os temas apresentados foram: Como desvendar um gênero por meio da sua audiência, explorando as oportunidades de desenvolvimento e expansão a partir de IPs e talentos; e Canais lineares e streaming: uma nova era de consumo de conteúdo.

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O Portal Exibidor esteve presente e acompanhou as duas apresentações que foram feitas, respectivamente, por Lucas Mascarenhas, analista sênior LATAM do time de insight, e Adriana Pascale, Insights Manager LATAM, ambos da Parrot Analytics.

 

Como desvendar um gênero por meio da sua audiência, explorando as oportunidades de desenvolvimento e expansão a partir de IPs e talentos

Buscando sair da teoria e mostrar como na prática a Parrot Analytics consegue desvendar um gênero, seja explorando a sua audiência, mapeando títulos e analisando o mercado, Lucas Mascarenhas apresentou o estudo e usou como base os fatos de que tempo e atenção são recursos finitos, disputados pelas empresas de entretenimento. Assim, há uma fragmentação da audiência e aumento da competitividade para produtores e distribuidores de conteúdo, que objetivam agarrar a atenção do consumidor.

“Tão importante quanto entender a performance de um conteúdo, também é entender todas as informações que estão juntas. Estou falando do país de origem, do idioma, do gênero, do ano de lançamento. E, com isso, somos capazes de trackear milhões de consumidores ao redor do mundo entendendo a importância dessa variedade de títulos e onde esses títulos estão disponíveis, sem esquecer também de todas as outras informações que compõem essa produção”, explicou Lucas. 

O gênero de terror foi escolhido como estudo do caso, pelo fato de, no Brasil, haver alta demanda, mas baixa oferta de produção nacional. Para isso, foi levado em consideração o conteúdo, a plataforma e a audiência. Vale citar que filmes e séries, independentemente da mídia de transmissão, estão amparados no levantamento, que usou como base as produções lançadas nos últimos dois anos. 

Dentro dos principais mercados consumidores do gênero de terror, os Estados Unidos e a Rússia se destacam por ter alta demanda e também por produzirem seus filmes e séries para essa audiência. O Brasil, por sua vez, está na quinta colocação quando falamos de demanda, mas não ocupa nem mesmo a décima posição na produção própria do gênero de terror. 

A Argentina, por outro lado, tem pouca demanda para o gênero, mas se destaca pela produção de conteúdo. Muito por causa de O Mal que Nos Habita (Paris Filmes), produção lançada nos cinemas no início do ano e que poucos meses depois já estava disponível no catálogo da Netflix. Esse filme cresce em demanda logo depois da estreia nas salas escuras, mas seu pico ocorre na plataforma digital. Acontece que essa curva de interesse não é só no país vizinho, como também foi registrada no próprio Brasil, demonstrando que o consumidor nacional também se interessa por filmes de terror latinos. Mais do que isso, nosso país é o quinto com mais títulos de gênero disponíveis em SVOD. 

E aí entra o questionamento de Lucas: “Será que a gente está desperdiçando a oportunidade de contar as nossas próprias histórias? E quando a gente olha para tanta questão de disponibilidade, a gente vê como o Brasil também é forte em relação ao acesso desse tipo de título. Mais do que entender o que o meu catálogo está gerando em termos de demanda no mercado específico, é também responder se o meu propósito está sendo alcançado com as minhas estratégias, com as minhas distribuições”.

Por isso, compreender as audiências é parte fundamental de qualquer estratégia. No levantamento, o terror é mais procurado pelo público masculino e é concentrado entre a Gen Z e os Millennials - isso em uma visão macro. Mas é preciso entrar em uma demanda micro, em que, dentro desse recorte de todas as pessoas que gostam de terror, haverá diferentes grupos menores com hábitos de consumo bastante divergentes. Os três principais “minigrupos” apresentados foram: fanbase engajada, que opta por conteúdos (ou críticas) online e por vídeo, que gostam de cultura pop, procuram repercussão, mostram interesses em questões sociais; universo dos games; pessoas que tem alta afinidade com criadores pretos e seus respectivos projetos. Não há necessariamente uma conexão clara entre esses três grupos, mas todos consomem terror, de forma que existem estratégias diferentes para chegar neles. 

Além disso, o estudo também apontou que, no Brasil, as atrizes nacionais possuem mais afinidade com esse público de terror do que os atores. Se olharmos para os filmes desse gênero que vem de fora do país, é possível notar a comum presença de uma “final girl”, figura feminina que há décadas costuma ser a última sobrevivente em um filme de terror. E exemplos não faltam: Sosie Bacon, em Sorria (2022); Sigourney Weaver, Noomi Rapace, Katherine Waterston e Cailee Spaeny na franquia Alien (1979-2024); Anya Taylor-Joy em A Bruxa (2015); Florence Pugh, em Midsommar (2016); Lupita Nyong’o, em Nós (2019); Essie Davis, em O Babadook (2014), entre outras, sem deixar de lado os diversos slashers, como Jamie Lee Curtis, na franquia Halloween (1978-2022), e Neve Campbell, na saga Pânico (1996-2023).

Por fim, é possível chegar a alguns importantes resultados: o Brasil consome muito terror; filmes com diferentes narrativas tem se destacado; e possivelmente o público nacional esteja a procura de uma “final girl” brasileira. E em cima de tudo isso, é possível chegar também a duas conclusões: os estudos de gênero são importantes para alcançar a audiência correta e que o Brasil pode estar, sim, perdendo a oportunidade de contar suas próprias histórias. 

“Para analisar um mercado, para a gente explorar um determinado título, porque no final do dia o que nós estamos fazendo aqui é ajudar a contar histórias e ajudar a contar histórias é algo importante. Mesmo aquelas que te trazem arrepios”, finalizou Lucas. 

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Canais lineares e streaming: uma nova era de consumo de conteúdo

Apesar de ser um recorte voltado para os canais lineares (TV Aberta e TV a Cabo) e as plataformas de streamings, os insights apresentados também podem ser aplicados para diversos elos da indústria audiovisual. Um dos pontos apresentados, aliás, é como a experiência em assistir algo em casa pode ter ficado mais individualizada, mas que de certa forma ainda é compartilhada de diferentes maneiras. 

Se fisicamente podemos dizer que, com muitas casas tendo diversos cômodos com televisões - além dos celulares, tablets, notebooks -, o que torna a experiência audiovisual mais individualizada, ela se tornou coletiva em um âmbito mais digital, com as redes sociais sendo cada vez mais esse espaço onde a experiência é compartilhada. Um exemplo simples são os reality show, como o Big Brother Brasil, que monopoliza o falido Twitter/atual X durante os meses de sua exibição.

Acontece que, segundo Adriana, não é apenas o modo de consumo que mudou: “Não só os hábitos estão se reinventando e se modificando, como também a estratégia de distribuição de conteúdo. A gente tem dois momentos distintos: a tranquilidade de sentar no sofá e assistir o que os canais lineares estão oferecendo ou dos catálogos imensos das plataformas de streamings. Só que essa linha entre esses dois mundos está se tornando cada vez mais tênue. Vou compartilhar com vocês dez pontos que acredito que seja como o mercado está se movimentando com essas mudanças e como as plataformas de streamings e os canais lineares estão aprendendo uns com os outros”.

No Brasil, os conteúdos lineares ainda dominam 60% da oferta televisiva do mercado, enquanto em 2021 era de 84%. Já a linha da demanda é muito parecida: era de 84% em 2021 e hoje é de 66%. Uma mudança observada é que, de 2018 para 2024, a média do número de episódios por temporada de uma série caiu de 16 para 12 nas emissoras e de 11 para 9 nas plataformas de streaming, quando levamos em conta seus conteúdos originais. 

Mas mais importante do que isso é saber como o mercado está reagindo às novas demandas e à fragmentação da audiência. Enfim, os dez pontos são:

  • 1) Tendências de séries procedurais serializadas, consideradas aquelas que cada episódio se resolve em si, mas que seguem uma estrutura seriada. Esse formato era comum nos canais lineares, como na série House M.D., algo que já é uma forte tendência nas plataformas de streaming. Uma grande vantagem para o digital é que proporciona o desenvolvimento de várias temporadas e spin-offs;
  • 2) Produção de blockbusters originais para conquistar as audiências; 
  • 3) Transmissões de esportivas ao vivo nos streamings, programas que eram um diferencial das emissoras lineares;
  • 4) Força da dramaturgia nas plataformas de streamings, adaptando os formatos das novelas para as plataformas digitais;  
  • 5) Conteúdos não-roteirizados, como reality shows, nas plataformas digitais;
  • 6) Engajamento com a audiência, como quando há uma transmissão ao vivo de determinado episódio de um programa, tende a ter mais demanda;
  • 7) Estratégias híbridas de lançamento, pois quanto mais abrir a estratégia, maior será a cobertura e o número de pessoas atingidas. Um exemplo é o reality Masterchef, que é lançado de terça-feira na Band e na sexta-feira a seguir chega no Max e Discovery Home & Health, atingindo os três canais de distribuição (televisão aberta e a cabo e streaming);
  • 8) Fast Channels (plataformas gratuitas e suportadas por anúncio), com grande variedade de conteúdo, canais fechados e bastante engajamento pela audiência;
  • 9) União de catálogo, como aconteceu com Star+ e Disney+, entre outros exemplos. Aqui envolve também a  diminuição de gastos pelo consumidor;
  • 10) Por fim, cada vez mais é importante entender o papel de determinado conteúdo dentro do negócio. Ou seja, é necessário responder “como esse título vai trazer novos usuários? Esse título vai me ajudar a engajar os anunciantes que eu já tenho dentro da minha plataforma?”, entre outras perguntas. 

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