29 Agosto 2024 | Redação
TvZero celebra 30 anos com onze títulos para estrear até 2025
"Bruna Surfistinha 2" e "Cidade Partida - 30 anos depois" estão entre os novos projetos anunciados
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A produtora carioca TvZero faz 30 anos e, para comemorar esse marco, onze novos projetos chegam às telas ainda este ano. Entre eles estão os documentários em longa-metragem Assexybilidade, com direção de Daniel Gonçalves, em coprodução com a SeuFilme, que aborda a sexualidade e afetividade de pessoas com deficiência e estreia no próximo dia 19 de setembro; e Invencíveis, dirigido por Vitor Leite e Clarice Saliby, que revisita a história da escola Tia Ciata e seu conceito pedagógico criado para atender meninos de rua, para refletir sobre a educação no país na época de Brizola, Darcy Ribeiro e Paulo Freire. Capitaneada pelo diretor Roberto Berliner, a TvZero, fundada em 1993 - ainda voltada para publicidade e videoclipes -, tem como foco principal o cinema desde 2003, quando lançou o longa-metragem A Pessoa é Para o Que Nasce, uma referência para os estudantes de cinema no país.
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A TvZero se orgulha de levar para as telas personagens da vida real que precisam ser conhecidos ou reconhecidos pelo público, principalmente personagens femininas. Foi assim com Bruna Surfistinha (Marcus Baldini), que ganha uma sequência em 2025, e também com Nise: O Coração da Loucura (Roberto Berliner), através do qual mais pessoas tiveram acesso à vida da médica brasileira que revolucionou o tratamento psiquiátrico no país. E, nos lançamentos de 2024, se destaca Quando Vira a Esquina, longa documentário dirigido por Chris Alcazar sobre as mulheres da Vila Mimosa no Rio de Janeiro, considerado o mais antigo reduto de prostituição do Brasil; e Malu, ficção dirigida por Pedro Freire, em coprodução com a Bubbles Project, que estreou em Sundance este ano. Roberto diz que gosta de contar boas histórias: ‘Minha principal escola foi “A Pessoa É Para o Que Nasce”. Passei sete anos filmando e montando a história de três mulheres cegas que lutavam contra tudo e contra todos, em Campina Grande, na Paraíba, para sobreviver. Me permiti trabalhar o tempo que julgava necessário para terminar o filme’, explicou Roberto Berliner.
A trajetória profissional de Berliner explica porque o portfólio da TvZero investe tanto em longas documentários, como Democracia em Preto e Branco (Pedro Asbeg) e Meu Nome é Daniel (Daniel Gonçalves) e tantos outros, que tiveram boas trajetórias em festivais (É Tudo Verdade, Festival do Rio, IDFA). “Minha carreira começou com documentários. No final da década de 70, eu filmava junto com um coletivo da ECO-UFRJ as manifestações pedindo o fim da ditadura. Depois fui trabalhar no arquivo de imagens da Globo, o Cedoc, passagem que explica eu ter muita ligação com memórias. Estou sempre voltando nas coisas que eu filmei lá atrás e as transformando em novos projetos. O tempo vai dando novos significados para as coisas. Aprendi isso trabalhando com as pérolas do arquivo da Globo e, de quebra, aprendi a montar praticando nas ilhas vazias de madrugada”, contou Berliner.
Em 1993, um ano antes da fundação da TvZero, Roberto entrou em Vigário Geral, dias depois da chacina que vitimou 21 moradores inocentes. Na mesma época, Zuenir Ventura iniciava sua jornada pela favela, que resultou no livro Cidade Partida, lançado no ano seguinte. O diretor negociou a cessão para o audiovisual do livro que logo alcançou a marca de 100 mil exemplares vendidos, mas o projeto foi parar na gaveta por falta de recursos. Agora, três décadas depois, se prepara para levar para as telas o longa-metragem documental Cidade Partida - 30 anos depois, com a participação especial do próprio Zuenir, e co-direção de Luciano Vidigal, cineasta da primeira geração de artistas do Nós do Morro, reconhecido por seu trabalho em projetos que retratam a vida nas favelas e na questão racial. “Esse filme não poderia ser feito de outra maneira. O projeto é uma mistura do que filmei 30 anos atrás com o que vamos filmar juntos."
Fazer cinema nem sempre foi o ofício de Roberto. Ele dirigiu muita publicidade e videoclipes para bandas como Skank, Lulu Santos, Gabriel o Pensador, e os Paralamas, que conheceu no Circo Voador, outro lugar chave em sua carreira. O longa documental Os Quatro Paralamas (ele inclui José Fortes, empresário da banda) conta a história da banda desde o início, com imagens feitas pelo diretor em todas as épocas do grupo, inclusive em momentos íntimos dos seus integrantes. “Os Paralamas abriram as portas para mim e para a TvZero desde o início. Quando eu fiz o primeiro clipe deles, “Alagados”, em 1986, foi um acontecimento. Naquela época, a moda era seguir as tendências gringas. Fiz um clipe documentário, com pessoas de verdade, gente nos morros, nas ruas, até no esgoto. E foi lançado no Fantástico (TV Globo), o que deu muita visibilidade para nossa produtora”, relembrou Roberto que, além dos vários videoclipes, também dirigiu o documentário Herbert de Perto.
Desde o Circo Voador, a música sempre foi um dos focos da carreira de Berliner e da TvZero. Entre os filmes, se destacam A Farra do Circo (Roberto Berliner e Pedro Bronz), Simonal (Leo Domingues), Andança - Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho (Pedro Bronz) e Alceu Valença - Na Embolada do Tempo (Paola Vieira). E em ano de comemoração, estão chegando mais dois documentários musicais: Fausto Fawcett na Cabeça, dirigido por Victor Lopes, que explora a vida e a obra de um dos mais icônicos e singulares artistas da cena cultural brasileira, lançado em 25 de julho; e começa a ser rodado em novembro Native Brazilian Music, com direção de Fabiano Maciel, filme que vai levar para as telas a polêmica história do disco homônimo, gravado em uma madrugada de 1940 no convés do navio 'Uruguay', atracado no porto do Rio de Janeiro. Além do projeto do longa de ficção baseado na história de Beth Carvalho, cujo roteiro está em desenvolvimento por Luana Carvalho, filha da sambista, e Fernanda Frotté.
Os projetos de ficção também são um importante pilar da produtora. A TvZero finaliza os longas Um Lobo entre os Cisnes, dirigido por Marcos Schechtman e Helena Varvaki, baseado na vida do bailarino brasileiro Thiago Soares, que nasceu no hip hop carioca e se tornou o primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres, e O Medo e o Mar, filme infanto-juvenil, que traz um universo de piratas para falar do luto, dirigido por Juarez Precioso, baseado em livro de Maria Camargo, roteirista e diretora assistente do filme. Agora no segundo semestre de 2024, a produtora filma o longa Trago Seu Amor, com direção de Cláudia Castro. O roteiro de Letícia Fudissaku traz bruxas e humanos vivendo juntos para contar uma história de amor LGBTQIA+. Também um dos projetos mais importantes do momento para a produtora é o longa-metragem baseado no livro O Crime do Cais do Valongo, de Eliana Alves Cruz, com roteiro da própria autora e Marton Olympio em fase final.
Hoje, Leo Ribeiro e Sabrina Garcia, produtores executivos, dividem com Roberto o comando da TvZero, e se orgulham de reunir uma equipe talentosa e apaixonada, e sempre fazer parcerias que rendem bons frutos. "Difícil me imaginar trabalhando em outro lugar, pois aqui realizamos projetos de vida, conseguimos unir bons conteúdos com propósitos, projetos que questionam, quebram tabus e propõem olhares mais justos para o mundo. Nosso trabalho é feito com uma equipe unida e com parceiros para além dos projetos", conta Sabrina. “Acho que o que mais gosto do dia a dia aqui na TvZero é a forma como nos relacionamos com nossos parceiros e colaboradores, buscando sempre manter um ambiente acolhedor, mas sem abrir mão do rigor profissional e da qualidade”, destaca Leo Ribeiro.
Entre os nomes que se destacam nessa caminhada, estão os diretores Leonardo Domingues, Pedro Bronz e Paola Vieira, e a produtora Sobretudo, de Bárbara e Angelo Defanti, incubada na casa amarela, cuja primeira parceria veio no primeiro longa do diretor Luciano Vidigal, Kasa Branca, que também estreia mundialmente no 2º semestre.“Aqui todas as portas estão abertas para todo mundo. Todo mundo mesmo. Desde o início, incentivo que todos tragam ideias. Amo estar aqui e eu quero que as pessoas que vêm para cá também amem, e que, principalmente, contribuam para um cinema e uma vida com muita qualidade”, conclui Roberto.
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