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19 Junho 2024 | Gabryella Garcia

Filmes nacionais com temática LGBTQIAP+ ganham espaço nos cinemas do país com mensagem de humanização

ൕ Sentimentos" e "Tudo o Que Você Podia Ser" entram no circuito comercial e Portal Exibidor conversou com as equipes de ambas produções

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(Foto: Reprodução)

O dia 28 de Junho é conhecido como o Dia Internacional do Orgulho LGBT e, por isso, o mês é chamado de Mês do Orgulho. Aproveitando a data, mas sem reduzir as lutas e demandas da população a apenas um mês no ano, 13 Sentimentos (Vitrine Filmes) fez sua estreia no dia 13 de junho e Tudo o Que Você Podia Ser (Vitrine Filmes) chega aos cinemas no dia 20 pela Sessão Vitrine Petrobras. O Portal Exibidor conversou com a equipe dos dois filmes que destacaram as mensagens de normalização e humanização dos corpos LGBTQIAP+, que possuem sentimentos, vivências e dificuldades como quaisquer outras pessoas.



Durante as conversas, Bramma Bremmer, uma das protagonistas de Tudo o Que Você Podia Ser, destacou a importância desses filmes estarem nos cinemas também para criar referências para futuras gerações. "Quando eu era criança, fazer cinema parecia algo inalcançável e difícil de atingir, mas hoje mostramos que podemos ser atrizes de cinema e isso é uma referência para artistas que virão. O filme constrói novos imaginários sobre essas vidas e corpos LGBT muitas vezes são tratados em um lugar de violência e sexualização, mas o filme amplia isso e mostra que essas pessoas são como todas as outras e antes de gênero ou sexualidade, vem a humanidade delas. São pessoas que desejam, amam, trabalham, têm sonhos e famílias. A proposta do filme estrear nos cinemas é construir esses novos imaginários e mostrar vidas que foram invisibilizadas", disse.

Além disso, as equipes de ambas as produções, aproveitando o Dia do Cinema Nacional, que é celebrado hoje (19), também falaram sobre as dificuldades que os filmes brasileiros enfrentam e, sobretudo, da importância da Cota de Tela. O produtor de 13 Sentimentos, Fernando Sapelli, destacou a necessidade de apoio.

"Passamos por um momento delicado de distribuição no Brasil e é complicado filmes nacionais acharem seus espaços e terem boas sessões no circuito exibidor. Passamos por um período muito difícil de financiamento no Brasil e a Cota de Tela é fundamental para a retomada do cinema nacional porque filmes nacionais fora da lógica de grandes lançamentos comerciais e recursos de investimentos tem dificuldade em chegar nas salas de cinema lutando de igual para igual. Cota de Tela de outras políticas também ajudam a formação de público porque com a exceção de alguns lançamentos maiores e populares, o cinema brasileiro fica em uma bolha e precisamos expandir isso", refletiu.

13 Sentimentos

13 Sentimentos é um filme que mostra João, um jovem cineasta que termina um relacionamento de 10 anos, mas que mantém uma amizade próxima com o ex-namorado. A busca por um novo amor leva João, um rapaz que prioriza laços afetivos, a conhecer Vitor, por quem se apaixona à primeira vista. Aos poucos, o cineasta vai tentando controlar o relacionamento entre os dois, como se fosse um filme que estivesse construindo. Apesar da temática com pano de fundo LGBT, Diana Almeida, outra produtora do filme, falou sobre a possibilidade da produção atingir outros públicos.

"O cinema brasileiro passa por um momento particular depois de tempos difíceis nos dois últimos governos que deixaram uma terra arrasada em todos os sentidos. É um momento difícil e filmes independentes menores que não são feitos em um modelo industrial encontram dificuldades de apoio, mas 13 sentimentos é um filme fácil e acessível. É gostoso e isso ajuda a atrair o público", destacou.

Além disso, Sapelli também falou sobre uma mensagem que gera identificação com o público. "O filme gera identificação e reconhecimento porque o filme trata de sentimentos e qualquer pessoa já passou por um término de relacionamento e busca se estabelecer profissionalmente, além do sentimento de solidão e esperança após um término. O filme traz um recorte LGBT mas todas pessoas passam por isso e podem se sentir reconhecidas mesmo sem fazer parte da comunidade. Podem entender que temos muito mais em comum do que imaginam e a experiência do ser humano é um denominador comum para a normalização de vivências e experiências", encerrou.

Tudo o Que Você Podia Ser

Tudo o Que Você Podia Ser chega aos cinemas amanhã (20) e o diretor Ricardo Alves Jr. aposta em um bom boca a boca para garantir a sustentação do filme que mostra o último dia de Aisha em Belo Horizonte, uma despedida que se desenrola na companhia de suas melhores amigas: Bramma, Igui e Will. Através das interações cotidianas entre as personagens, o filme oferece um retrato afetuoso da família que escolhemos construir por meio do valor da amizade, mesclando elementos ficcionais e documentais em seu roteiro, aproximando o público de forma sensível e intimista às histórias de cada personagem.

"O filme pode construir um boca a boca e isso é importante. Percebemos no período de exibição em festivais e sessões de pré-estreia que o filme gerou um engajamento e identificação com o público se sentindo a 5ª amiga do grupo, então esperamos que o público compareça na primeira semana e o filme ganhe boca a boca para os exibidores permitirem que o filme permaneça mais tempo em cartaz porque o tempo da janela de exibição que temos é uma grande dificuldade", disse.

Além disso, o diretor também falou sobre a experiência coletiva do cinema, como um ponto importante para as pessoas comparecerem às telonas, e fez coro a importância da Cota de Tela. "O cinema é uma experiência coletiva e o filme também traz uma história de coletividade. Assistir o filme no coletivo do cinema faz diferença e a experiência coletiva da sala de cinema completa a experiência do filme. Além disso, a Cota de Tela é fundamental para o cinema brasileiro e é algo que deve ser defendido pelo estado porque o mercado é muito cruel e não permite muitas diversidades. Então a Cota de Tela é fundamental para permitir outros olhares e diversidade na construção dos filmes", destacou.

Por fim, a protagonista Bramma Bremmer falou sobre a principal mensagem do filme, que é a possibilidade de as pessoas se enxergarem e sonharem para realizar seus desejos.

"Temos a expectativa que a história chegue para as pessoas porque é um filme que fala sobre a amizade e carinhos de amigas que querem se encontrar. Precisamos dialogar com o público e as pessoas podem se ver na história e queremos mostrar isso para mais pessoas. A mensagem principal é que todos podemos ser o que desejamos, independentes das violências, amarras, repressões e normas que são colocadas. Temos que enfrentar as dificuldades mesmo com medo e devemos ter esse desejo de ser quem fomos e a coragem para ser feliz",encerrou.

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