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06 Junho 2024 | Yuri Codogno

Continuidade da internacionalização do audiovisual brasileiro só será possível através de governança interministerial

Representantes de diferentes Ministérios do Governo Federal se apresentaram em painel do Rio2C

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(Foto: Portal Exibidor)

Um dos principais caminhos para a ampliação do mercado audiovisual nacional é através da internacionalização de nosso conteúdo. E pensando nisso, o Rio2C 2024 montou o painel “Governo Federal apresenta A Política de Internacionalização do Audiovisual Brasileiro”, que contou com representantes de três Ministérios para elucidar um pouco sobre essa possibilidade de expansão.

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Os nomes convidados foram Joelma Gonzaga, secretária do audiovisual do Ministério da Cultura; Marco Antonio Nakata, diplomata e diretor do Instituto Guimarães Rosa, departamento cultural do Itamaraty; e Mariele Christ, analista da Gerência de Indústria e Serviços da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), departamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviço. A moderação foi do produtor cultural André Araújo.

André abriu a apresentação com um preâmbulo, contextualizando a situação atual do Brasil: "Tem duas questões muito importantes que se relacionam com a mensagem que queremos passar com essa mesa: os governos precisam dialogar entre si, com medidas interministeriais, para que, em atuação em conjunto, possamos ter resultados mais efetivos. E a segunda questão: também precisamos quebrar a barreira de parar de pensar em políticas de governo e começar a pensar em políticas de estado".

A mesa concorda que é apenas através de medidas a longo prazo - indo de acordo com o que a atual gestão deseja deixar de legado - que a continuidade de qualquer projeto é garantida. Tal medida é fundamental para que futuros governos, de oposição ou não, não revoguem importantes projetos com facilidade, garantindo assim a continuidade da política pública (mesmo que sua ideologia seja alterada para ficar de acordo com o poder vigente).

"É com imenso orgulho que reconheço o impacto significativo que a indústria audiovisual exerce no Brasil. É essencial destacar o comprometimento com a produção de cinema e audiovisual brasileiros. Apenas em 2023, apoiamos mais de 180 atividades de promoção do audiovisual brasileiro em 70 países", disse Marco.

Só no ano passado, o Brasil esteve presente em 21 mostras de cinema em todos os continentes. Como o audiovisual carrega consigo o potencial de uma cultura, serviços, comércio e da capacidade de operação e criação, a internacionalização é um importante meio de crescimento econômico e social do país. E é sempre bom ressaltar, como destacou a mesa, como o cinema é capaz de gerar diálogo e promover mudanças sociais. 

"Além da capacitação, promovemos oportunidade de produção de negócios, aliadas com iniciativas de promoção de imagem, buscando posicionar o Brasil fora do país", disse Mariele. Ela complementou falando que, através da ApexBrasil, são 50 setores atingidos, incluindo sete em economia criativa. Desses, três são projetos audiovisuais: Brazilian Content, promovendo o audiovisual brasileiro em diferentes formatos; Cinema no Brasil, voltado para a exibição cinematográfica; e Filme Brasil, focado no audiovisual publicitário. 

Todos esses projetos estavam descontinuados, retomando suas atividades apenas no ano passado. 

A Apex é a agência oficial do Brasil para negócios internacionais, com foco em duas atividades: exportação de produtos e de serviços nacionais e atrair investimento internacional para o Brasil. Além disso, a divisão visa também diversificar os destinos das produções nacionais, com foco para América Latina, África e Ásia, mas sem deixar de lado o comércio com América do Norte e os outros dois continentes. E aumentar a representatividade das empresas brasileiras, incluindo mais representação do Norte e Nordeste, com mais lideranças negras, indígenas e de mulheres, também está entre os objetivos. 

“A gente segue trabalhando para que o audiovisual ultrapasse barreiras e fronteiras. Gosto de dizer que a gente mira a internacionalização na figura do presidente Lula e, quando a gente foi fazer nosso planejamento estratégico, a persona e a figura dele é o que a gente quer no audiovisual, pensando em escala global. Temos nosso foco no estreitamento com os países do BRICS. A China nos rendeu uma agenda de trabalho por bom tempo e estamos pensando em como atingir a África do Sul", completou Joelma Gonzaga. 

Plano de internacionalização

Nomeado de “Programa de internacionalização do audiovisual brasileiro 2023-2026”, o plano nacional passa por uma interlocução entre todos os Ministérios e agentes envolvidos, não apenas através do Ministério da Cultura. Isso porque comércio, turismo, diplomacias, economias, entre outras questões que podem ser citadas, estão intrinsecamente ligadas à produção audiovisual. 

E a missão é continuar buscando mais agentes. Até o momento, quem está no programa são: Ministério das Relações Exteriores; Instituto Guimarães Rosa; Ministério da Cultura; Secretaria do Audiovisual; Agência Nacional de Cinema; Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço; Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos; Secretaria do Comércio; Ministério do Turismo; Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo; Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial; Secretária de Comunicação Social; além da participação dos estados e municípios. 

Os principais objetivos do plano, realizado após o retorno do MinC, são três:

  • - Promoção das produções audiovisuais brasileiras em mostras e festivais;
  • - Análise e sistematização de iniciativas de divulgação do audiovisual brasileiro no exterior;
  • - Prover subsídios para a modelagem e articulação de políticas audiovisuais com órgãos estaduais, nacionais e internacionais.

Dentro dos objetivos, estão as quatro diretrizes: 

  • - Fortalecer relações multilaterais e bilaterais estratégicas em alinhamentos com a política externa brasileira (territórios prioritários);
  • - Promover o audiovisual internacionalmente;
  • - Fomentar ambientes de profissionalização e intercâmbios profissionais;
  • - Fortalecer a institucionalização dos fomentos à internacionalização do audiovisual brasileiro.

Especificamente dentro da Secretaria do Audiovisual, o foco está em quatro pontos. A governança, sociedade, direito de acesso e expansão de mercado e sustentabilidade. Há também uma certa prioridade em expandir cada vez mais para os países lusofônicos, com ampliação de formatos de produção, de linhas de difusão, de caráter formativo e de ações de pesquisa e intercâmbio.

Apesar disso, há o desenvolvimento de acordos de coprodução com Argentina, Chile, Coreia do Sul, Croácia, Grécia, França, Rússia e Quênia, com mais destaque para a França, a tentativa de tratativas com a África do Sul e o acordo feito com a China, que já está em trâmite no Congresso.

Parte do plano também diz em relação à participação em diferentes eventos, como o Festival de Pequim, Festival de Cannes, Bogotá Audiovisual Market, Festival de San Sebastián, Iberseries Platino Indústria, Festival de Busan, Ventana Sur, Fespaço e Festival de Xangai.

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