Ontem (9), pela primeira vez como CEO da NATO (Associação Nacional de Proprietários de Cinema), Michael O'Leary subiu ao palco da CinemaCon e abordou alguns temas durante o tradicional painel State of the Industry. Entre os pontos comentados, estava a recuperação da indústria e a importância de ter uma grande variedade de filmes nas telonas. As informações são dos portais Variety, Box Office Pro, Hollywood Reporter e Screen Daily.

Em seu discurso, Michael O’Leary pediu para que os grandes estúdios priorizem também os filmes de menor orçamento. O executivo ressaltou a importância dos blockbusters, mas acredita que a sobrevivência das bilheterias depende de line-ups que englobam pequenas e médias produções de alta qualidade.

“Durante meu tempo aqui na NATO, nossos parceiros na distribuição têm reafirmado consistentemente seu compromisso com o cinema. Para ter uma indústria de entretenimento cinematográfico verdadeiramente bem-sucedida, uma variedade de filmes que agradem aos frequentadores de cinema é fundamental. Não é suficiente depender apenas de blockbusters - devemos ter um mercado forte e vibrante para filmes com orçamentos menores ou médios”, disse O’Leary, mencionando depois alguns importantes filmes do ano passado que foram produzidos com orçamentos mais modestos, como Ficção Americana (Prime Video), Vidas Passadas (California FIlmes) e Godzilla Minus One (Sato Company).

Além disso, o CEO comentou sobre a relação dos cinemas com o streaming, afirmando que o sucesso de um depende do outro: “Devemos sempre apoiar parceiros e decisões de mercado que aumentem a produção cinematográfica e coloquem mais filmes com exibição no cinema exclusiva e suporte de marketing em seus cinemas. Sabemos que um filme que começa sua jornada com exclusividade cinematográfica tem mais sucesso em todas as plataformas auxiliares subsequentes. Isso deve agradar às pessoas que desejam que o maior número possível de fãs de cinema vejam seus filmes, mas também às pessoas que desejam ganhar dinheiro”.

A pandemia, apesar de estar cada vez mais longe de seu ápice, ainda assombra o setor de exibição de todo o mundo. E isso não passou batido pelo presidente da NATO, que reforçou a importância dos proprietários de cinemas ainda terem assistência econômica, visto que a indústria ainda depende dos grandes sucessos, como foi ano passado com Barbieheimer e Super Mario.

“Acompanhar o ritmo das crescentes demandas do público que vai ao cinema não é novidade, mas exige capital. E para os nossos amigos do setor financeiro, investir nas pessoas talentosas que dirigem os cinemas inovadores em todo o país e no mundo é um investimento inteligente. A inclusão de mais capital no sistema beneficiará a todos: criativos, estúdios, exibidores, comunidades locais e, o mais importante, fãs de cinema”, ressaltou O’Leary.

Lembrando que os exibidores estão enfrentando outra escassez de estreias nas telonas, visto que as greves ocasionadas pelo não acordo entre AMPTP e roteiristas e atores/atrizes adiaram vários lançamentos. Como resultado, analistas do cinema esperam que a indústria se recupere somente a partir de 2025.

Também durante o State of the Industry, Charles Rivkin, CEO da Motion Picture Association (MPA), teve espaço para seu próprio discurso. Nele, ressaltou as dificuldades que a pirataria traz à indústria, estimando que custou aos exibidores estadunidenses mais de US$ 1 bilhão em bilheteria em 2023. Com isso, afirmou que a MPA está trabalhando com membros do congresso para promulgar uma legislação judicial de bloqueio de sites nos Estados Unidos.

“O bloqueio de sites é uma ferramenta comum em quase 60 países, incluindo as principais democracias e muitos dos aliados mais próximos da América [do Norte]. Não há uma boa razão para a nossa ausência flagrante. Nenhuma razão além da falta de vontade política, combinada com entendimentos desatualizados sobre o que realmente é o bloqueio de sites, como funciona e quem afeta”, disse Charles.

O bloqueio de sites, ele explicou, interrompe a conexão entre os servidores piratas e o público-alvo. Charles afirmou que este processo teria impacto apenas em sites que hospedam conteúdo ilegal, acrescentando que, para identificar, seriam necessárias “evidências detalhadas” e os criminosos da piratarias seriam autorizados a comparecer em tribunal.

Antes de encerrar a apresentação, Michael O’Leary voltou ao palco para falar sobre o setor, ressaltando que o “futuro desta indústria é ilimitado”, mas também para enaltecer as salas de cinema e a experiência cinematográfica. 

“Todos os dias, pessoas de diferentes origens, perspectivas, culturas vão ao cinema local para se sentar em uma sala escura, cercados por outros, e por algumas horas experimentar a alegria única que é um filme na tela grande. É individual e comunitário ao mesmo tempo, e a experiência compartilhada amplifica e intensifica todas as emoções que você sente. Não há outro lugar como ele. O cinema é um lugar para ser valorizado, celebrado e defendido! O cinema é um lugar para todos”, finalizou.