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Notícias /mercado / Dificuldades na retomada

12 Março 2024 | Redação

Investimentos em produção de conteúdo devem ficar abaixo do valor gasto em 2022, último ano antes das greves em Hollywood

Previsões otimistas preveem gastos de US$ 133 bilhões, uma queda de mais de 3% em relação ao valor gasto em 2022

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(Foto: Divulgação)

A greve dos atores em Hollywood acabou no dia 8 de novembro de 2023, mais de quatro meses atrás. Suas consequências, entretanto, ainda deverão ser sentidas pela indústria por mais algum tempo. Previsões feitas por Robert Fishman, analista da MoffetNathanson, apontam que a indústria terá muito trabalho para gastar US$ 132,7 bilhões na produção de conteúdo neste ano, um valor mais de 3% abaixo dos gastos em 2022. As informações são do IndieWire.

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Apesar das projeções feitas por Fishman, a indústria como um todo tem se mostrado otimista. A ProdPro, empresa responsável por pesquisas acerca da indústria do entretenimento, apontou que 54% das empresas produtoras de conteúdo se mostraram otimistas em relação aos gastos de 2024, enquanto apenas 9% delas mostraram-se pessimistas. Ainda de acordo com a ProdPro, US$ 10 bilhões deixaram de ser investidos pela indústria em 2023 na produção de conteúdo devido às greves da WGA e SAG-AFTRA e, deste valor, US$ 3 bilhões deverão ser investidos ainda no primeiro trimestre deste ano.

Mas, apesar do otimismo, o cenário está longe de ser o ideal. A Audley, organização sem fins lucrativos de Los Angeles, afirma que a produção local no último trimestre de 2023 caiu 36% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, um estudo da Otis College of Art and Design em dezembro de 2023 mostrou que quase 25 mil trabalhadores do entretenimento em Los Angeles perderam seus empregos entre abril e dezembro de 2023.

Em 2022, último ano antes das greves, Fishman aponta que o gasto em produção de conteúdos ficou em US$ 137,2 bilhões e caiu para US$ 126,2 bilhões no ano seguinte, quando aconteceram as greves. A previsão de US$ 132,7 bilhões de gastos em 2024, primeiro ano completo após as greves, portanto, significaria uma queda de 3,2% em relação ao que foi investido em 2022. Neste ano, o especialista também aponta que 74% do gasto estimado deverá vir da chamada "velha guarda": Fox, Disney, AMC Networks, NBCUniversal, Paramount e Warner Bros. Discovery. O restante do valor, por sua vez, deverá ser responsabilidade da Amazon, Apple e Netflix.

Além das estimativas, alguns números também reforçam a tese de que o investimento não será tão alto em 2024. Bob Iger, CEO da Disney, afirmou durante a apresentação do balanço fiscal da empresa do último ano que a Disney deverá gastar "apenas" US$ 24 bilhões na produção de conteúdos neste ano. Apesar de aparentemente ser um valor alto, a empresa investiu US$ 33 bilhões em 2022 e havia feito um investimento de US$ 25 bilhões em 2021.

A Disney, inclusive, vem seguindo à risca uma fórmula de diminuir custos e aumentar receitas. Em outubro do último ano, a empresa aumentou os preços do Disney+, sua plataforma de streaming, e também removeu filmes e séries de baixo desempenho de seu catálogo. Iger, inclusive, falou sobre a necessidade de a Disney "enfatizar a qualidade em vez da quantidade". Mas, mesmo com as medidas tomadas, a Disney perdeu US$ 138 milhões com streaming nos últimos três meses de 2023, que foi o primeiro trimestre do ano fiscal de 2024.

Agora, depois de passar por uma pandemia e por uma greve em praticamente todos os seus setores, Hollywood terá que tapar os buracos em seus bolsos para conseguir navegar por águas mais tranquilas e retomar o patamar de investimento que já teve outrora.

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