27 Fevereiro 2024 | Yuri Codogno
Apenas 30% dos filmes de 2023 tiveram protagonistas femininas, a pior porcentagem da década
Estudo da Annenberg da USC avaliou os 100 filmes de maior bilheteria do ano passado
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Apesar de Barbie (Warner) ter sido a maior bilheteria do ano passado, os filmes protagonizados por personagens femininas não estiveram tão em alta assim. Segundo pesquisa da Iniciativa de Inclusão Annenberg da USC, somente 30 dos 100 filmes de maior bilheteria do ano passado tiveram uma protagonista ou coprotagonista feminina, sendo essa a porcentagem mais baixa na atual década. As informações são dos portais Deadline e Hollywood Reporter.
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O levantamento é feito anualmente desde 2007, ano que apresentou a pior porcentagem (20%). A maior, entretanto, foi 44% em 2022. Ou seja, houve uma queda acentuada se compararmos 2023 com o ano anterior. Segundo o censo estadunidense, as mulheres são 50% da população local e também representam metade do público dos cinemas.
“Este é um retrocesso catastrófico para meninas e mulheres no cinema. Esses números são mais do que apenas uma métrica da frequência com que meninas e mulheres desempenham papéis protagonistas. Eles representam as oportunidades de carreira oferecidas às mulheres na indústria. Mesmo olhando para os filmes que foram transferidos para 2024 por causa da greve, não podemos explicar o colapso das lideranças/co-lideranças femininas em 2023, a não ser dizer que isto é um fracasso da indústria”, disse Stacy L. Smith, fundadora da Iniciativa Annenberg, em comunicado.
Em outro recorte, apenas três filmes apresentavam protagonistas ou co-protagonistas femininas com 45 anos ou mais: O Urso do Pó Branco (Universal), Casamento Grego 3 (Cinecolor Films Brasil) e Magic Mike: A Última Dança (Max). Filmes multiplot, como 80 For Brady e Do Jeito Que Elas Querem (Universal), não foram incluídos no levantamento.
Por outro lado, 32 filmes foram protagonizados por homens 45+ anos, sendo 24 deles homens brancos.
O recorte fica ainda mais alarmante se levarmos em consideração que esse número é maior do que o total de filmes protagonizados por mulheres negras (14). Em um recorte etnico, foram 37 atores principais ou co-protagonistas não-brancos em 2023 (acima dos 31 em 2022). Deles, 15 eram negros, 10 eram multiétnicos ou categorizados como “outros”, nove eram asiáticos, três eram latinos e um era árabe.
Entre os grandes estúdios, a Disney foi o principal distribuidor de filmes liderados por mulheres, com quase metade da sua lista (46,1%) apresentando uma protagonista feminina. Na sequência, vem Paramount (44,4%), Warner (38,5%), Universal (21,1%) e Lionsgate (20%).
Disney e Warner empataram por ter a maior porcentagem de seus lançamentos liderados por um personagens não-branco (38,5%), mas, em contraponto, é apenas metade (56,5%) dos filmes de distribuidoras independentes. Entre as outras grandes, estão Sony (30,8%), Paramount (22,2%) e Lionsgate (20%).
“A indústria cinematográfica continua a não aparecer para meninas e mulheres e o retrocesso no progresso das mulheres negras em papéis principais é decepcionante. Isso é verdade não apenas para as mulheres jovens negras, mas também para as mulheres sub-representadas de meia-idade e mais velhas, cujas histórias são muitas vezes completamente apagadas”, disse Katherine Neff, autora principal do estudo.
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