20 Fevereiro 2024 | Yuri Codogno
Estudo aponta que igualdade de gênero na indústria cinematográfica pode ser alcançada… daqui 200 anos
Apesar disso, é possível observar um lento progresso e países que estão bem mais próximos da meta
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Re-Framing the Picture, um novo estudo sobre o impacto das políticas de igualdade de gênero na indústria cinematográfica internacional, apontou uma certa melhora na representação das mulheres nas indústrias britânica, alemã e canadense. No ritmo atual de crescimento, entretanto, é mais provável que o objetivo nunca seja alcançado, visto que o tempo para alcançar a meta pode ser de até quase 200 anos em um dos países. As informações são do por Hollywood Reporter.
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A pesquisa foi baseada nos filmes lançados entre 2005 e 2020 na Inglaterra, Alemanha e Canadá. Além disso, o estudo também examinou 12 mil produções de 34 países em busca de evidências do impacto de diferentes políticas.
Embora o relatório tenha constatado um pequeno avanço na quantidade de mulheres que trabalham nos setores cinematográficos dos países, tal progresso foi atribuído especialmente às políticas de equidade de gênero. Na Alemanha, em média, 74% de todos os principais cargos criativos e 86% dos cargos de comando são destinados aos homens. Os números no Reino Unido foram de 78% e 81%, respectivamente e, no Canadá, de 77% e 82%.
“Ao ritmo atual de progresso, a igualdade de gênero, onde as mulheres ocupam 50% das principais posições criativas, só será alcançada no ano 2215 no Canadá, em 2085 no Reino Unido e 2041 na Alemanha”, concluiu o relatório.
Se considerarmos que o primeiro “filme” do mundo é um curta de dois segundos filmado em 1888, por Louis Le Prince, e que a indústria cinematográfica teve seu nascimento, de certa forma, em 1895, com uma exibição pública dos Irmãos Lumiére, é possível observar o quão crítica é a situação, visto que 136 anos separam o filme de dois segundos dos tempos atuais. Ou seja, é necessário mais tempo a partir de agora para que as mulheres tenham direitos iguais na indústria do que a quantidade de anos que a própria indústria existe.
Um dos autores do relatório, o especialista em análise de redes, Deb Verhoeven, professor da Universidade de Alberta, disse que a pesquisa sublinhou a necessidade de as políticas de igualdade de gênero abordarem questões sistêmicas, não apenas visarem a representação numérica. “A indústria cinematográfica não precisa apenas de mais mulheres, mas de mulheres nas posições certas. Os ganhos modestos obtidos pelas mulheres e pelas minorias de gênero não ocorreram às custas dos homens, mas surgiram como resultado de uma expansão da indústria e não de uma deslocação dos homens”.
O relatório apelou a mais e melhores políticas de igualdade de gênero com “fortes mecanismos de responsabilização, incentivos financeiros e a capacidade de impulsionar ativamente a mudança na indústria”.
“A tarefa agora é integrar políticas que alcancem a prática da indústria e criem responsabilização. Também é claro que ver as mulheres como ‘culpadas’, como pessoas sem experiência ou confiança, não trará a mudança sistêmica de que necessitamos. As mulheres precisam de acesso a posições influentes na indústria cinematográfica, não apenas na indústria em geral”, concluiu a analista de políticas Doris Ruth Eikhof, da Universidade de Glasgow.
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