02 Novembro 2023 | Redação
Elenco e staff de "Mussum, O Filmis" falam sobre o projeto e celebram lado menos conhecido do humorista
Longa, grande vencedor do Festival de Gramado, reúne momentos menos explorados da vida de Mussum e vai muito além do comediante que o grande público conhece
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Mussum, O Filmis (Downtown/Paris Filmes) chega aos cinemas nesta quinta-feira (2) cercado de expectativas e com a promessa de ser um dos maiores lançamentos nacionais de 2023. Após ser premiado seis vezes na 51ª edição do Festival de Gramado, incluindo o prêmio de Melhor Filme, o longa dirigido por Silvio Guindane fará sua estreia em um momento em que o cinema nacional está obtendo bastante sucesso com cinebiografias como, por exemplo, Nosso Sonho (Manequim Filmes) e Meu Nome É Gal (Paris Filmes). O novo longa estrelado por Ailton Graça é baseado no livro "Mussum: Uma História de Humor e Samba", de Juliano Barreto, e mostra um Mussum que vai além do papel do humorista em Os Trapalhões. Na produção, são explorados momentos menos conhecidos da vida de Mussum, como sua carreira musical ao lado dos Originais do Samba, além de mostrar sua relação com a família através dos anos e sua carreira na aeronáutica.
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O diretor Silvio Guindane, inclusive, destaca que transpor todas essas muitas facetas de Mussum para o filme tornaram o processo muito prazeroso, mas também confessa que foi desafiador mostrar o personagem em sua essência, sem cair no erro de construir algo superficial ou frágil. "O processo foi compreender a fundo quem foi este homem de diversas aptidões e a partir de então reconstruir sua atmosfera cênica para o filme, com a responsabilidade de levar ao espectador esse homem multifacetado com a maestria que o público possa se divertir, refletir e se emocionar", disse.
Todo esse processo de construção da trajetória de Mussum também se estendeu para a questão da representatividade no staff, tendo equipe e elenco majoritariamente compostos por pessoas negras. Guindane destacou a sinergia que essa questão levou para o set de filmagem e como isso ajudou a tornar o filme realmente uma potência digna de abocanhar diversos prêmios no maior festival de cinema brasileiro. "A representatividade não é uma questão de números de pretos trabalhando, ela é a prova que, uma vez que integramos de verdade essa maioria da população brasileira para contar suas próprias histórias, teremos filmes mais humanos e com mais propriedade dramatúrgica. Isso vai para a tela e consequentemente chegar ao público de forma latente".
Ailton Graça, que deu vida a Mussum no longa, afirmou que toda essa representatividade dentro da produção ajudou em todo o processo criativo e, além disso, destacou a importância de poder interpretar um artista negro que foi bem-sucedido em diversas áreas e quebrar estereótipos. "É o nosso sonho um papel como esse né? É o nosso sonho poder quebrar um pouco todas as mentiras ditas a respeito do Antônio Carlos, muita gente tem esse processo de apagamento cruel em que é desqualificado com o tempo. (...) então é gostoso fazer uma pessoa da maneira correta, contar uma história corrigindo esses erros, poder dar ao Mussum o grau de importância que merece como artista e comediante".
Durante o filme, a relação de Mussum com a mãe também é bastante explorada e atravessa o filme em todas as suas gerações. As atrizes Cacau Protásio e Neusa Borges dão vida para dona Malvina em diferentes fases, e Guindane afirmou que trazer essa relação em toda sua profundidade foi uma oportunidade de mostrar ao público quem de fato foi Mussum, além de criar uma proximidade representando as relações maternas de milhares de brasileiros. "Desenvolver esse afeto foi fundamental para a construção da narrativa do filme", disse sobre a relação de Mussum e sua mãe.
Cacau Protásio, inclusive, celebrou a oportunidade de poder dar vida à Malvina e falou sobre os atravessamentos que irão tocar todas as pessoas negras que assistirem ao filme e, em alguma medida, vão se identificar. "A gente que é preto, eu – que sou mulher preta e fui filha preta–, vive uma criação em que a nossa mãe ensina a gente a passar por esse mundo extremamente preconceituoso. A Malvina criava o filho dela ensinando isso. Ela o ensinava a ser forte, a ter caráter, ser trabalhador e ter resposta certa na hora certa. Além de tudo, ela dava muito amor, era uma mãe maravilhosa", afirmou a atriz.
Por fim, Ailton Graça agradeceu a oportunidade de viver Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, dizendo que aprendeu com o humorista a sempre enfrentar a vida com um sorriso no rosto. "Um grande escudo da vida dele era o sorriso e olhar que ele usava para enfrentar tudo", encerrou.
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