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25 Outubro 2023 | Gabryella Garcia

Exibidores enfrentam dificuldades frente a vencimento de prazo de empréstimos do FSA

Diante da falta de produtos e da inflação acumulada desde 2019, setor da exibição não conseguiu retomar níveis pré-pandêmicos e exibidores se sentem inaptos a iniciarem pagamentos do empréstimo emergencial

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(Foto: Reprodução)

Desde o início da pandemia de Covid-19, exibidores de todo o Brasil enfrentaram diversas dificuldades em manter suas atividades com o fechamento das salas de cinemas e, uma das soluções para passar pelo momento de baixa, foi a liberação de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A liberação aconteceu na época da pandemia e também em maior escala no ano de 2022, com cerca de R$ 180 milhões. Parte desses recursos foram liberados aos exibidores para capital de giro, ou seja, para manter suas atividades diárias e essenciais e, após 12 meses de carência, os exibidores teriam mais cinco anos para quitar esse empréstimo de forma parcelada.

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O problema, de acordo com os exibidores, é que o mercado ainda não conseguiu atingir o mesmo nível pré-pandêmico e, por isso, há dificuldades para cumprir os compromissos assumidos com a Ancine. Lúcio Otoni, presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (FENEEC), entretanto, destacou a importância do auxílio para todo o setor. "Os exibidores são muito agradecidos à Ancine, ao BNDES e ao Ministério da Cultura pelo empréstimo emergencial, que no momento do pico da pandemia foi o que sustentou as salas de cinema que ficaram por quase dois anos sem funcionar. Entendemos e agradecemos esse empréstimo no pico da pandemia. Entretanto, colocar esse valor de prestação hoje no fluxo de caixa, em um momento em que o mercado não está 100% recuperado, é um desafio para vários exibidores", disse em entrevista exclusiva à Exibidor.

Mas, por conta de uma série de fatores, como a falta de filmes devido a greve de atores e roteiristas em Hollywood, uma dificuldade da produção nacional engrenar em 2023 e a própria inflação acumulada do período, os exibidores enfrentam dificuldades para honrar as parcelas com uma taxa de juros de 8% ao ano que começaram a vencer no segundo semestre de 2023. Hoje o cinema ainda não voltou a todo o vapor como imaginavam os exibidores e o mercado está de 20% a 30% aquém dos patamares de 2019.

"Temos percebido e recebido muitas manifestações dos exibidores junto a Federação. O mercado está voltando de forma lenta e gradual e, além disso, existe uma coisa que já acontecia antes da pandemia que é a sazonalidade. Há filmes que performam bem e grandes lançamentos, entretanto há alguns períodos de baixa e a sazonalidade dificulta que o exibidor consiga manter uma prestação tão alta com esse fluxo de caixa. Os exibidores imaginavam que em 2023 o mercado já teria voltado, mas nessa retomada estão tendo que pagar seus financiamentos contraídos durante a pandemia e isso causa uma dificuldade muito grande de caixa, uma vez que o mercado não está 100% restabelecido", destacou o presidente da FENEEC.

Diante do cenário, muitos exibidores estão perdendo o sono para encontrar uma forma de arcar com o valor das parcelas e já existe uma mobilização do setor para encontrar soluções. Além da possibilidade de aumentar o período de carência ou até mesmo fazer uma renegociação dos valores das dívidas, Lúcio Otoni destacou a Exibidor uma possibilidade que pode, inclusive, ajudar a impulsionar o cinema nacional e também democratizar as salas de cinema.

"A pandemia nos ensinou a achar soluções de forma criativa e o setor de exibição teve que aprender bastante. A FENEEC está tentando bolar algum estudo de forma racional para levar alguma proposição para a Ancine e o FSA. Podemos transformar parte dessa dívida em ingressos para o cinema nacional, já que temos o objetivo de aumentar o market share de filmes nacionais e assim tentarmos um grande projeto para transformar parte do empréstimo em ingressos e vouchers para as pessoas assistirem a filmes nacionais. Podemos democratizar as salas de cinema e ainda impulsionar o cinema nacional, uma vez que 2024 deve trazer mais filmes nacionais comerciais, o que é bom para o mercado como um todo. Temos grande interesse em ampliar nossa base de público e pessoas com menor poder aquisitivo poderiam ir ao cinema", disse.

Ainda vale destacar que a Ancine recentemente apresentou números dos investimentos realizados no setor audiovisual em 2023 através de Chamadas Públicas do FSA e de recursos disponibilizados pelas Leis de Incentivo, em que até o mês de setembro, os investimentos no audiovisual brasileiro já chegaram a R$ 2,4 bilhões sendo R$ 537 milhões liberados em linhas de crédito para o financiamento em infraestrutura, inovação e capital de giro das empresas do setor. Além disso, o FSA também fez uma nova edição da Chamada de apoio aos pequenos exibidores no valor total de R$ 6 milhões, com o objetivo de garantir a manutenção, preservação e funcionamento das salas de cinema.

O Portal Exibidor entrou em contato com a Ancine para um posicionamento acerca da demanda dos exibidores, mas o órgão afirmou que iria aguardar a demanda das associações para se pronunciar.

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