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24 Outubro 2023 | Redação

"Redenção", obra brasileira sobre processo de branqueamento racial, é selecionada para festival de Amsterdã

Experiência foi o único projeto brasileiro selecionado na categoria competitiva de documetários imersivos do festival, considerado o maior de documentários em todo o mundo

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(Foto: Divulgação)

Redenção, uma instalação imersiva que critica o projeto de branqueamento racial no Brasil foi o único título brasileiro selecionado para a categoria competitiva de documentários imersivos do Festival Internacional de Documentário de Amsterdã (IDFA). A obra dirigida pela roteirista e documentarista Mariana Luiza ficará disponível na galeria de arte LNDWStudio durante todo o evento e é uma resposta poética e contra colonial ao quadro "A Redenção de Cam (1895)", do pintor espanhol Modesto Brocos e que é considerado uma representação da tese em favor do embranquecimento. O IDFA é considerado o maior de documentários do mundo e este ano ocorre de 10 a 19 de novembro.

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O projeto da diretora se enquadra na categoria novas mídias para documentários, que popularmente é conhecido como cinema imersivo. Dentro da galeria, será construído um labirinto onde terão dois vídeos. Um deles vai ser projetado em um espelho d’água, como em um lago e a ideia é que no final do labirinto, o espectador se depare com um espelho d'água. "Ao invés de sua imagem e semelhança, como o mito de narciso, o que ele vê é um videoarte que trata e forma poética rituais de resistência negra. Trata-se de uma resposta ao projeto de nação branqueada", explicou Mariana.

A pintura de Modesto Brocos, cujos personagens centrais são uma avó negra, uma mãe mestiça, um pai branco e seu bebê de pele clara, foi exibida durante o Congresso Universal das Raças em Londres, em 1911, como um símbolo da ideologia de branqueamento racial no Brasil, amplamente disseminada no país durante o final do século XIX e início do século XX. Na ocasião, o Brasil apresentou um projeto nacional que previa o extermínio dos negros da população brasileira em um período de um século ou três gerações para que o país se tornasse majoritariamente branco.

Mais de 110 anos depois, Mariana levanta o questionamento: "É possível redimir uma nação que queria exterminar a maioria de seu povo?".

A diretora possui um vasto histórico de pesquisas relacionadas aos temas de identidade, pertencimento e à nacionalidade e, devido ao seu projeto e ao seu currículo, também foi convidada pelo festival para colaborar com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT Open Documentary Lab) em experimentação artística, pesquisa e desenvolvimento de documentais para novas mídias, com o objetivo de apresentar projetos interativos e promover discussões que explorem a narrativa documental na era da interface.

Mariana é formada em Roteiro de Cinema pela New York Film Academy (Nova Iorque) e em Montagem pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro (Rio de Janeiro). É Membra da APAN - Associação dos Produtores Audiovisuais Negros, da BGDM – Brown Girl DOC Mafia e da AAWIC - African American Women In Cinema (EUA) e Talento Paradiso.

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