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18 Outubro 2023 | Yuri Codogno

Abismo de US$ 480 milhões dificulta avanço nas negociações entre AMPTP e SAG-AFTRA

Paralisação dos atores de Hollywood está prestes a completar 100 dias

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(Foto: Divulgação)

Após a greve dos roteiristas ter se encerrado em 24 de setembro, após 148 dias de piquete, as expectativas eram de que a paralisação dos atores também tivesse um final próximo. Entretanto, prestes a completar 100 dias (marca que chega no próximo sábado), as conversas foram totalmente interrompidas, visto que há uma enorme diferença de US$ 480 milhões entre o solicitado pelo SAG-AFTRA e o disponibilizado pelos estúdios e streamings. As informações são da Variety e também de matérias e análises anteriores realizadas pelo Portal Exibidor.

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As negociações foram interrompidas na semana passada, visto que o SAG-AFTRA entende ser pífio o que os estúdios, através da Aliança dos Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), estão oferecendo como nova fórmula de pagamento residual das plataformas de streaming. Enquanto o sindicato pede US$ 500 milhões anuais, a AMPTP está disposta a pagar apenas 4% disso, ou seja, US$ 20 milhões. 

Os pagamentos de resíduos são equivalentes ao direito que os atores (assim como outros profissionais) têm direito pela contribuição para a obra, disponibilizando sua propriedade intelectual  e trabalho na produção. Os roteiristas, por exemplo, não obtiveram ótimos valores (algo em torno de US$ 5 milhões ao ano), mas conseguiram uma fórmula aprimorada de cálculo residual e um bônus de 50% que recompensa programas que excedam expectativas de visualização nas plataformas. Nessa fórmula, leva-se em consideração as visualizações nos EUA que atingirem pelo menos 20% da base de assinantes em até 90 dias.

Além da questão residual, SAG-AFTRA e AMPTP discordam também na utilização de inteligência artificial e no aumento das taxas mínimas para os atores em cada produção. Entretanto, foi a grande lacuna de US$ 480 milhões que provocou a paralisação total das negociações.

Segundo a AMPTP, o sindicato deu um ultimato, exigindo que os estúdios concordassem com um imposto por assinante. A proposta do SAG-AFTRA foi de que cada plataforma pagasse US$ 0,57 por assinante ao ano, dinheiro que iria para um fundo administrado em conjunto e que seus curadores iriam distribuir aos atores de acordo com audiência de cada um dos programas. 

A AMPTP, por sua vez, oferece essencialmente a mesma proposta aprovada pelo WGA (sindicato dos roteiristas). Cerca de um quarto dos programas feitos para streaming, neste contrato, receberiam o bônus, de acordo com dados que os estúdios compartilharam com a WGA. Segundo o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, esse acordo custaria de quatro a cinco vezes mais do que o valor acordado pela WGA, visto que as produções possuem muito mais atores e atrizes do que roteiristas. Desta forma, a SAG-AFTRA entende que a oferta dos estúdios pagaria no máximo de US$ 20 milhões ao ano (levando em consideração os US$ 5 milhões conquistados pelo WGA).

Enquanto isso, a produção audiovisual de Los Angeles segue quase parada. Em levantamento da FilmLA, a produção geral caiu 41% no último trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo as gravações que não foram afetadas pelas greves observaram quedas, como reality shows (-23%) e produção comercial (-26%). 

A FilmLA emite relatórios trimestrais sobre o estado das filmagens locais na região. De acordo com seu último levantamento, a produção roteirizada de TV caiu 99% no trimestre de julho a setembro, em comparação com o mesmo período de 2022. No entanto, a produção cinematográfica teve uma queda de “apenas” 55%, uma vez que a SAG-AFTRA liberou a continuação de centenas de produções independentes.

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