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30 Maio 2014 | Cristiano Ayres, do RJ

Seminário aborda questões do Cinema 3D no RJ

Cineastas, executivos, produtores, técnicos e estudantes participaram do encontro

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Steve Solot, da LATC, durante o seminário (Foto: Divulgação)

O cinema 3D pode ser considerado uma ferramenta que contribui de maneira significativa para o enriquecimento da narrativa cinematográfica, tal tecnologia é responsável por potencializar a experiência do espectador com a sétima arte.  Nos últimos anos tem-se percebido o crescimento de lançamentos de filmes neste formato, algo que atrai cada vez mais espectadores para as salas de exibição.

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O LATC (Latin American Training Center) em parceria com a RealD LatinAmerica, Adoro Cinema, Total Entertainment, Paramount Pictures (Brasil) e o Cinemark (Brasil) apresentou o Seminário Cinema 3D, nesta quarta-feira, dia 28, no Cinemark Botafogo, no Rio de Janeiro. O evento contou com a presença de cineastas, executivos, produtores, técnicos, estudantes e demais profissionais ligados ao mercado audiovisual com o objetivo de esclarecer e debater aspectos a respeito do formato 3D.

"Dentre muitas coisas, o produtor ainda tem algumas complicações na cadeia de produção e distribuição, mas contamos com um grupo interessante hoje aqui para discutir vários aspectos", enfatiza Kate Lyra, Diretora da LATC, responsável pela abertura do evento.

Um pouco de história

Sean Spencer, Diretor da RealD, Brasil, falou sobre os primórdios do Cinema 3D, além do boom do mercado 3D no Brasil e no mundo. A RealD tem como parceiros no Brasil o Cinépolis e o Cinemark, além de grandes estúdios.

O primeiro filme lançado em formato 3D foi The Power of Love, 1922, no qual foi usada a tecnologia anaglífica (vermelho e verde), filmado com duas câmeras e dois projetores, com 2 finais diferentes, sendo um vermelho (triste) e outro verde (feliz) tendo sido exibido apenas por uma semana, pois causava desconforto aos espectadores.

Sean lembra um fato curioso sobre os primórdios do 3D: "Alfred Hitchock chegou a lançar em 1954 seu único filme em 3D, Disque M para Matar. Mas o cineasta não gostou da imagem em 3D e naquele tempo havia apenas 12 cinemas nos Estados Unidos com bons projetores para exibir. Por esse motivo, ele desistiu."

Os anos 50 foram o grande boom do cinema 3D. Havia uma predominância de filmes de terror e ficção científica, gêneros que fizeram muito sucesso. Já nas décadas que seguiram, 1960 e 1970, não houve nenhum desenvolvimento considerável, os filmes em sua maioria eram experimentais, alguns comerciais, e um pequeno avanço em termos tecnológicos. Na década de 1980 a IMAX apresenta filmes em 70mm em 3D, ocorre um progresso em tecnologia o que resulta numa melhora na experiência com o espectador. Entretanto, na década seguinte não houve nenhuma inovação. Nos anos 2000 o mercado audiovisual passou por outros avanços tecnológicos, um aumento expressivo de espectadores e um maior interesse por parte dos produtores e exibidores nas produções em 3D.

Produção

A Produtora da Total Entertainment, Irina Neves destacou a importância da produção dos filmes 3D no Brasil. Ela produziu o filme Se puder...Dirija, de Paulo Fontenelle, 2013.Infelizmente, no Brasil ainda enfrenta-se problemas para a finalização de filmes 3D tais como o alto custo, poucos equipamentos e a escassez de profissionais especializados.

"O roteiro precisa se ajustar ao formato 3D e toda a equipe, porque é um tipo de formato que interfere em todas as ramificações do filme, no figurino, na iluminação, em tudo...o grande desafio foi encontrar pessoas capacitadas no Brasil. Houve a proposta de finalizar o filme em Los Angeles e o custo foi mais em conta. Editamos o filme no Brasil, em final cut, normalmente em 2D e, em Los Angeles foi finalizado, aplicando o tratamento de cor e luz. Foi a minha primeira produção em 3D, foi muito prazeroso e gratificante", afirma Irina.

Distribuição

César Silva, Diretor Geral da Paramount Pictures Brasil, falou sobre a política dos estúdios na distribuição de filmes, a digitalização das salas de cinema, a divulgação dos filmes 3D, além dos custos e benefícios da distribuição dos filmes.

César se atém a números para explicar o aumento da bilheteria: "A Paramount está no Brasil desde 1926. Selecionamos Rio de Janeiro e São Paulo que representam 35, 36% do mercado total, sem incluir outras regiões. Das 713 salas ao todo, como essa do Cinemark. O público tem gostado cada vez mais de ver filmes 3D, tanto animação quanto outros gêneros, temos atualmente bons resultados. O 3D representa entre 55 e 65% da bilheteria. Noé, por exemplo, se tivesse sido lançado em 2D teríamos lucrado 10 milhões a menos. É um grande impacto no mercado".

É importante destacar que o filme no formato 3D precisa de um bom planejamento para se obter sucesso: uma eficaz campanha de lançamento, uma  data estratégica para ser lançado, um bom marketing nos veículos de comunicação e obviamente boas ações promocionais. Copos ou porta-retratos com personagens dos filmes que vem como brinde ao comprar o ingresso ou painéis em pontos de ônibus são ferramentas para atrair o público.

Exibição

A rede Cinemark também esteve presente representada por Bettina Boklis, Diretora de Marketing, que abordou como é possível inovar na linguagem do cinema através do 3D.

O Cinemark foi a primeira rede a ter tecnologia 3D na América do Sul, em 2006. Um fator fundamental que contribuiu para uma maior aceitação do 3D por parte do público foi investir em uma temática mais diversificada, pois os estúdios lançaram além de animações, aventuras direcionadas a um público mais adulto. Em 2010, o filme Avatar foi um divisor de águas nesse sentido, pelo o fato de angariar outro tipo de plateia para as salas de exibição. Atualmente a rede conta com 295 salas 3D, que representam 55% do total.

A sétima arte tem a capacidade de se apropriar de outras linguagens para enriquecer a sua narrativa e com o advento da tecnologia 3D isto torna-se ainda mais viável.

"Há três anos lançamos a ópera Carmen, de Georges Bizet, em 3D e foi fantástico, um sucesso absoluto. É algo inovador poder assistir a uma ópera no cinema e no formato 3D. O Brasil foi o segundo país em bilheteria. O Cinemark oferece este diferencial ao seu público, que está disposto a pagar um ingresso mais caro porque no final é recompensado", ressalta Bettina. Além disso, o Cinemark também realiza ações promocionais e sempre destaca em sua programação os filmes 3D, seja nos cartazes ou em trailers.

Investir nos filmes 3D é bom para o produtor e o público. O formato tem uma série de vantagens extensiva a toda cadeia: inovação na maneira de contar a história, experiência diferenciada (disputa com outras plataformas) e inibe a pirataria. 

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