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04 Outubro 2023 | Yuri Codogno

Buscar o equilíbrio é o melhor caminho para conciliar arte e economia no audiovisual

Erick Krulikowski palestrou sobre o assunto no primeiro painel de hoje (4) da Expocine

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(Foto: Divulgação)

Conflitos entre a valorização da questão artística e comercial estão presentes desde sempre no setor audiovisual. A questão, então, é tentar encontrar uma resposta para a dificuldade da conciliação entre a economia e a arte em si, assunto abordado por Erick Krulikowski, professor e sócio da 2bc Negócios Criativos, hoje (4) na Expocine.

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A apresentação foi o painel de abertura do segundo dia da 10ª edição da Expocine, com o tema Por que é tão difícil conciliar arte e economia no audiovisual

“Acho que todos nós experienciamos angústias em questões como vida pessoal e carreira. Esse é só um exemplo que na academia chamamos de tensão. Que maneiras de equilibrar essas situações que a gente acredita que são contradiórias”, exemplificou Erick. A tensão, segundo o palestrante, é definida pela tentativa de equilibrar o que quer com o que tem. 

Para isso, é esperado que cada um busque respostas a essas tensões, como, em alguns momentos, priorizar a opção A, enquanto em outros ser favorável a B. Além disso, é necessário encontrar as condições em que cada opção é mais efetiva, de modo que facilite a escolha. 

Entretanto, o mais indicado é a procura pelo equilíbrio, mesmo que, no setor audiovisual, se engajar simultaneamente em arte e economia possa parecer algo paradoxal. “Essas lógicas estão juntas, mas partem de lugares diferentes. Artistas, para fazer suas artes, precisavam entender que precisam responder aos patrocinadores. E isso é muito antigo”, disse Erick.

Em relação à lógica, ela possui definições diferentes de acordo com o grupo que pensa nela. Para diretores de cinema, por exemplo, é a valorização de sua reputação, enquanto para produtores pode ser a bilheteria. Desta forma, a lógica se espalha pela cadeia, visto que cada elo a enxerga da maneira que seja mais adequada para seus objetivos. 

E é possível focar apenas em um dos lados desse pêndulo entre arte e economia? De acordo com um estudo baseado no 4AD, um selo de música independente, depende. Para escolher um dos polos, tem que ser muito bom no que está fazendo, porque em algum momento vai precisar de ambas as facetas no mesmo produto. “Se não tiver alguma coisa que o diferencie do mercado, vai sempre ser cobrado a entregar os dois lados”, completou Erick.

Se, por exemplo, uma produtora optar apenas por ter resultados em bilheteria, o público pode não aceitar muito bem, porque não tem a qualidade artística exigida. Por outro lado, se focar somente na produção artística, corre o risco de não atingir o público certo, não obtendo o resultado esperado para poder dar sequência à uma produção. 

Com isso, surgem três padrões de como as produtoras lidam com essas tensões: a toca de coelho, que é a intensificação de apenas um lado; a bola de demolição, que pende ora para um lado, ora para outro; e a guerra de trincheira, que é quando há uma polarização, levando a um ciclo vicioso.

Para lidar com isso, os players do mercado têm algumas opções, como separar os cargos de liderança, divergindo as funções e, como consequência, cada uma pode focar em seus pontos fortes. Então ao invés de uma pessoa acumular os cargos de produtor, diretor e roteirista, o ideal é que haja três pessoas - lembrando que não é uma regra, mas sim uma sugestão. 

Outra medida, que pode ser consequência da anterior, é o balanceamento de atributos. No final, apenas quatro resultados existem: uma produção artisticamente boa; uma lucrativa; a que consegue ambos; e que não consegue nenhum. Então unir boas ideias, storytelling, cinematografia satisfatória, boa estratégia de marketing, atores famosos, entre outros, pode ser uma receita de sucesso para atingir ambos os objetivos. 

O que foi lembrado também é o poder das conexões entre profissionais. Aqui, a conclusão é que os projetos com muitas pessoas novas tendem a ter uma probabilidade de sucesso menor. Então buscar o equilíbrio entre novos profissionais, que trazem ideias novas, e manter os com quem já trabalhou, que trazem consigo a experiência, é o ponto ideal. 

E, por fim, foi dado destaque à comunicação como uma forma de dar sentido a algo que, no caso, é o filme. “Somente com uma comunicação clara que é capaz de superar esses desafios. Significa nos colocar nos lugar dos outros e entender o que queremos e o que o outro quer. As pessoas precisam criar sentido quando fazem um filme”, concluiu Erick.

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