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29 Setembro 2023 | Entrevista: Renata Vomero

Globo Filmes completa 25 anos e busca cativar novas gerações: "Precisamos dialogar com temáticas atuais"

Com 500 filmes lançados e 260 milhões de público acumulado nesses 25 anos, Globo Filmes tem 30 estreias previstas para 2024 e mais de 30 projetos em fase de desenvolvimento

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(Foto: Desiree do Valle)

Em 2023 a Globo Filmes comemora 25 anos e cada vez mais se consolida como uma das maiores impulsionadoras e incentivadoras do cinema nacional. Ao longo dessa trajetória 500 filmes já foram lançados para um público acumulado de 260 milhões em um trabalho que já realizou parceria com mais de 200 produtoras independentes. Mas, apesar de um passado e um presente de sucesso que são comprovados pelos números, a Globo Filmes não deixa de olhar para o futuro, sempre acompanhando as inovações da indústria e também tendo um olhar atento para cativar o público, que está em constante mudança e evolução.

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"Franquias e blockbusters também estão em constante inovação, principalmente para cativar a atenção das novas gerações, cada vez mais hiperconectadas e presentes no cinema. O que temos visto é que não há garantia de sucesso. Precisamos dialogar com as temáticas de hoje, da atualidade. A nostalgia também tem atraído o público, assim como as adaptações. O conteúdo precisa estar interligado a campanhas cada vez mais originais para também impactar o público das redes. Assim, nossa mensagem poderá ser amplificada", destacou Simone Oliveira, head da Globo Filmes em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor.

A Globo Filmes surgiu em 1998, em um período que ficou conhecido como Cinema da Retomada, quando o setor audiovisual se reergueu a partir da promulgação de leis de incentivo e fomento às produções cinematográficas após uma forte crise e estagnação nos anos 1990. Hoje, depois de 25 anos, o cinema nacional tenta um novo momento de retomada, sobretudo após a pandemia de Covid-19, apesar de um cenário desfavorável. Até o mês de agosto, por exemplo, menos de 1% dos ingressos vendidos nos cinemas brasileiros foi para a exibição de uma produção nacional e, para que essa nova retomada seja possível, Simone conta novamente com o auxílio do governo e novas leis de incentivo.

"Queremos ver um cinema nacional forte novamente. Para isso, a retomada do investimento em cinema pelo governo foi fundamental. É importante termos políticas considerando o cinema como a indústria forte que é. Além disso, precisamos ter a volta da cota de tela para dar ao público a escolha de se ver nas telas. Para os próximos 25 anos queremos ver o cinema nacional ocupando todas as telas com filmes relevantes de todos os gêneros", afirmou.

A head da Globo Filmes, inclusive, lembra com carinho de grandes sucessos da empresa para projetar um futuro próspero e força das produções nacionais. Em 2003,por exemplo, o market share do cinema nacional alcançou 21,4%, enquanto 2019 foi o ano de lançamento de Minha Mãe É Uma Peça 3, grande sucesso que levou mais de 11 milhões de espectadores aos cinemas. "2003 foi um ano em que tivemos 22 milhões de espectadores assistindo filmes nacionais e três filmes no Top 10 do cinema, todos coproduções Globo Filmes. Outro marco que valeria pontuar foi o ano de 2019, em que lançamos, entre outros filmes, Minha Mãe É Uma Peça 3 e Bacurau, alcançando sucesso de público, crítica e premiado no Festival de Cannes".

Para evidenciar as salas de cinema e a produção nacional como uma das prioridades da Globo Filmes, estão previstas 30 estreias para 2024 e há mais de 30 projetos em fase de desenvolvimento, além de mais de 10 lançamentos que vão chegar aos cinemas ainda em 2023. Entre as produções que serão lançadas neste ano destacam-se Mussum – O Filmis, de Silvio Guindane; Meu Nome É Gal, de Dandara Ferreira e Lô Politi; Tá Escrito, de Matheus Souza; Ó Paí, Ó 2, de Viviane Ferreira; Aumenta que é Rock and Roll, de Tomás Portella; Pedágio, de Carolina Markowicz; Tô de Graça - O Filme, de César Rodrigues; e os documentários Othelo, o Grande, de Lucas H. Rossi dos Santos; e Nelson Pereira dos Santos - Uma Vida de Cinema, de Aída Marques e Ivelise Ferreira.

Todas essas novas produções, destaca Simone, são norteadas por dados e pesquisas que buscam potencializar os lançamentos em uma busca constante para entender o novo consumidor e atrair o público para as salas de cinema. No segundo semestre deste ano, inclusive, foi feita uma pesquisa qualitativa sobre hábitos de consumo do espectador de cinema, com o Instituto Casa Mundo, que será apresentada para o mercado durante o Festival do Rio. Além disso, todo o processo de marketing e divulgação é destacado como algo essencial para o sucesso de um filme.

"Até o filme ficar pronto, trabalhamos em diversas frentes. Respeitamos a autoralidade, logo, nosso time de conteúdo atua em parceria com diretores e roteiristas durante o desenvolvimentos dos filmes para alcançarmos um produto forte. Nossa relação com os distribuidores e produtores também é feita diretamente pelo time de marketing. Em conjunto, buscamos garantir a melhor divulgação e alcance para os filmes, com grandes campanhas nas plataformas Globo, utilizando-se de todo ecossistema Globo para esta divulgação (spots na tv aberta, payTv, DAI, cross media no jornalismo e entretenimento da Globo e canais fechados, podcasts, etc)", finalizou.

Comemoração dos 25 anos

Para celebrar os 25 anos da Globo Filmes, um filme narrado pelo ator Aílton Graça vai trazer uma releitura de 25 cartazes de grandes longas-metragens que carregam o selo Globo Filmes, feitos por 25 artistas plásticos de todo o Brasil. "Nós só poderíamos fazer isso de um jeito moderno, com linguagem digital e pensamento alinhado com uma nova geração do público. Reapresentamos algumas das obras de maior sucesso através da releitura dos cartazes de 25 filmes por 25 artistas diversos. Esse encantamento provoca a curiosidade por uma marca tão conectada à sétima arte. A Globo Filmes, que há 25 anos é uma das principais responsáveis pela valorização da indústria do cinema nacional, faz questão de continuar colaborando para o engrandecimento da nossa cultura", explicou Alexandre "Nego Lee" Popoviski, gerente sênior de criação da Globo.

A Globo Filmes também vai marcar presença e terá programações em eventos importantes como Festival do Rio, com 15 longas-metragens indicados em diversas categorias da Première Brasil; Vibra Open Air, e outros festivais até o final do ano.  

O Auto da Compadecida será a atração de encerramento do Vibra Open Air, maior cinema a céu aberto do mundo, que acontece no Jockey Club, no Rio de Janeiro, de 4 e 22 de outubro. O público assistirá ainda a trechos inéditos de Grande Sertão, de Guel Arraes, previsto para estrear em 2024.

Confira a íntegra da entrevista com Simone Oliveira:

O que representa para vocês a celebração destes 25 anos de trajetória?

São 25 anos de uma trajetória marcada por grandes parcerias com produtores, distribuidores e talentos, que buscam fortalecer o cinema nacional e mostrar nas telas a perspectiva brasileira. Estamos celebrando a força das nossas histórias, plurais e diversas e reafirmando o compromisso de seguirmos investindo em filmes que mostrem o Brasil nas telas e reflitam a nossa diversidade como povo.

O que destacaria entre os marcos destes anos de atuação da Globo Filmes?

Um ponto de destaque nestes 25 anos é a variedade da nossa filmografia, de recordistas de bilheteria, a sucessos de público e crítica, passando por longas premiados em grandes festivais.

Dentre marcos históricos, que queremos conquistar novamente, eu citaria o ano de 2003, em que o market share do nosso cinema alcançou 21,4%. Foi um ano em que tivemos 22 milhões de espectadores assistindo filmes nacionais e 3 filmes no Top 10 do cinema, todos coproduções Globo Filmes.

Outro marco que valeria pontuar foi o ano de 2019, em que lançamos, entre outros filmes, Minha Mãe é uma Peça 3 (com mais de 11 milhões de espectadores) e Bacurau, alcançando sucesso de público, crítica e premiado no Festival de Cannes.

A Globo Filmes é uma das grandes apoiadoras do cinema, qual a importância de fortalecer esta frente e quais foram e estão sendo os principais desafios quanto a isso?

A Globo Filmes tem como missão potencializar os lançamentos de filmes coproduzidos como o foco principal a janela do cinema. Nossa especialidade é o formato longa- metragem e a parceria com produtoras independentes e distribuidores. Essa é a potência do nosso trabalho e a nossa missão.

Temos o desafio de fazer o público voltar a assistir ao filme brasileiro nos cinemas e estamos trabalhando nisto, não apenas no conteúdo e pesquisas, mas também na divulgação. Além disto, acreditamos que as janelas se complementam. Acreditamos também que a presença das coproduções em todas as janelas – TV aberta, TV por assinatura e no streaming – contribui para esse fortalecimento e para a formação de público para o cinema nacional. É um círculo virtuoso, quando as janelas são programadas de forma estratégica.

O ecossistema da Globo é um trunfo que temos a nosso favor. Acreditamos que toda a potência de repercussão e alcance dos canais Globo e Globoplay contribui para que o cinema nacional se fortaleça.

O que é o cinema nacional para vocês?

Cinema brasileiro é o espelho do Brasil, essencial para formação da cultura e identidade de um povo, e que precisa refletir essa diversidade cultural e social do Brasil. Além disso, o cinema é essencial para a formação da memória. E não menos importante, é uma maneira de levar diversão e afeto ao público.

A indústria de cinema passou por grandes transformações ao longo destes anos, como a Globo Filmes se posiciona diante delas?

A pandemia atingiu todos os setores e com o cinema não foi diferente. Franquias e blockbusters também estão em constante inovação, principalmente para cativar a atenção das novas gerações, cada vez mais hiperconectadas e presentes no cinema. O que temos visto é que não há garantia de sucesso. Precisamos dialogar com as temáticas de hoje, da atualidade. A nostalgia também tem atraído o público, assim como as adaptações. O conteúdo precisa estar interligado a campanhas cada vez mais originais para também impactar o público das redes. Assim, nossa mensagem poderá ser amplificada.

Na Globo Filmes, temos nos aprofundado em dados e pesquisas para pautar nossas escolhas e potencializar lançamentos, uma busca constante para entender o novo consumidor e trabalhar de forma estratégica e integrada para trazer o desejo de assistir a filmes brasileiros nos cinemas.

Nesse 2º semestre, fizemos uma pesquisa qualitativa sobre hábitos de consumo do espectador de cinema, com o Instituto Casa Mundo, e vamos apresentar a pesquisa para o mercado durante o Festival do Rio.

Até o filme ficar pronto, trabalhamos em diversas frentes. Respeitamos a autoralidade, logo, nosso time de conteúdo atua em parceria com diretores e roteiristas durante o desenvolvimentos dos filmes para alcançarmos um produto forte. Nossa relação com os distribuidores e produtores também é feita diretamente pelo time de marketing. Em conjunto, buscamos garantir a melhor divulgação e alcance para os filmes, com grandes campanhas nas plataformas Globo, utilizando-se de todo ecossistema Globo para esta divulgação (spots na tv aberta, payTv, DAI, cross media no jornalismo e entretenimento da Globo e canais fechados, podcasts, etc). Ao mesmo tempo, fazemos provocações aos cineastas parceiros para coproduzirmos filmes que estejam em sintonia com nosso tempo e gere identificação.

Quais são os objetivos daqui para a frente e as perspectivas para o futuro?

Queremos ver um cinema nacional forte novamente. Para isso, a retomada do investimento em cinema pelo governo foi fundamental. É importante termos políticas considerando o cinema como a indústria forte que é. Além disso, precisamos ter a volta da cota de tela para dar ao público a escolha de se ver nas telas. Para os próximos 25 anos queremos ver o cinema nacional ocupando todas as telas com filmes relevantes de todos os gêneros.

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