20 Setembro 2023 | Yuri Codogno
"Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você" resgata bastidores das gravações de um dos maiores clássicos da MPB
Documentário entra em cartaz amanhã (21) nos cinemas de todo o Brasil
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Em 1974, Elis Regina e Tom Jobim, dois dos maiores ícones musicais que o Brasil já produziu, se encontraram para realizar a gravação do álbum Elis & Tom, que ficou eternizado para os fãs da música popular brasileira. E agora, mais de 50 anos depois, os bastidores desse momento são contados através do documentário Elis & Tom, Só Tinha De Ser Com Você (O2 Play), produção da Rinoceronte Entretenimento que entra amanhã (21) em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.
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A ideia do filme, entretanto, é antiga, como explicou Roberto de Oliveira, ex-empresário de Elis e diretor e roteirista do filme, em entrevista ao Portal Exibidor: ”A gente estava procurando um grande evento para melhorar o prestígio da Elis, porque ela estava recebendo críticas em função de projetos feitos, e achamos que precisava de um evento para dar um up. Então fizemos um encontro com o Tom lá em Los Angeles e gravamos um disco que se tornou icônico. Quando eu estava lá, resolvi captar as imagens desse encontro, porque eu achava que era um encontro histórico, e aí montei uma equipe lá em Los Angeles e captei o material que foi transformado agora nesse filme”.
Roberto também explicou que o material de origem usado na construção do longa estava muito fragmentado, visto que a captação de imagens não foram planejadas com antecedência. Por essa razão, montar o filme foi um desafio por si só. Nelson Motta, que também assina o roteiro, complementou dizendo que a própria roteirização foi uma das maiores dificuldades do filme.
Como o empresário esteve presente durante a gravação do disco, os dois roteiristas chegaram num consenso de que o ideal seria contar a história a partir da perspectiva de Roberto. “Eu tinha algumas ideias e sugestões iniciais, especialmente sobre a história de amor e ódio dos dois, harmonizada pela música. Mas logo que iniciou a montagem, o Roberto viu que a melhor forma era contar ele mesmo, como testemunha privilegiada, o que aconteceu em Los Angeles durante a gravação do disco, costurando as entrevistas com André Midani, com Menescal, comigo, com Hélio Delmiro, testemunhos importantes”, contou Nelson.
Para o filme ficar pronto, a finalização levou quatro anos, além das décadas que separam os lançamentos de ambas as obras. Mas, na visão dos autores, esse distanciamento temporal entre as produções fizeram bem à história do longa, porque possibilitou enxergar com clareza tudo o que aconteceu em Los Angeles, sem contar que o tempo colocou o disco em um patamar que ajuda a alavancar o potencial sucesso do documentário.
Elis & Tom, Só Tinha De Ser Com Você recebeu o Prêmio da Crítica na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo do ano passado, também recebendo destaque do público que teve a oportunidade de assistir ao filme um ano antes de seu lançamento comercial. Agora oficialmente entrando em cartaz, Roberto acredita que o público irá perceber através do longa como atualmente a música, seja ela qual for, é enxergada de maneira diferente do que no passado.
“Sem saudosismo, obviamente, mas aquele era um momento muito importante da música, que tinha um outro papel. Hoje, ela tem um papel diferente, é mais utilitária, para transmitir ideias, reunir pessoas, trazer gente para defender determinadas posições. Naquela época, as pessoas enxergavam o resultado no resultado artístico da obra, ou seja, intrínseco da obra. Hoje, mudou-se a função da canção, embora ela continue muito interessante. Nem pior e nem melhor, apenas diferente. Quem quer ver um tipo de música em que o interesse na concepção da obra era diferente, vale a pena assistir para conhecer a música dessa época e a música de um Brasil vencedor, de um país que estava produzindo a bossa nova, a arquitetura brasileira e coisas que nos enchiam de orgulho. Eu acho que vale a pena rever esse momento”, explicou Roberto.
Vale também destacar que Elis & Tom está chegando aos cinemas em um momento de retomada do audiovisual nacional, algo que Roberto vê como uma oportunidade, principalmente para quem não viveu os anos 1970, conhecer o trabalho que era feito, especialmente porque era muito sofisticado e bonito. Nelson Motta aproveitou para completar: ”Ver Elis Regina e Tom Jobim cantando e tocando, brigando e se amando em tela grande, com som surround, é uma experiência única”.
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