20 Setembro 2023 | Entrevista: Renata Vomero
Diamond Films celebra 10 anos no Brasil: “O público tem novos comportamentos e o óbvio de antes não se aplica mais”
Celebrando 10 anos de atuação no Brasil, Diamond Films é a maior distribuidora independente da América Latina e uma das homenageadas da Expocine 2023
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Em 2023 a Diamond Films celebra 10 anos de atuação no Brasil e aposta em um futuro de cada vez mais sucesso ao realizar mudanças internas que visam trazer ganho de eficiência e melhora no planejamento. Para 2024, por exemplo, a distribuidora pretende investir pesado em seu line-up para buscar o melhor que há disponível no mercado e, por enquanto, já estão previstos entre 25 e 30 filmes no próximo ano.
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Essa história de sucesso começou em 2013 quando o grupo Telefilms resolveu expandir o negócio que começou na Argentina para o Brasil também, fixando uma sede no Rio de Janeiro, embora atualmente esteja em São Paulo. Hoje, a Diamond é considerada a maior distribuidora independente da América Latina e atua na Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e México, além de Brasil e Argentina. Ricardo Costianovsky e o Tomas Darcyl, que são diretores do grupo, relembraram o início da trajetória em terras brasileiras em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor.
"Acompanhamos o mercado cinematográfico brasileiro e sempre soubemos do seu grande potencial. Iniciamos nossas operações no Brasil em 2013, já com um line-up muito forte, incluindo produções renomadas e alguns dos melhores títulos independentes do mercado internacional como Dragon Ball Z - A Batalha dos Deuses. Tivemos grande apoio do mercado, que reconheceu a excelência do nosso trabalho e nos ajudou a estabelecer a Diamond Films não só como a maior distribuidora independente da América Latina como também uma referência na distribuição de filmes independentes no país", afirmaram.
Esses 10 anos de trabalho renderam resultados expressivos para a Diamond Films que, com Órfã 2: A Origem, por exemplo, conseguiu o maior resultado de bilheteria de sua história ao levar 2,1 milhões de pessoas aos cinemas. Além disso, Os Oito Odiados, lançado em 2016, também levou 712,5 mil pessoas para a frente das telonas e, mais recentemente, o terror Fale Comigo atingiu o marco de mais de meio milhão de espectadores em menos de duas semanas em cartaz.
Outra prova desse sucesso é o fato de nos últimos sete anos, quatro dos filmes que venceram o Oscar de Melhor Filme terem sido distribuídos pela Diamond Films nos cinemas brasileiros: Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, No Ritmo do Coração, Greenbook e Moonlight: Sob a Luz do Luar.
Mas, apesar do comprovado sucesso, Costianovsky e Darcyl também destacam que a distribuição de filmes independentes nas salas de cinemas brasileiros ainda é um grande desafio, especialmente em comparação com grandes títulos de major. Além disso, o próprio momento de tentativa de retomada dos cinemas após a pandemia de Covid-19 se coloca como mais um desafio dentro do mercado audiovisual.
Vinicius Pagin, diretor geral da Diamond Films no Brasil, também concedeu entrevista ao Portal Exibidor e reforçou as dificuldades enfrentadas pelo mercado independente. Enquanto esse mercado já representou 33% da indústria no ano de 2013, dados atualizados até 7 de setembro de 2023 mostram que hoje o número está restrito a pouco mais de 9%. Ele ainda destacou que o trabalho é dificultado por um número muito grande de títulos disponíveis para os exibidores, mas em um número reduzido de salas de exibição, além da própria mudança de comportamento do público, ao qual a Diamond tenta se adaptar.
"O mercado de cinema se renova constantemente e é necessário levar em conta os novos comportamentos do público, que procura cada vez mais não apenas conteúdos de qualidade, mas histórias com temáticas relevantes e que se conectem com seus interesses. A cultura pop não tem mais fronteiras, nem idioma preferido. Conteúdos diferentes geram cada vez mais curiosidade e o óbvio de antes, não se aplica mais", ponderou.
Mas, apesar das dificuldades enfrentadas no caminho, Pagin destaca que a Diamond busca sempre se atualizar diante das mudanças, apostando em títulos diferenciados e também em inovações nas estratégias de lançamento para que os consumidores possam retomar o hábito de irem aos cinemas e tenham a oportunidade de viver essa experiência. Prova disso, é que o diretor enxerga o momento como positivo para a distribuidora apesar de todas dificuldades enfrentadas pelo mercado atualmente.
"O momento é muito positivo. Tivemos um excelente ano de 2022 e 2023 também aponta para números consistentes. Além disso, as mudanças internas começam a tomar forma, trazendo ganho de eficiência e melhora no planejamento. Enquanto isso, a empresa tem investido cada vez mais em seu line-up, buscando o melhor que há disponível no mercado. Estão previstos entre 25 e 30 filmes para 2024, títulos que já estão prontos ou em pós-produção e não devem sofrer nenhum atraso em razão das greves que estão impactando Hollywood", encerrou.
Confira a entrevista completa:
Como foi o processo de trazer a Diamond Films para o Brasil?
Ricardo Costianovsky e Tomas Darcyl: Acompanhamos o mercado cinematográfico brasileiro e sempre soubemos do seu grande potencial. Iniciamos nossas operações no Brasil em 2013, já com um line-up muito forte, incluindo produções renomadas e alguns dos melhores títulos independentes do mercado internacional como “Dragon Ball Z - A Batalha dos Deuses”.
Nosso comprometimento com o público e com o mercado exibidor para trazer para o país filmes de alta qualidade, somado à crescente demanda por bons títulos que levem diferentes públicos para a sala de cinema, resultou em uma trajetória de sucesso nesses últimos 10 anos. Desde o início, tivemos grande apoio do mercado, que reconheceu a excelência do nosso trabalho e nos ajudou a estabelecer a Diamond Films não só como a maior distribuidora independente da América Latina como também uma referência na distribuição de filmes independentes no país.
Este ano vocês completam 10 anos no país, como avaliam essa trajetória?
Ricardo Costianovsky e Tomas Darcyl: Trilhamos uma trajetória de sucesso no Brasil e conquistamos um espaço consolidado no mercado independente brasileiro. Trabalhamos intensamente nestes 10 anos para fomentar o mercado e entreter o público, apostando em títulos diversos tanto em gênero como temática, e filmes renomados e premiados. Nos dedicamos para proporcionar ao público e aos exibidores as melhores produções, e para levar cada vez mais pessoas para as salas de cinemas.
Quais foram os principais desafios e marcos neste período?
Ricardo Costianovsky e Tomas Darcyl: A distribuição de filmes independentes nas salas de cinema é um desafio constante, especialmente em comparação com grandes títulos de majors. Nosso trabalho se mostrou ainda mais desafiador com a pandemia e agora com a tentativa de recuperação do mercado. A Diamond Films viveu uma grande transformação na indústria do entretenimento, e seguimos nos adaptando e nos atualizando para aproveitar cada oportunidade. Estamos sempre atentos aos diferentes cenários do mercado e nossa ousadia e dinamismo nos ajudaram a continuar conquistando marcos importantes no período.
O resultado disso são diversos sucessos de bilheteria, como “Órfã 2: A Origem”, o maior resultado da história da Diamond Films, com 2,1 milhões em público; “Destruição Final - O Último Refúgio”, que foi lançado em novembro de 2020 e teve um papel muito importante na retomada do cinema, com mais de 370 mil em público; “Os Oito Odiados”, em 2016, com 712,5 mil em público; e mais recentemente o terror “Fale Comigo”, que atingiu o marco de mais de meio milhão em público em menos de duas semanas em cartaz.
Além disso, deixamos um destaque especial para as premiações: nos últimos sete anos, quatro dos filmes que venceram o Oscar de Melhor Filme foram distribuídos pela Diamond Films nos cinemas brasileiros (“Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, “No Ritmo do Coração”, “Greenbook” e “Moonlight: Sob a Luz do Luar”). E, pelo segundo ano consecutivo, os vencedores da Palma de Ouro e do prêmio de Melhor Direção em Cannes também são da Diamond Films no Brasil. São diversos títulos que ganharam destaque nos principais eventos de cinema do mundo, como o Festival de Cannes, Festival de Berlim, Festival de Veneza e o Festival de Toronto.
O mercado se transformou de forma acelerada nesta última década, como vocês observam as mudanças da indústria e como a Diamond se posicionou diante delas?
Vinicius Pagin: O mercado independente, incluindo os nacionais, que já representou 33% da indústria (em 2013), está hoje restrito a pouco mais de 9% (dados até 7 de setembro). A indústria está mais voraz e os filmes muito mais perecíveis por causa do aumento significativo na quantidade de títulos disponíveis para o exibidor, mas em um mercado que tem poucas salas de exibição e que não cresce. No entanto, nós acreditamos que este contexto ainda faz parte da recuperação e construção de um mercado cada vez mais consolidado e somos otimistas.
O mercado de cinema se renova constantemente e é necessário levar em conta os novos comportamentos do público, que procura cada vez mais não apenas conteúdos de qualidade, mas histórias com temáticas relevantes e que se conectem com seus interesses. A cultura pop não tem mais fronteiras, nem idioma preferido. Conteúdos diferentes geram cada vez mais curiosidade e o óbvio de antes, não se aplica mais.
Nós estamos prontos e participamos desse movimento ativamente porque somos ousados e apostamos em títulos diversos, comentados, premiados e/ou em evidência de alguma forma nos mercados internacionais, criando awareness e interesse do público potencial em conhecer diferentes histórias. Além disso, temos a intenção de sempre inovar - desde o tema abordado, passando por aposta em novos talentos, como o case dos diretores de Fale Comigo, até estratégias de lançamento criativas e assertivas - queremos entregar algo diferente para o público e o mercado.
É ótimo ver como os exibidores também estão cada vez mais abertos a parcerias que impactam nosso mercado e contribuem com a volta do público para as salas de cinema. Ações como a Semana do Cinema são um exemplo desse comprometimento. Sabemos que assistir um filme nas telonas é uma experiência única e queremos continuar pensando juntos para criar oportunidades para que os consumidores retomem o hábito de ver filmes nos cinemas.
Como vocês descreveriam o momento atual de vocês e quais são as perspectivas para o futuro?
Vinicius Pagin: O momento é muito positivo. Tivemos um excelente ano de 2022 e 2023 também aponta para números consistentes. Além disso, as mudanças internas começam a tomar forma, trazendo ganho de eficiência e melhora no planejamento. Enquanto isso, a empresa tem investido cada vez mais em seu line up, buscando o melhor que há disponível no mercado. Estão previstos entre 25 e 30 filmes para 2024, títulos que já estão prontos ou em pós-produção e não devem sofrer nenhum atraso em razão das greves que estão impactando Hollywood.
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