15 Setembro 2023 | Renata Vomero

Projeto Paradiso comemora mil horas de multiplicação, faz balanço da atuação e projeta o futuro

Com quatro anos de fundação, Paradiso se consolida como um dos principais apoiadores dos realizadores brasileiros

Criado em 2019, o Projeto Paradiso, iniciativa filantrópica do Instituto Olga Rabinovich, se fortifica frente ao objetivo de apoiar os realizadores brasileiros em iniciativas de formação, capacitação, cursos, mentorias e tudo isso com importante foco na internacionalização. Com quatro anos de tanto trabalho e em plena pandemia, a organização celebra uma importante marca: Mil horas de multiplicação.

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O Paradiso Multiplica é um projeto no qual os integrantes contemplados por bolsas ou outros programas da casa devem, como contrapartida, horas que podem ser doadas em mentorias, oficinas, participação em júris, cursos, ouvintes de pitching, consultorias, entre outras diversas opções. Ou seja, é uma forma de retornar parte do conhecimento adquirido por meio das experiências possibilitadas pelo Projeto Paradiso.

“É uma alegria enorme, é nosso grande xodó. Cada contrato que fechamos com um bolsista está lá, o que ele recebeu, e quantas horas de contrapartida ele nos doa, assim como a gente está doando para ele. Desde 2019 começamos com isso, mas ganhou corpo no final de 2020, que foi quando tínhamos os talentos na rede e começamos a criar as ações de multiplicação. A gente contabiliza as horas desses talentos todos, é um programa que atingiu todas as regiões do Brasil e temos como meta chegar ao final de 2023 com todos os estados pintados, que receberam multiplicação e formação”, contou Rachel do Valle, Diretora do Projeto Paradiso, em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor.

Gentilmente, a organização compartilhou conosco alguns dados exclusivos referentes a essas horas de multiplicação, que já alcançaram 5,1 mil pessoas, inclusive. Foram 132 talentos envolvidos, tanto da Rede Paradiso de Talentos, quanto do Brasil no Mundo, envolvendo mais de 60 parceiros. As multiplicações contemplaram 21 estados e 25 cidades, representando 62% de ações no Sudeste; 13,3% no Nordeste; 12,6% no Sul; 1,5% no Norte, e 1,5% a nível nacional. Ao todo, foram 51 Masterclasses/Palestras; 60 Mentorias/Consultorias; 17 Júris/Bancas de pitching, e 15 Workshops.

E esse marco não é o único motivo de celebração do Projeto Paradiso, já que há mais de 170 profissionais integrando a rede de talentos e cada vez mais realizadores sendo contemplados pelo apoio do programa Brasil no Mundo, com foco na internacionalização do nosso cinema, e pelos programas de bolsas. Com isso, a organização se vê cada vez mais atuante no apoio aos cineastas brasileiros e, como consequência, da indústria nacional como um todo.

“Esses dois programas, o de bolsas, que é a nossa espinha dorsal, e o Brasil no Mundo, foram os que mais cresceram. Todos são voltados pensando na internacionalização, tudo procura isso”, comentou Rachel.

Entre alguns destaques está a ampliação da participação brasileira em diversos festivais e programas ao redor do mundo, incluindo o Desde Lá Raiz, residência colombiana com foco na promoção de roteiristas indígenas e negros, que passou a fazer parte da parceria com o Paradiso recentemente.

Outro ponto que merece atenção é o WIP, único que inclui investimento financeiro para algum ponto da produção – no caso a finalização –, com parcerias com quatro grandes festivais, sendo eles o Ventana Sur, Toulouse, San Sebastian e Guadalajara.  

E mesmo não tendo um programa voltado ao financiamento de produções, ainda assim, o Projeto Paradiso lançou o Show Me The Fund, um mapeamento atualizado constantemente com os principais fundos globais para produções internacionais. Este é, ainda, um gargalo importante na indústria, bem como a formação e capacitação.

Também com grande robustez está a Incubadora Paradiso, na promoção de roteiristas em projetos de longa-metragem. Neste ano, pela primeira vez, profissionais da rede de talentos poderão se inscrever na incubadora.

“A gente está muito feliz este ano que, após quatro anos de criação da incubadora, os dois primeiros longas serão filmados agora em 2023, para nós é uma emoção que no ano que vem poderemos provavelmente ver esses filmes em algum festival ou alguma ação, talvez em 2025 serão lançados em salas de cinema no Brasil”.

Com diversos projetos impulsionados pela casa e chegando forte nos festivais internacionais, com destaque para Marte Um, escolhido no ano passado para representar o Brasil no Oscar deste ano, e Estranho Caminho, que ficou entre os seis finalistas entre os candidatos deste ano para a edição de 2024 da premiação, a ideia é crescer cada vez mais, mostrando a força do cinema nacional nestes espaços, que envolvem tamanha concorrência.

“É muito bacana de ver que quando o filme brasileiro passa essa peneira, que é difícil, já que são muitos filmes, ele chega, ganha e leva prêmios”, destacou a diretora. Estranho Caminho foi o grande vencedor neste ano em Tribeca, inclusive.

Diante disso, próximos de completar cinco anos de criação, o Projeto Paradiso quer fortalecer ainda mais o apoio aos realizadores brasileiros, consolidando mais pontes e conexões, e garantindo maior presença brasileira no exterior.

“Fizemos uma avaliação e pensamos que ano que vem fazemos cinco anos e agora estamos pensando em novos programas e novas bolsas, queremos manter as parcerias e o que está dando certo, mas também procurar diversificar, então, trazer bolsas e apoios inéditos. Então, estamos muito empolgados.”, disse Rachel e completou: “Queremos continuar fazendo cada vez mais com a ajuda do mercado e agora cada vez mais com os profissionais da rede. Sempre fomos muito felizes porque o mercado esteve ao nosso lado, nos olham como parceiros da indústria, temos muita troca. E isso é muito positivo para a evolução do Projeto Paradiso mesmo”.

Confira o vídeo especial preparado pelo Projeto Paradiso para o comemorar as mil horas do Multiplica: