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23 Agosto 2023 | Yuri Codogno

"O Porteiro" homenageia "Minha Mãe é Uma Peça" e abre sequência de grandes lançamentos nacionais

Marcos Scherer, presidente da Imagem Filmes, falou sobre a campanha do filme e do atual momento do audiovisual brasileiro

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(Foto: Divulgação)

Programado para entrar em cartaz no dia 31 de agosto, O Porteiro (Imagem Filmes) é um dos filmes nacionais mais aguardados no ano, especialmente por trazer um tom de comédia que a população brasileira costuma consumir bastante, semelhante a Minha Mãe é Uma Peça. O Portal Exibidor conversou com Marcos Scherer, presidente da Imagem Filmes, sobre a campanha de lançamento e também a respeito de um panorama geral de como o cinema nacional se encontra nesse momento. 

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“O Porteiro é enquadrado muito em filme de família e cobre todas as faixas etárias. O filme teve tempo de fazer várias cabine-testes e com elas fomos fazendo correções até chegar na versão que vamos lançar. E essa última versão deu resultados de aceitação muito altos, de praticamente uma média nove (de dez) na pesquisa qualitativa. A partir do momento que consideramos ter um bom produto, achamos que precisamos investir e tentar dar disposição, pois tem realmente uma campanha gigante”, comentou Marcos. 

A campanha do filme, aliás, tem recebido bastante atenção da distribuidora, com reportagem dentro do Fantástico, investimento junto a exibidores com materiais, OOH, e por aí vai. Mas o que chama bastante atenção, com potencial para atrair público pela similaridade, é o próprio universo de O Porteiro, que traz um tom muito próximo à franquia Minha Mãe é Uma Peça, maior arrecadação da história do cinema nacional. 

Vai ter uma cena de homenagem a Minha Mãe é Uma Peça e O Porteiro é muito no mesmo gênero, de família, dia a dia… um ambiente de portaria de prédio é um ambiente muito abrangente. Depois de quem mora dentro da tua casa, a segunda pessoa que mais sabe da tua vida é o porteiro. Sabe mais do que a tua mãe e os teus irmãos que moram longe. Mas o filme levou para o lado família, esse vínculo muito parecido com Minha Mãe fez a gente fazer essa cena de homenagem a Dona Hermínia”, explicou Marcos. 

Entretanto, o executivo ressaltou como o momento do audiovisual nacional ainda é complicado, dificultando a captação de público para as produções brasileiras: “A ausência do público nacional ainda é um dos fatores que está causando a nossa queda em relação a 2019, então é onde podemos ter um crescimento e cobrir um pouco esse essa diferença que ainda tem, começando essa recuperação para em 2024 voltarmos a patamares pelo menos iguais a 2019. Sem o filme nacional não vamos conseguir fazer isso”.

Na visão de Marcos, a questão é convencer o público a voltar, não conquistar um novo. Até 2019, havia bons números para o cinema nacional, com vários filmes por ano vendendo entre um milhão e dois milhões de ingressos. Mas com a pandemia e a ausência de fomento, que impactaram negativamente a produção nacional, além da mudança de costumes, com mais concorrência e os espectadores consumindo principalmente SVOD, a solução pode estar em oferecer conteúdos melhores e aumentar a eficiência na divulgação e oferta.  

“Esse público não é um público assíduo; o público do cinema nacional é um pouco fora do normal do filme internacional. Então ele realmente faz falta, ele é uma perda. Não é que ele deixou de ver o nacional e foi ver o internacional - essa porcentagem de migração é pequena. Acho que a grande exposição é ir falando do assunto, mostrando que existem conteúdos nacionais de relevância sendo lançados”, explicou Marcos. 

Outro ponto é a diferença entre o mercado atual e o pré-pandêmico. Até 2019, existiam algumas limitações na exploração econômica do filme depois que saía do cinema, algo que no momento foi convertido a um leque de novas opções e isso gera receitas que não existiam antes. Além disso, a Ancine tem trabalhado bastante, segundo Marcos, e ajudado na comercialização, com títulos que recebem auxílio superior a R$ 5 milhões para comercialização, além de muitas vezes estarem entrando com metade do valor de produção, diminuindo os riscos. 

E visando continuar nessa crescente e aumentar o público nacional, O Porteiro chega em um momento ideal. Ele é o primeiro de uma leva importante de filmes brasileiros que a Imagem vai distribuir até janeiro de 2024. Na sequência, tem Uma Fada Veio me Visitar, que marca o retorno de Xuxa às telonas, seguido por Apaixonada, protagonizado por Giovanna Antonelli, e depois tem Turma da Mônica Jovem e, por último, Mamonas Assassinas. 

O executivo também ressaltou produções de outras distribuidoras que, somadas, ajudarão muito na retomada do cinema nacional. Até março do ano que vem, a previsão é de que tenha ao menos um grande lançamento brasileiro por mês - e com outras novidades que podem ser anunciadas até lá. 

“Isso, casado com campanhas de marketing e mídias agressivas - e acho que vai virar uma tendência de as campanhas dos nacionais estarem equivalentes ao internacional, porque o mercado é bom -, vai dar essa exposição para que esse número volte a crescer e a gente volte a ocupar esse espaço do cinema nacional. O exibidor tem a tendência de apostar junto: dá espaço e dá as sessões que os filmes merecem. Todos têm essa preocupação de voltar a ter um share de filmes nacionais dentro de uma normalidade e entramos aí, a partir de O Porteiro, numa recuperação desse espaço”, comemorou Marcos. 

Em um panorama mais amplo, o presidente da Imagem Filmes admitiu, entretanto, que ainda há uma dificuldade de entender a relação entre investimento e retorno nos filmes nacionais e no trabalho de convencer as pessoas a entrar nas salas de cinema, pois campanha de marketing, mesmo com os auxílios, é algo caro. Para voltar aos patamares pré-pandêmicos, ainda falta recuperar cerca de 30% do público. 

“É um processo, a gente sabe vai se recuperando e em alguns meses acho que normaliza, mais na virada do ano. Mas precisa trazer esse nacional, porque o que está mais distante de tudo são os nacionais, que realmente os números são muito baixos. Cinema é uma coisa de hábito e continuidade: tu vai, vai e vai e, quando começa a ver, está indo mais vezes”, concluiu. 

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