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18 Agosto 2023 | Redação Exibidor

Apenas 38,5% das produtoras brasileiras estão ativas e Ancine aportou R$ 1,8 bilhão ao audiovisual em 2022

Market share dos filmes brasileiros em 2023 é o pior desde 2012, com apenas 1,43% de público para as produções nacionais no cinema

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(Foto: Reprodução)

A Ancine apresentou um panorama do setor audiovisual brasileiro durante o 51º Festival de Gramado e, apesar de os investimentos estarem acontecendo, as produções nacionais ainda estão distantes de alcançarem um patamar satisfatório dentro das salas de cinema. Atualmente há um total de 4.981 produtoras no Brasil, das quais 73,8% buscaram fomento da Ancine nos últimos sete anos mas, diante de um investimento de R$ 453,7 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual em chamadas voltadas para o cinema em 2022, apenas 1,43% do público que foi aos cinemas brasileiros em 2023 até o dia 10 de maio buscou por filmes nacionais.

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No total o Brasil possui 12.946 produtoras independentes registradas na Ancine, mas apenas 4.981 (38,5%) estão ativas, ou seja, são empresas que emitiram CPB de espaço qualificado ou buscaram fomento na Ancine nos últimos sete anos. Destas produtoras ativas a maioria possui entre 10 e 20 anos de constituição, são 2.179 (43,7%). Dentro do recorte de produtoras ativas apresentadas pelo órgão, 3.676 buscaram acessar fomento da Ancine nos últimos sete anos e a maioria delas está concentrada na região Sudeste, são 2.301 (62,53%).

Já o número de distribuidoras é um pouco inferior ao número de produtoras. Um total de 3.396 empresas possuem CNAE de distribuição na base da Ancine ou distribuíram obras lançadas no cinema. Dentro desse total de distribuidoras apenas 326 lançaram títulos no período de 2009 a 2021 e 113 delas acessaram o Fundo Setorial do Audiovisual em 2022.

Um dado preocupante apresentado pela agência é o do market share dos filmes brasileiros, uma vez que desde 2021 o percentual de público nos cinemas que acompanha uma produção nacional atingiu os piores patamares da série histórica desde 2012. Desde o início da série o percentual rondou a casa de 10%, atingindo seu pico em 2020, com um market share de 21,7% para os filmes nacionais. Mas, desde então, o percentual foi de apenas 1,74% em 2021; 4,23% em 2022 e apenas 1,43% em 2023 em dados disponibilizados até o dia 10 de maio, ou seja, o pior patamar da série.

E, apesar da baixa ocupação dos cinemas para filmes nacionais, o volume de lançamentos se mantém estável desde o início da série histórica. Em 2012 e 2013, por exemplo, foram 83 e 129 lançamentos brasileiros respectivamente, enquanto em 2021 e 2022, foram 129 e 173 filmes nacionais lançados. Durante toda a série histórica 31% dos longas produzidos foram lançados em salas de exibição e 66% das obras lançadas contaram com recursos de fomento da Ancine.

Investimentos no setor audiovisual em 2022

Além dos números de produção e distribuição apresentados pela Ancine, a agência também informou o valor investido no audiovisual brasileiro em 2022. No último ano R$ 1,8 bilhão foi aportado no setor sendo dividido da seguinte forma:

  • Fundo Setorial do Audiovisual - Chamadas voltadas para cinema: R$ 453,7 milhões
  • Fundo Setorial do Audiovisual - Chamadas voltadas para TV/VOD: R$ 200 milhões
  • Fundo Setorial do Audiovisual - Crédito para infraestrutura: R$ 390 milhões
  • Fomento Indireto - Liberações em 2022: R$ 453,5 milhões
  • Fomento Indireto - Liberações em 2023: R$ 327,5 milhões

Em 2022 houve ainda 1.402 projetos inscritos em chamadas públicas, dos quais 244 foram selecionados e, das 17 distribuidoras inscritas na Chamada de Desempenho Comercial, nove foram contempladas. Quanto aos resultados das chamadas do Fundo Setorial do Audiovisual para o cinema, os números mostram uma predominância de ficção. Enquanto na produção 72,1% das obras selecionadas foram de ficção, enquanto o restante ficou dividido em documentário (16,8%) e animação (11,1%), na comercialização o percentual de obras de ficção selecionadas sobre para 88,9%. O valor médio aportado pelo Fundo Setorial do Audiovisual foi de R$ 506 para comercialização e R$ 1,8 milhão para produção.

No total 1.018 produtoras se inscreveram nas Chamadas Públicas para cinema em 2022 e 168 delas foram selecionadas, com todas as regiões do país sendo contempladas. A região com o maior número de produtoras selecionadas foi o Sudeste, com 87, e a menor foi a região Norte, com 10 produtoras selecionadas. Das 168 produtoras contempladas, 98 são produtoras de nível 1 e 2, desmentindo a lenda de que apenas produtoras nível 5 são passíveis de acessarem os recursos das Chamadas Públicas do Fundo Setorial do Audiovisual. Ainda de acordo com a Ancine, 39 foram projetos de coprodução internacional, ou seja, 21% do total.

Ações em andamento do Fundo Setorial do Audiovisual em 2023

Atualmente há uma verba total de R$ 560 milhões em seleção para ser distribuída pela Ancine em 2023 da seguinte forma:

  • Fundo Setorial do Audiovisual - Chamadas voltadas para cinema em seleção: R$ 313 milhões
  • Fundo Setorial do Audiovisual - Chamada aberta para TV/VOD: R$ 90 milhões
  • Fundo Setorial do Audiovisual - Chamada aberta para coprodução Brasil/Portugal: R$ 1,891 milhão
  • Fundo Setorial do Audiovisual - Cinema nas cidades - apoio ao pequeno exibidor: R$ 6 milhões
  • Fundo Setorial do Audiovisual - Suplementação do crédito para infraestrutura: R$ 150 milhões

Além disso, a Ancine também anunciou uma série de aprimoramentos para as Chamadas para cinema do Fundo Setorial do Audiovisual em 2023 em relação ao ano anterior que são:

  • Teto de aporte ampliado para R$ 7,5 milhões para produção de obras;
  • Eliminação da nota mínima para classificação dos projetos para a etapa final de seleção;
  • Classificação de 3 vezes o valor da chamada destinado a cada macro região das cotas;
  • Garantia de representatividade de todas as regiões do país;
  • Comissão de Seleção formada por analistas da Ancine e profissionais do setor selecionados por edital de credenciamento;
  • Exigência da Aprovação para Captação apenas no momento da contratação do investimento.

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