17 Agosto 2023 | Redação Exibidor
Diversidade cresce em Hollywood, mas grupos LGBTQIAP+, PCDs e indígena são sub representados, aponta estudo
Pessoas trans apareceram em apenas dois filmes entre as 100 produções de maior sucesso em 2022, enquanto nenhum filme incluiu uma personagem feminina indígena
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A diversidade e a representatividade seguem como pautas centrais na indústria cinematográfica nos últimos anos e, apesar de alguns avanços em tela e também atrás das câmeras, alguns grupos seguem sendo sub representados. Apesar de o mais recente estudo da USC Annenberg Inclusion Initiative mostrar que 44% de protagonistas e co-protagonistas dos filmes de 2022 foram personagens femininas, pessoas LGBTQIAP+, PCDs e de origem indígena continuam sendo sub representadas. As informações são da Variety e do The Hollywood Reporter.
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O relatório divulgado fez uma "análise da invisibilidade" para mostrar quantos grupos estavam totalmente ausentes das produções de Hollywood. Nenhum dos 100 filmes de maior bilheteria de 2022 incluía uma personagem feminina indígena americana e poucos deles retrataram mulheres descendentes de nativos havaianos. Além disso, 70 filmes não traziam mulheres multirraciais em seu elenco, 61 não retratavam mulheres latinas, 44 não tinham mulheres asiáticas e 32 não possuíam mulheres negras. Mulheres brancas, por outro lado, estiveram ausentes em apenas sete filmes.
Quando pensamos em pessoas LGBTQIAP+, o percentual de personagens nos filmes foi de apenas 2,1% e, do total de 87 personagens LGBTQIAP+, mais da metade eram de homens, brancos e cisgêneros. Os personagens trans nos filmes atingiram seu maior número de representantes desde que a USC Annenberg Inclusion Initiative passou a fazer o recorte em 2014. Foram seis personagens em filmes de 2022, mas quatro deles de uma mesma produção, Mais Que Amigos (Universal). Os outros personagens trans apareceram no filme O Pior Vizinho do Mundo (Sony) e em Tár (Universal), em que um personagem se identifica como não-binário. Em relação a representatividade de pessoas com algum tipo de deficiência, apenas 1,9% dos personagens dos filmes pertenciam ao grupo e a maioria deles era homem (69,1%) e branca (76%).
"Quando olhamos além de gênero e raça, fica claro que os problemas de inclusão de Hollywood são ainda mais pronunciados para as comunidades LGBTQ+ e deficientes. A falta de progresso nessas áreas sugere que executivos e criadores de conteúdo estão contando com práticas que continuam a marginalizar e excluir vozes talentosas de todas as origens", disse Stacy L. Smith, fundadora da USC Annenberg Inclusion Initiative, em um comunicado.
O estudo é feito desde 2007, analisando os 100 filmes de maior bilheteria de cada ano e, desde então, 1.600 filmes e 69.858 personagens já foram catalogados. Com uma representatividade ainda longe do ideal, o grupo que mais passou a aparecer nas telonas ao longo desses anos foi o de asiáticos, que representaram 15,9% dos personagens dos filmes de 2022, sendo que o percentual era de apenas 3,4% em 2007. Mas, no geral, os personagens não-brancos permanecem ligeiramente sub representados na tela, com uma participação de 38,3% em comparação com 41,1% da população dos Estados Unidos na vida real. Em 2007, 13 dos 100 melhores filmes apresentavam um protagonista ou co-protagonista não-branco. No último ano a contagem foi de 31, um pouco abaixo do recorde de 37 filmes em 2021.
Mas, ainda que distante da velocidade ideal, é inegável que os avanços estão acontecendo. Em 2022, 19 filmes trouxeram mulheres não-brancas nos papéis principais, enquanto 44% dos filmes tiveram personagens femininas, brancas ou não, como protagonistas ou co-protagonistas. Ainda assim, as mulheres representam apenas 34,6% dos papéis com falas nos 100 filmes de maior bilheteria do último ano. Do total de filmes analisados, apenas 15 foram equilibrados em termos de gênero e papéis de fala.
"Essas tendências sugerem que qualquer melhoria para pessoas de grupos raciais e étnicos sub representados é limitada. Embora seja encorajador ver mudanças para os personagens principais e para a comunidade asiática, nossos dados sobre invisibilidade sugerem que ainda há muito mais a ser feito para garantir que a diversidade que existe na realidade seja retratada na tela", pontuou Smith.
Atrás das telas, o estudo mostrou que Hollywood ainda tem muito a evoluir também. Dos 1.600 filmes analisados ao longo dos 16 anos, apenas 88 mulheres dirigiram as produções, enquanto o número de homens diretores foi de 833. Enquanto diretores negros, asiáticos e latinos representavam 5,2%, 4,3% e 3,7% respectivamente do corpo de diretores desde 2007, suas contrapartes femininas representavam menos de 1% cada, com apenas cinco latinas dirigindo um dos 1.600 filmes: Janicza Bravo, Melina Matsoukas, Roxann Dawson, Patricia Riggen e Charise Castro Smith. No ano passado, apenas 19,5% dos diretores de 2022 (22 de 113) eram negros, e 12 deles eram homens asiáticos. "Por trás das câmeras, o progresso estagnou em grande parte, exceto um grupo. Os diretores asiáticos estão em alta em 2021 e 2022, o que pode explicar os aumentos significativos na tela relacionados aos personagens que falam asiáticos", destacaram os pesquisadores responsáveis pelo estudo.
Assim como em todos os seus relatórios, a USC Annenberg Inclusion Initiative conclui com sugestões de soluções, que este ano incluem aconselhar executivos e cineastas a reexaminarem seus processos de elenco, contratação, aprovação para financiamento e marketing. "Dada a falta de progresso em muitos pontos de dados nesta investigação, não está claro se os mesmos líderes leram ou ouviram essas sugestões. Suspeitamos que eles não leram o relatório até aqui", escreveram os autores.
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