28 Maio 2014 | Janaina Pereira, Cannes
Exibidores europeus explicam porque participar do Marchèdufilm é tão importante
Evento foi realizado de 14 a 25 de maio durante o Festival de Cannes
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Desde 1959, o MachèduFilm ocupa um espaço considerável no Festival de Cannes. Mas, a cada ano, a presença de distribuidores e exibidores aumenta, trazendo ao evento um lugar de destaque dentro do festival de cinema mais importante do mundo. Este ano o MachéduFilm contou com a participação de 117 países, entre eles Iraque, Síria e Laos, presentes no evento pela primeira vez. Os exibidores e distribuidores que estiveram em Cannes tiveram que se desdobrar para acompanhar a programação: foram oferecidos 5.200 títulos, sendo que 3.100 estão prontos.
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O número de participantes desta edição de 2014 superou os 12 mil registrados ano passado. Na análise por país, estes números são surpreendentes: a China, por exemplo, teve um crescimento de 40% em relação a 2013. A força do mercado asiático contrasta com o mercado da América Latina, que representa apenas 4% de todos os participantes.
Segundo o exibidor francês Pierre Sagony, os filmes da América Latina ainda falam de uma realidade distante dos europeus. “Os filmes asiáticos, por mais que sejam focados no universo deles, têm poesia. Os latino-americanos insistem em falar das suas mazelas, e o mercado europeu é pouco sensível a este tipo de problema”, analisa.
Para Sagony, os exibidores brasileiros também pecam em não ir ao Festival de Cannes. “Vemos poucos exibidores brasileiros aqui. A grande maioria só está interessado em blockbuster ou espera um filme ganhar prêmio para se interessar em passá-lo em seu país quando, aqui, poderia antecipar tendências mundiais’”.
O exibidor italiano Nicola Parttini explica que uma das diferenças entre a Europa e a América Latina é que, em países como o Brasil, os filmes apresentados em Cannes demoram de um a dois anos para serem exibidos. Já no continente europeu, tão logo se encerra o Festival, os filmes já chegam em circuito. “Tem filmes que vemos aqui em Cannes ou mesmo em Veneza que nem chegam a América Latina, saem direto em home vídeo. Tudo isso porque os exibidores e distribuidoras não procuram saber o que acontece fora de seu umbigo”, critica.
De acordo com o exibidor espanhol Pablo Diaz, quem não participa do MarchéduFilm fica de fora do que está acontecendo no mercado. “Vejam os filmes que estão tendo pré-lançamento aqui. Os Mercenários 3, Jogos Vorazes, todos estreiam só no segundo semestre mas deram o pontapé inicial de suas bilheterias em Cannes. Atores como Russell Crowe vieram exibir aqui os primeiros minutos de seus filmes. Cannes é referência. Toronto é importante, mas foi aqui que começou isso tudo. Quem não está neste festival, não saberá o que vai acontecer nas salas de cinema nos próximos 365 dias. Porque o ano novo cinematográfico começa em Cannes”, conclui.
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