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05 Julho 2023 | Gabryella Garcia

Oscar anuncia mudanças na elegibilidade para Melhor Filme e outras novidades

Mudança para Melhor Filme será implementada a partir da cerimônia de 2025 e deverá afetar, sobretudo, streamings, produtoras independentes e filmes estrangeiros

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(Foto: Divulgação)

O Oscar tem apresentado algumas novidades nas últimas semanas e, a principal delas, começa a valer a partir da cerimônia de 2025. Obras concorrentes na categoria de Melhor Filme deverão atender novos critérios de elegibilidade que incluem uma campanha mais longa nos cinemas e também que as produções sejam exibidas em um número maior de cidades nos Estados Unidos. Além disso, a Academia também convidou 398 novos membros para participarem das votações e o Festival HollyShorts tornou-se qualificatório para mais uma categoria do Oscar, além das três da qual já fazia parte.

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A mudança mais impactante deverá afetar, sobretudo, os planos - e também os bolsos - das plataformas de streaming, produtores independentes e distribuidores estrangeiros, em uma tentativa da Academia de valorizar filmes feitos para as telas grandes das salas de cinema em detrimento às obras feitas para as chamadas telas pequenas. Vale destacar, entretanto, que a mudança não afetará os candidatos ao Oscar da atual temporada, que terá sua cerimônia de entrega dos prêmios no dia 10 de março de 2024.

Atualmente, para um filme atender os requisitos de elegibilidade para Melhor Filme, ele precisa de uma qualificação de uma semana em um dos seis mercados aprovados dos Estados Unidos, que são Nova York, Los Angeles, São Francisco, Chicago, Miami e Atlanta, durante o período de uma semana. A partir da mudança, essas obras lançadas em 2024, deverão atender às áreas adicionais em relação ao seu lançamento nos cinemas e também durante um período maior. As novas regras incluem:

  • - Exibição nos cinemas expandida de mais sete dias, consecutivos ou não, em dez dos 50 principais mercados dos Estados Unidos, no máximo 45 dias após o lançamento inicial em 2024;
  • - para filmes do final do ano com expansão após 10 de janeiro de 2025, os distribuidores devem enviar planos de lançamento à Academia para verificação;
  • - os planos de lançamento para filmes no final do ano devem incluir uma exibição cinematográfica expandida planejada, conforme descrita acima, a ser concluída até 24 de janeiro de 2025;
  • - os lançamentos em territórios fora dos Estados Unidos poderão contar com a exibição em apenas dois dos principais mercados, e não em 10;
  • - Os mercados fora dos Estados Unidos incluem os 15 principais mercados de exibição internacionais, mais o território nacional do filme.

De acordo com Bill Kramer, CEO da Academia, e Janet Yang, presidente da Academia, as mudanças são resultado de inúmeras conversas com distribuidores de diversos portes, além do estudo de dados históricos. Em comunicado conjunto, eles afirmaram que o objetivo das medidas adotadas é aumentar a visibilidade dos filmes em todo o mundo e também incentivar o público a voltar aos cinemas após a pandemia de Covid-19.

"Como fazemos todos os anos, revisamos e avaliamos nossos requisitos de exibição de elegibilidade para o Oscar. Em apoio à nossa missão de celebrar e honrar as artes e as ciências da produção cinematográfica, esperamos que essa expansão da presença nos cinemas aumente a visibilidade dos filmes em todo o mundo e incentive o público a experimentar nossa forma de arte em um ambiente dentro das salas de cinema. Com base em muitas conversas com parceiros da indústria, sentimos que essa evolução beneficia tanto os artistas quanto os amantes do cinema", disseram.

A mudança deverá afetar principalmente streamings como Apple TV+, que inclusive se tornou a primeira plataforma a ganhar a estatueta de melhor filme com No Ritmo do Coração, em 2021, além de Netflix, Amazon e Hulu (no Brasil, Star+). Apesar de historicamente os streamings não fazerem lançamentos expansivos para seus concorrentes aos prêmios, de acordo com o Variety, eles já devem ter previsto uma mudança nesse sentido e começaram a se preparar.

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Em março, por exemplo, a Apple anunciou um investimento de US$ 1 bilhão por ano em filmes direcionados aos cinemas, enquanto a Amazon se comprometeu com 12 a 15 lançamentos nas salas de cinema por ano. A Apple, inclusive, já fez uma parceria com a Paramount Pictures, Sony Pictures e Universal para lidar com as exibições de dois próximos grandes lançamentos: Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese e que conta com Leonardo DiCaprio no elenco; Napoleão, de Ridley Scott, com Joaquin Phoenix; e Argylle, com Matthew Vaughn na direção e Henry Cavill e Dua Lipa no elenco.

Embora em um primeiro momento a mudança possa parecer prejudicial aos streamings, um estrategista de prêmios afiliado a uma das grandes plataformas do mercado afirmou ao The Hollywood Reporter durante o Telluride Film Festival que essas produtoras podem acabar se beneficiando. Eles poderão estabelecer um contato mais estreito com o público e também buscarem lançamentos qualificados que realmente tenham chances de competir, deixando de lançar filmes nos cinemas apenas em razão do bom relacionamento com cineastas.

Além disso, também destacou como ponto positivo a busca das plataformas por exibidores independentes, fora das grandes redes, para que alguns filmes possam se qualificar com exibição em apenas um cinema em certas cidades, sem a necessidade de estarem nas grandes cadeias de exibidores. Isso, de certa forma, é benéfico e um incentivo para exibidores menores.

Mais novidades

Além da mudança nos critérios de elegibilidade para a categoria de Melhor Filme, 398 artistas e executivos foram convidados a ingressar na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para participarem das votações do Oscar. Se todos os convidados aceitarem a adesão, o número total de membros da academia chegará a 10.817 (acima dos 10.665 do ano passado), com 9.375 elegíveis para votar, levando em consideração mortes, aposentadorias e mudança para o status emérito. Esses novos membros, aceitando o convite, já estariam aptos para votação na 96ª edição do Oscar, marcada para o dia 10 de março de 2024.

Os novos convites levaram em consideração algumas categorias sub-representadas atualmente na classe de membros. Atualmente a Academia é composta por 34% de mulheres, 18% de comunidades sub-representadas e 20% por pessoas de fora dos Estados Unidos. Os novos convites, por sua vez, foram direcionados 40% para mulheres, 34% para comunidades étnicas e raciais sub-representadas e 52% para pessoas de 51 diferentes países e territórios fora dos Estados Unidos. Nas categorias de diretores de elenco, figurinistas, maquiadores e cabeleireiros, e marketing e relações públicas, inclusive, foram convidadas mais mulheres do que homens. As categorias de atores e de diretores, por sua vez, tiveram mais convites feitos para membros de comunidades étnicas e raciais sub-representadas. As informações são do Variety.

Entre os nomes convidados estão Austin Butler, Ke Huy Quan, Keke Palmer, NT Rama Rao Jr. e a cantora Taylor Swift. Além de Huy Quan, outros vencedores da 95ª cerimônia, em 2023, foram convidados: James Friend, diretor de fotografia de Nada de Novo no Front, e MM Keeravani e Chandrabose, compositores de "Naatu-Naatu", do filme Revolta, Rebelião, Revolução.

As mudanças, porém, não param por aí. O HollyShorts, festival de cinema que já classificava em três categorias para o Oscar, agora também se tornou qualificado para o Oscar em uma quarta categoria, a de Curta-Metragem Documental.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas notificou a HollyShorts no início do mês de julho que o vencedor do prêmio de Curta-Metragem Documental agora se qualifica para a consideração do Oscar. Anteriormente o melhor Curta-Metragem, o melhor Curta-Metragem de Animação e melhor Curta-Metragem de Ação já se qualificavam.

A 19ª edição do HollyShorts está marcada para acontecer entre os dias 10 e 20 de agosto, em Hollywood, e recentemente dois curtas que passaram pelo festival conquistaram sua estatueta do Oscar na sequência. The Long Goodbye venceu como melhor Curta-Metragem de Ação em 2022, enquanto The Queen of Basketball, ainda sem se qualificar por seu desempenho no HollyShorts, por estar na categoria de documentários, levou o prêmio de melhor Curta-Metragem Documental no mesmo ano.

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