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26 Maio 2023 | Renata Vomero

Film Commissions: política de atração de filmagens é elo fundamental para a indústria audiovisual

Em crescimento no país, as Film Commissions são responsáveis por movimentar parte da economia do setor

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A série da Netflix, Sense 8, teve episódio filmado durante a parada do Orgulho LGBTQIA+, em São Paulo (Foto: Netflix)

Entre políticas públicas com objetivo de fomentar a realização de produções, capacitação de profissionais, apoiar empresas do setor e o parque exibidor, também se destaca a criação de Film Commissions como uma das principais iniciativas para manter as engrenagens da indústria audiovisual funcionando em sua forma mais sustentável.

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As tais Films Commissions são iniciativas, ora municipais, ora estaduais, que visam trabalhar para atrair as filmagens (sejam de um filme, de um curta, de uma série, novela, propaganda ou até clipe musical) para aquela localidade, dando visibilidade à região e movimentando a economia local. Incluindo, também, a atração de produtores internacionais.

“As Film Commissions são parte integrante da cadeia de valor audiovisual e desempenham um papel crucial na atração e apoio à produção de conteúdo cinematográfico e televisivo nacional e internacional em suas jurisdições”, comentou Steve Solot, Presidente da LATC e Associate-Latam de Olsberg SPI, em material compartilhado com o Portal Exibidor.

Atualmente, no Brasil, não há um órgão específico que reúna todas as informações sobre as Film Commissions, bem como as integre em um único espaço. Tendo isso em vista, atualmente é difícil de encontrar o número exato de iniciativas acontecendo no Brasil, também porque cada uma delas responde a uma pasta específica, podendo ser de Cultura, Turismo e Economia.

De acordo com um trabalho realizado pelas Prof.ª Dr.ª Nathália Körössy e Prof.ª Dr.ª Mariana Cavalcanti Falcão pela Universidade Federal de Pernambuco, havia, em 2022, a estimativa de terem 15 Film Commissions de atuação municipal e quatro de atuação estadual.

Tais números denotam o quanto há espaço para o crescimento destas iniciativas que atuam em diferentes frentes para tornar suas cidades ou estados em ambientes amigáveis para a produção cinematográficas, ou como é chamado no inglês, “film-friendly”.

Para tal, são encontradas diversas formas para facilitar o trabalho dos produtores, passando por desburocratizar o processo de autorização para a filmagem, bem como para a contratação de pessoas e serviços ou ajudar legalmente na chegada de pessoas de outros lugares.

Os profissionais envolvidos nas Films Commissions também podem ajudar e facilitar as pontes para a escolha de hospedagem, alimentação e diversas outras atividades que também são impactadas para uma filmagem.

Em outro lado do espectro, também há uma série de benefícios econômicos e fiscais que as Films Comissisions podem produzir como política pública, que podem tornar suas localidades também mais atrativas.

Há algumas ações neste sentido, como Tax Credit ou Tax Rebate, que visam reembolsar parcialmente ou dar descontos nos impostos destas empresas produtoras, bem como isentar a produtora de impostos em alguns casos. Há também a iniciativa de Cash Rebate, bastante trabalhada, que são valores recebidos pelas empresas em cima de seus gastos com folha de pagamento e/ou bens e serviços. Estas explicações estão devidamente detalhadas em um material produzido por Daniel Celli, em 2022, quando atuou dentro do Ministério da Economia para organizar as políticas de Film Commissions no Brasil, atualmente ele é responsável pela Rio Film Comission, uma das mais antigas do país, também já tendo atuado na SP Film Commission, referência brasileira e mundial.

Inclusive, a Film Commission da cidade de São Paulo, administrada pela Spcine, comemorou, agora em maio, sete anos de existência, trazendo um balanço geral desta trajetória de atuação. Foram aproximadamente 5.800 obras atendidas; mais de 20.000 diárias realizadas; mais de 17.000 locações autorizadas e R$3 bilhões movimentados.

E quanto aos valores movimentados, é sempre de extrema importância destaca-los, já que para muitos pode haver um estranhamento quanto às políticas fiscais de isenção ou reembolso para atrair as produções. No entanto, como a própria Spcine apresentou no 1º Fórum Spcine, realizado em 2022, para cada R$1 gasto pela prefeitura da cidade, houve um retorno de R$4 pelas empresas produtores, e há balanços que apontam para retornos de até R$20. Ou seja, é um efeito multiplicador significativo, tudo isso embutido nas contratações de profissionais de audiovisual para reforçar as equipes dessas filmagens, bem como os gastos indiretos, tanto na viagem em si, quanto na hospedagem, alimentação, transporte, entre outros.

O Brasil tem uma indústria audiovisual pungente e capaz de movimentar bilhões anualmente. Em um recente estudo publicado pela MPA sobre o impacto econômico do audiovisual brasileiro, em 2019, foi registrado o valor de R$24,5 bilhões, isso apenas em atividades diretamente ligadas ao setor.

Se torna cada vez mais fundamental que os municípios e estados tenham em mente a importância das Film Commissions para promover a indústria e a economia como um todo, também considerando descentralização das locações e recursos.  Atualmente, há iniciativas espalhadas por todo o Brasil, inclusive.

Pensando nisso, a Expocine, em parceria com a Los Angeles Entertainment Services (LAES), com patrocínio da Latin American Training Center (LATC) e apoio da CQS/FV Advogados e Brazil California Chamber of Commerce (BCCC), está promovendo um webnário gratuito sobre o tema, no dia 6 de junho, em que discutirá justamente as bases das Film Commissions e a importância de que esta seja uma atividade estruturante para a indústria como um todo.

Os interessados podem se inscrever por meio do link.

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