17 Maio 2023 | Renata Vomero
Fernanda Lomba representa o Brasil no Cannes Docs: "É uma forma de fortalecer a marca Brasil neste mercado"
Produtora e co-fundadora do Nicho 54, Fernanda Lomba estará no festival entre 19 e 23 de maio
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O Brasil está com uma forte representação no Festival de Cannes neste ano, entre elas se destaca o convite recebido pela produtora e co-fundadora e diretora executiva do Nicho 54, Fernanda Lomba, para integrar o corpo de jurados do Cannes Docs, programa voltado para a promoção da produção documental mundial.
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O Cannes Docs é parte do Marché du Film, direcionado ao mercado de cinema, no qual profissionais e executivos apresentam novidades, fecham negócios e realizam aquisições e investimentos em produções. Ao todo serão 32 documentários em desenvolvimento que serão apresentados e elegíveis aos prêmios da categoria. Fernanda Lomba participará de oito destes showcases e está animada para o que verá nestas ocasiões.
“A expectativa é alta. São filmes em WIP [Work In Progress] de diversas partes do mundo, ao todo 32 showcases. Minha expectativa é encontrar documentários que provoquem na linguagem, que explorem forma e conteúdo. A comunidade documentarista presente é rica e diversificada e é esse retrato que estou interessada em ver”, contou a produtora ao Portal Exibidor. No dia 23 de maio serão anunciados os documentários premiados.
A animação da profissional nasce desde o convite para integrar o júri, sendo ela a única brasileira entre os convidados, o que representa muito, tanto para ela, profissional com quase uma década de atuação voltada para o segmento, mas também para o que isso representa para o Brasil em si.
“O convite veio através do Head of Cannes Doc., Pierre-Alexis Chevit durante o EFM (European Film Market) deste ano, em fevereiro. O convite reforça um movimento aquecido e positivo do Brasil na conquista por um espaço reconhecido na cena internacional. Ter uma profissional brasileira participando oficialmente do Marché é uma forma de fortalecer a marca Brasil neste mercado. Pessoalmente, é um convite que reconhece quase dez anos de dedicação à produção de documentários”, comentou.
Inclusive, com produção de Fernanda Lomba, ainda está em cartaz em alguns cinemas do Brasil o documentário Jair Rodrigues – Deixa que Digam (Elo Studios), com direção de Rubens Rewald. O filme é parte de uma série de documentários que estão ganhando mais força na indústria nos últimos tempos, junto a uma maior visibilidade que este formato vem ganhando após ter destaque no Festival de Veneza e de Berlim, além da própria seleção deste ano de Cannes.
“A visibilidade de filmes documentais está bastante relacionada com a capacidade de sofisticar a linguagem destes filmes. Vejo como um impacto no desenvolvimento dos projetos que, especialmente ao longo da pandemia, ganhou mais atenção, além, claro, de um momento mais exigente do próprio mercado. O documentário ‘Jair Rodrigues - Deixa que Digam’, é um exemplo pré-pandemia, porém que já reflete esse maior cuidado no desenvolvimento. Trabalhando com o diretor Rubens Rewald pude acompanhar os processos de reflexão e escolha de dispositivos e abordagem, aliados com a pesquisa sobre vida e obra do artista. O gênero tende a ganhar muito com processos mais alargados e apurados”, contou.
Neste sentido, há um maior volume de títulos surgindo que têm justamente essa narrativa biográfica, passando por ícones da política, música e esportes, especialmente. Para além disso, há um destaque maior para as narrativas seriadas, que ganham força no streaming, janela e vitrine fundamental para o gênero, embora sejam ainda muito voltados para o true crime.
“Os canais de streaming têm sido aliados de documentário, sobretudo para expandir o formato para séries-doc, mas o interesse ainda é restrito quanto à temática. O true crime domina a cena, por exemplo. Será interessante acompanhar o desenvolvimento de novos interesses dos canais para uma oferta temática maior. Volto ao exemplo de Jair Rodrigues: Deixa que digam, que é um bom exercício para pensar no impacto do público a partir do documentário: um filme de energia popular, que atinge a camadas mais adultas com entretenimento musical e informação histórica”, concluiu
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