31 Março 2023 | Renata Vomero
Análise destaca importância de serviços de VOD para indústria brasileira do audiovisual
MPA encomendou estudo do impacto econômico deste segmento em 2021
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Um estudo encomendado pela MPA Brasil para a Frontier Economics teve como objetivo esclarecer o impacto econômico dos serviços sob demanda (VOD) para a indústria audiovisual brasileira. A análise dá conta de dados do segmento até 2021 e contou com informações também da Kantar Ibope (em estudo conduzido em dezembro de 2020), Ampere Anlytics, Olsberg•SPI e, claro, da própria Frontier Economics.
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Um dos principais intuitos de trazer esses dados sobre o VOD no Brasil é de mostrar o quanto o conteúdo brasileiro tem força nessas plataformas, com bom público, por isso, merece maiores investimentos desses players, fazendo com que a indústria seja mais impulsionada.
Em dados gerais, 34 milhões de brasileiros assinaram serviços de VOD em 2020 e 84% dos usuários de internet no Brasil usam serviços de VOD pelo menos uma vez por semana. Analisando a receita dessas empresas, prevê-se que ela chegará a US$3,3 bilhões (R$7,9 bilhões) até 2025.
Dois pontos precisam ser enfatizados aqui. O primeiro deles é de que os brasileiros estão muito interessados em consumir conteúdos locais, 45% dos assinantes destacam isso. E mais, 69% estão satisfeitos com a quantidade do que vem sendo produzido por aqui.
Do outro lado da moeda está outro fator muito relevante, de que nossos conteúdos, quando indexados nessas plataformas, viajam o mundo com muito mais facilidade do que em meios tradicionais. Segundo a pesquisa, 50% do público da série brasileira 3%, da Netflix, foi de outros países.
Isso é extremamente importante para pensarmos em termos de exportação de conteúdo e mais: na relevância cultural que isso emprega para o nosso país ao redor do globo. O chamado soft power.
Quanto mais estivermos na “boca” das pessoas, maiores as chances de elas consumirem nossos produtos audiovisuais e de entretenimento como um todo, sem contar seu interesse geral no país, podendo até investir em viagens para cá.
Entendendo o volume de demanda para produções locais, plataformas de VOD estão aumentando seus investimentos neste tipo de conteúdo. US$25,7 bilhões (US$101,4 bilhões) foram investidos diretamente por provedores de VOD (original e licenciado) em todo o mundo em 2019, esta quantia deve subir para US$61 bilhões (R$241 bilhões) até 2024. Entre os principais players destacados nesta movimentação estão a Disney e o Disney+, a Netflix, HBO Max, a própria Globo e, como temos visto, o Amazon Prime Video.
Agora, analisando o quanto esses investimentos geram retorno para a própria indústria, os números precisam ser vistos com mais profundidade. Segundo o estudo, o impacto econômico total deste segmento foi de US$13,3 bilhões (R$52,5 bilhões) no setor de produção audiovisual na América Latina em 2019.
Ainda mais, 1,6 milhão de empregos foram criados na América Latina. A cada novo emprego no setor audiovisual, é criado 1,94 emprego em outros setores da economia brasileira. 60% dos custos de produção são investidos na comunidade local, em outros setores econômicos, tais como alimentação, hospitalidade, construção e serviços jurídicos.
“Políticas públicas e iniciativas que encorajem investimentos no setor audiovisual brasileiro tendem a reforçar um círculo virtuoso. Ao implementar criteriosamente tais políticas de incentivo à indústria audiovisual, o Brasil desfrutará de benefícios mais amplos, como novas oportunidades de emprego; maior produção econômica; aumento das exportações; uma base de habilidades mais competitiva; além da expansão de infraestrutura. Isto, por sua vez, cria condições para que novos investimentos sejam atraídos”, destacou o estudo, que ainda reforçou a necessidade de ter cautela em medida exageradamente protecionistas, que podem causar, segundo eles, queda na qualidade das produções e diminuição da quantidade.
Uma das principais discussões no setor, que se enrolam há algum tempo sem grandes avanços, é a necessidade da regulação de tais serviços no Brasil, para que essas empresas justamente passem a investir maiores volumes na indústria do país, retroalimentando o desenvolvimento dela.
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