30 Março 2023 | Renata Vomero
Streaming tem maior diversidade racial e de gênero do que filmes de cinema, aponta estudo
Pesquisadores da UCLA analisaram maiores lançamentos em streaming e cinema em 2022
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A UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) divulgou os principais insights de seu estudo anual sobre diversidade em Hollywood. O relatório, referente a 2022 nos EUA, analisou a diversidade racial e de gênero em diferentes posições, tanto em tela, quanto fora dela. O estudo foi feito sob uma amostragem dos 100 filmes falados em inglês mais populares do streaming e o mesmo recorte para as 89 maiores bilheterias globais do ano passado.
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Os resultados evidenciam uma tendência que vem se consolidando nas atuais análises, de que os grandes lançamentos em tela grande estão desacelerando em termos de diversidade e representatividade. Em contrapartida, no entanto, o streaming segue em aceleração. Os dados analisados foram referentes às posições de direção, roteirista, protagonista e elenco geral. As informações são do Deadline e do The Hollywood Reporter.
No caso das pessoas não-brancas, 16,8% delas dirigiram um grande lançamento no ano passado nos cinemas, enquanto 23% ocuparam a mesma posição em um título do streaming. 12,4% assinaram roteiros de cinema e 20% de streaming. Quanto ao protagonismo, 21,6% dos principais longas das telonas tinham atores não-brancos no papel principal, essa porcentagem salta para 33,3% no digital. Em relação ao elenco geral, o valor foi de 36,1% nos cinemas e 42,5% nas plataformas.
Olhando somente para as mulheres, tais discrepâncias entre uma mídia e outra também são significativas. Olhando para a direção, 14,6% dos filmes nos cinemas foram comandados por elas, sendo 25% nos serviços de SVOD. Já com relação a roteiro, o número é de 27% para 36% em cada janela aqui já destacada. Olhando para protagonismo, elas dominaram as telonas em 38,8% dos casos e as telinhas em 48,5% (número quase equiparado ao protagonismo masculino). Já em elenco geral, fica em 41% e 44%.
Pensando no recorte racial, o estudo destrincha um tanto os números observados. Quanto aos filmes de cinema, atores brancos representam 63,9% dos papéis analisados, em termos gerais. Esse número vem caindo ano a ano.
Analisando os elencos gerais, dos 36% de atores não-brancos nos cinemas, 14,8% eram negros, 5,5% latinos, 8% multirraciais, 6,5 eram asiáticos, 0,9% do Oriente Médio e Norte da África, e 0,4% eram indígenas.
Com relação à proporção representativa da população dos EUA, esses números se mostram desequilibrados em alguns casos, já que, segundo o Censo de 2022, 18,9% dos cidadãoes são latinos, 13,6% são negros, 2,9% são multirraciais, 6,1% asiáticos e cerca de 1,6% são indígenas.
Mas o que nos interessa também é o valor total que este número carrega: 43,1% da população dos EUA. O estudo então traz um apontamento extremamente crucial com relação a estes números. Com o avanço da discussão progressista sobre representatividade e diversidade, Hollywood passou a movimentar suas produções em prol dessa conversa, mas com a crise da pandemia, especialmente nos cinemas, esses avanços foram deixados de lado.
O que não ocorreu no streaming, que foram consumidos em larga escala durante os períodos de maior confinamento. Agora, dada a dissonância entre essas mídias em termos de representação, o público está, sim, sentindo maior dificuldade em assistir a tais títulos que não contam com diversidade racial e de gênero na grande tela.
Estudo recentes apontam que as audiências estão mais interessadas em assistir essas histórias e, mais, com o valor crescente da população dos EUA sendo formado por pessoas não-brancas, isso é desconsiderar uma parcela muito significativa de clientes, e clientes ativos.
E isso só pensando nos EUA, o relatório também ressalta que trabalhar essa diversidade também funciona na mesma medida com os espectadores estrangeiros, também mais interessados em se ver na tela ou consumir conteúdos com representatividade. O streaming tem sido essa opção para fãs de cinemas ao redor de todo mundo, se Hollywood busca ter maior força no mercado e recuperar os valores de antes da pandemia, é preciso mais do que nunca entender que esta mudança é necessária em termos também comerciais. É preciso entender que houve, de uma vez por todas, uma mudança de paradigma na forma de consumo e no que é desejável pelo consumidor. Em 2022, dois filmes que reforçam essa ideia estiveram entre os mais vistos no ano: Red: Crescer é Uma Fera e Encanto, ambos do Disney+.
“A diversidade não deve ser considerada um luxo, mas uma necessidade”, disse Darnell Hunt, cofundador do Hollywood Diversity Report e vice-chanceler executivo e reitor da UCLA, Darnell Hunt. “O público não-branco é a base de Hollywood e a chave para os resultados, já que a pesquisa mostra mais uma vez que o público prefere elencos diversos.”
Aliás, pela primeira vez o relatório analisou também dados referentes a pessoas com deficiência. Em linhas gerais, PCDs representaram apenas 9,1% dos protagonistas em cinema e 6,1% no streaming.
“A diversidade é a chave para competir globalmente e permanecer relevante internamente. Agora é a hora de avançar e renovar o compromisso de investir nas comunidades sub-representadas que há muito investem em Hollywood”, concluiu o texto do relatório.
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