22 Março 2023 | Renata Vomero

"Raquel 1:1" entretém enquanto provoca reflexões: "não é um suspense convencional"

Distribuído pela O2 Play e dirigido por Mariana Bastos, filme chega nesta quinta-feira (23) nos cinemas

Depois de passar pelo SXSW e diversos outros festivais internacionais e nacionais em 2022, é a hora de o público conhecer Raquel 1:1, que chega ao circuito comercial nesta quinta-feira (23) pelas mãos da O2 Play. Dirigido e roteirizado por Mariana Bastos – que estreia na direção solo –, o filme mistura suspense e assuntos pertinentes, como misoginia, amadurecimento e fanatismo religioso.

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O longa narra a história da jovem Raquel, que ao chegar a uma pequena cidade do interior, vive acontecimentos misteriosos e embarca numa controversa missão ligada à Bíblia e a traumas de seu passado. Valentina Herszage, vencedora do prêmio de melhor interpretação Bisatto d'Oro, no Festival de Veneza, protagoniza o filme, ao lado de Emílio de Mello, Eduarda Samara, Ravel Andrade e Priscila Bittencourt.

“É um trabalho de anos. Começou com uma intensa pesquisa sobre o tema central, religião. Depois fomos rabiscando as primeiras ideias de sinopse, entendendo o que o filme deveria falar, o tom, quem era essa protagonista. O roteiro leva tempo pra ficar maduro, conciso, principalmente quando o tema é tão delicado, espinhoso.  Foram dois anos nesse processo. Depois começamos os trabalhos com os atores, que contribuíram descobrindo camadas novas das personagens e remodelando as primeiras propostas de diálogos e situações. Foi um mergulho onde descobrimos fazendo, ensaiando. Filmamos e depois partimos pra montagem que redefiniu a linguagem e a narrativa do filme. Um processo de recriação completa”, comentou a diretora, que ainda destacou o trabalho final de lapidação dos pontos fortes do filme e ressaltou o quão crucial foi a colaboração de toda a equipe.

Equipe essa que incluiu o time da produtora Claraluz Filmes e também da O2 Play, que mesmo sendo responsável “apenas” pela distribuição, acompanha o desenvolvimento do filme desde a concepção do roteiro até sua chegada à tela grande, tudo isso para trabalhar com o longa da melhor forma possível, tanto para a comercialização internacional, quanto na divulgação para os cinemas por aqui.

“No caso de ‘Raquel 1:1’, temos contado com a construção do sucesso do filme de fora para dentro e também na ativação dele em momentos chaves - como o destaque na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o painel com a participação especial de Mariana Bastos, Valentina Herszage e Emílio de Mello na CCXP22 e a pré-estreia ocorrida em 17 de março na Cinemateca de São Paulo, que foi muito bem-sucedida”, ressaltou Igor Kupstas, diretor da O2 Play. Este é o primeiro lançamento nacional e no formato mais tradicional de janela exclusiva de cinema da distribuidora deste ano.

Um dos pontos que mais estão sendo trabalhados em torno da divulgação do filme no Brasil é justamente a mistura de temáticas tão cruciais para a nossa sociedade atual, passando por um retrato feroz da misoginia, também do fanatismo religioso e seu perigo para a construção da vivência e identidade na juventude, além da opressão imposta às mulheres. Tudo isso usando do gênero do suspense para destacar a atmosfera já naturalmente assustadora dessas temáticas.

“Desde o começo tivemos um grande cuidado na elaboração da estratégia de comunicação para mostrar que ‘Raquel 1:1’ não é um suspense convencional: é um filme nacional de gênero, independente, perspicaz, dirigido por uma mulher, que entretém e faz pensar. Isso vem despertando a curiosidade do público e contribuindo para que o longa se destaque ainda mais nos festivais internacionais - e agora em seu lançamento no circuito comercial”, explicou Michelle Felício, gerente de marketing da O2 Play.

Pensando na programação e na presença que o filme terá no circuito comercial, sem sombra de dúvidas há um cuidado para não sofrer tanto com a concorrência dos blockbusters de Hollywood. Ainda assim, tendo esse pano de fundo tão interessante por trás, a equipe acredita que o filme tem um apelo forte, especialmente com o público jovem, tanto pela identificação com as personagens, quanto pela preferência pelo gênero em si.

A expectativa diante de tudo isso é de que o longa ganhe força no boca a boca, já que suas sessões antecipadas com feedback positivo e sucesso nos festivais depõem à favor da produção totalmente brasileira.

“Após a pandemia, a O2 Play trouxe para as salas de cinema filmes que dialogam muito bem com o público jovem. ‘Raquel 1:1’ é um longa de suspense que atrai esse público. Mas ele vai além disso, aborda temas como instituições religiosas, violência e feminismo dentro do universo adolescente, fazendo o público sair da sessão com reflexões. As sessões de pré-estreias lotaram e as pessoas saíram elogiando o filme. Diante disso, a nossa expectativa é ofertar um circuito adequado a esse público e que eles saiam fazendo o boca a boca positivo do filme”, comentou Sueli Tanaca, responsável pela programação da O2 Play.

Não à toa a própria criadora de Raquel 1:1 tem feito interessantes descobertas ao longo das exibições do filme, já que ele conversa com cada audiência, acima de tudo pela universalidade das temáticas abordadas.

“Descobri que é um filme que toca as pessoas, independente do país que está sendo exibido. Elas se emocionam, criam conexões com outras histórias, muitas vezes se identificam. Acho que isso se deve a familiaridade que temos com relação ao tema da violência contra a mulher, primordialmente. E isso não é um tema sensível apenas para o Brasil”, comentou.

Sendo assim, sua expectativa para além dos números de bilheteria, é justamente de poder mexer com o espectador que for assistir ao longa na sala escura, podendo criar suas próprias reflexões e ideias a partir da história ali apresentada.

“Me importa mais o quanto o filme é capaz de atravessar quem entra em contato com ele. Entender se o filme trouxe uma experiência válida, memorável, se fez refletir quem assistiu. Isso é o que de maior desejo pra ele”, finalizou.