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21 Março 2023 | Yuri Codogno

Diretora de Pós-Produção do MCU, Victoria Alonso é desligada do estúdio

Contrato foi encerrado na última sexta-feira (17)

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(Foto: Divulgação)

Executiva de longa data do Marvel Studios, Victoria Alonso foi desligada da produtora. As motivações para a saída ainda não são claras, mas o desligamento ocorreu na última sexta-feira (17), poucos meses depois de Bob Iger reassumir o controle da Disney e do MCU enfrentar acusações relacionadas à baixa qualidade dos efeitos especiais nos seus últimos filmes e séries. As informações são do Hollywood Reporter e do IndieWire. 

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Victoria Alonso estava na empresa desde o início do desenvolvimento do Universo Cinematográfico da Marvel, estabelecendo uma invejável carreira de quase 20 anos no estúdio. Nesse tempo, ela viu - e participou - do processo de crescimento da companhia, que deixou de operar acima de uma concessionária para ser adquirida pela Disney e se tornar a franquia de maior bilheteria da história do cinema.

Alonso entrou no estúdio em 2006 como chefe de efeitos visuais e pós-produção. Ela também foi co-produtora dos primeiros filmes da franquia, como Homem de Ferro (2008), Homem de Ferro 2 (2010), Thor (2011) e Capitão América: O Primeiro Vingador (2011). Posteriormente, foi promovida a produtora executiva de Vingadores (2012), filme histórico que arrecadou US$ 1,5 bilhão globalmente, elevando a Marvel a novos patamares. 

Ela continuou no cargo de produtora executiva até 2021, quando foi promovida a Diretora de Produção Física e de Pós-Produção, Efeitos Visuais e Animações da Marvel, participando também dos projetos do Disney+. Em entrevista cedida ao IndieWire em fevereiro deste ano, Victoria havia dado uma declaração positiva, dando a entender que não havia nenhum tipo de problema entre ela e o estúdio: “Todo dia é um caos e um privilégio. Todo dia é: 'O que aconteceu agora?' e 'Meu Deus, isso é incrível”. 

Seu desligamento acontece poucas semanas após a estreia flopada da Fase 5 do MCU, com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, que além de estar enfrentando uma bilheteria abaixo do esperado para a Marvel, também vem sofrendo com a crítica especializada e de fãs. Além disso, o filme foi outro a oferecer uma qualidade visual bem abaixo do que foi visto até a Fase 3.

O que pode explicar esse déficit é a alta demanda de produções que exigem CGI, VFX e efeitos especiais, sendo que não há tantos profissionais qualificados no mercado para dar conta de tudo. Quando a pandemia se iniciou em 2020, muitas grandes produções de filmes e séries foram paralisadas ou adiadas, fazendo com que, durante a retomada do setor, as produções acabassem se acumulando.

E a Marvel, por sua vez, acabou encavalando dezenas de projetos. Só na Fase 4 foram 15, entre filmes e séries lançadas em menos de dois anos: WandaVision (01/2021), Falcão e o Soldado Invernal (03/2021), Loki (06/2021), Viúva Negra (07/2021), What if…? (08/2021), Shang Chi (09/2021), Eternos e Gavião Arqueiro (11/2021), Homem-Aranha 3 (12/2021), Cavaleiro da Lua (03/2022), Doutor Estranho 2 (05/2022), Ms. Marvel (06/2022), Thor 4 (07/2022), She-Hulk (08/2022) e Pantera Negra 2 (11/2022). Não sou especialista em efeitos especiais e suas derivações, mas consigo entender o burnout do setor. 

A própria série She-Hulk brinca com essa questão. Em uma cena, uma máquina chamada de Kevin Feige (???) pede para que a personagem Jennifer Walters se transforme em She-Hulk fora das câmeras, porque “a equipe de efeitos especiais está ocupada em outro projeto”. Então a Marvel reconhece que exageraram na quantidade de produções, algo que Bob Iger, em entrevista recente, já declarou que vai diminuir o ritmo “para dar tempo de cada produção brilhar”.

E no meio dessa bagunça, quem sai? Victoria Alonso, uma das principais responsáveis pela supervisão da parte visual do MCU. Até aqui, esses são os fatos apresentados. Ir além disso, como sugerir que ela saiu por essa razão, seria mera especulação (aliás, até o momento ninguém garante que o desligamento tenha sido uma demissão). Então precisaremos esperar a Marvel ou a própria executiva se pronunciarem para sabermos mais detalhes. Mas inegavelmente a saída dela voltou a atrair os holofotes para o problema que a Marvel vem enfrentando nos últimos anos. 

Fora do MCU, Victoria Alonso (que é argentina) produziu recentemente Argentina, 1985 (Prime Video), que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Internacional este ano. “Sempre quis contar uma história sobre o que aconteceu na Argentina, porque eu deveria ter sido uma dessas 30 mil pessoas [que ‘desapareceram’ durante a ditadura militar da Argentina]”, disse a produtora em entrevista recente ao portal IndieWire. 

Nos bastidores, Victoria Alonso foi uma importante embaixadora na representação da Marvel contra o projeto de lei “Don't Say Gay”: “Enquanto eu estiver na Marvel Studios, vou lutar pela representação”. Ela foi nomeada uma das mulheres hispânicas mais influentes da revista People en Español em 2019 e 2020 e foi destaque, diversas vezes, na lista 100 Women in Entertainment Power do Hollywood Reporter.

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