09 Março 2023 | Renata Vomero
Caroline Fioratti estreia no SXSW com "Meu Casulo de Drywall", seu primeiro longa autoral
Único filme brasileiro selecionado no festival, “Meu Casulo de Drywall” é realização de sonho para a diretora
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Acontece nos EUA entre os dias 10 e 19 de março, o tradicional Festival SXSW (South by Southwest). Marcado pela troca de vivências do mercado de entretenimento, para além do audiovisual, o evento é reconhecido pela irreverência e originalidade dos conteúdos. Neste ano, o único filme brasileiro a ser selecionado foi Meu Casulo de Drywall (Gullane), da diretora Caroline Fioratti.
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Este é um momento significativo para a cineasta, que conta com quase 20 anos de carreira no audiovisual e mais de dez atuando como diretora, mas que tem em Meu Casulo de Drywall a representação de seu primeiro longa autoral, algo que sonhou desde quando tinha 12 anos de idade e entendeu que queria trabalhar com cinema.
“Eu era uma adolescente tímida, até melancólica, que encontrava nos filmes um espaço de catarse, de conexão e compreensão para as minhas dores de juventude. ‘Meu Casulo de Drywall’ é a realização desse sonho, é a possibilidade de se comunicar com a nova geração que vive hoje dores similares às que vivi. Por tudo isso, é impossível pensar em outro filme senão esse para ser o meu primeiro longa autoral. Torço para que ele abra caminho para novos projetos pessoais, nos quais eu costumo partir de vivências que são minhas, mas que também são brasileiras e universais. Tenho também a necessidade de abordar temas sociais que me são caros. Explorar formas narrativas e estéticas para contar essas histórias me desafia e me realiza como cineasta”, contou a diretora ao Portal Exibidor.
O filme gira em torno de Virgínia, uma jovem que morre durante sua festa de 17 anos. O espectador acompanha, então, 24 horas na vida de moradores de um condomínio, que são afetados pela tragédia. Os pais, amigos e o namorado da garota precisam lidar com a culpa e o luto que caem sobre eles, enquanto tentam descobrir quem matou a jovem.
A estreante Bella Piero divide as telas com a veterana dos festivais de Sundance e Cannes, Maria Luisa Mendonça, que interpreta sua mãe. O elenco inclui Michel Joelsas e Mari Oliveira.
O filme demorou dez anos entre o primeiro argumento e sua estreia mundial no SXSW, tempo este que Caroline mergulhou no mercado audiovisual, atuando como diretora em grandes séries e filmes, como Meus 15 anos, e os seriados A Grande Viagem, Temporada de Verão e Os Ausentes . Experiências que amadureceram sua visão sobre a indústria e seu funcionamento.
“Trabalho há quase 20 anos no mercado cinematográfico - como diretora de séries e filmes há cerca de dez anos - e todos os dias preciso dar provas da minha capacidade técnica e artística. Percebo que essa constante desconfiança recai não só sobre mim, mas sobre todas as minhas colegas cineastas. O mercado fala muito sobre combater o machismo e ter olhares femininos na direção, mas isso nem sempre se traduz em ações que permitam de fato que a mulher diretora possa exercer sua criatividade e habilidade. Contratar cineastas mulheres, pretas, LGBTQIA+, e não lhes dar o poder da criação e liderança, torna-se só um ato oportunista. O meu trabalho de cineasta no mercado audiovisual hoje é também uma luta para que vozes diversas sejam de fato ouvidas”, enfatizou.
Agora, portanto, com o lançamento de sua carreira internacional no festival, a expectativa é de alcançar ainda mais públicos e ampliar sua presença no mercado, levando Meu Casulo de Drywall, inclusive, para mais diversos outros festivais, afinal, estamos apenas no começo do ano.
“O filme traz um microcosmo muito particular do brasileiro, o condomínio, mas trata de questões universais como saúde mental e luto. É um filme que explora temas da juventude numa estrutura de gênero, o thriller. Minha expectativa no momento é compreender como o filme atinge o público e a crítica. Como diretora, espero que gostem e que todo o simbolismo que coloquei na narrativa se traduza em sensações. Há também a expectativa em relação ao business internacional envolvendo sales agents e conto com a expertise da Gullane Distribuidora para isso”, explicou a cineasta quanto as expectativas para o SXSW.
O filme é uma produção da Aurora Filmes em coprodução com a Haikai Films e distribuição pela Gullane. A participação do filme no festival conta com o apoio do Projeto Paradiso, SPCine, CreativeSP e Instituto Guimarães Rosa. A produção é apoiada pela ANCINE por meio de seu Fundo Setorial do Audiovisual.
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