16 Fevereiro 2023 | Renata Vomero

Homenagem a Spielberg, abordagem política e celebração ao cinema marcam a Berlinale

Festival de Cinema de Berlim acontecerá até 26 de fevereiro na capital Alemã

Começou nesta quinta-feira (16), o Festival de Cinema Berlim, ou Berlinale, que acontecerá até o dia 26 de fevereiro. A 73ª edição de um dos festivais mais prestigiados do mundo está sendo marcada por uma abordagem política acerca da questões globais, tendo como destaque a Ucrânia e o Irã, além de trazer uma perspectiva mais plural da cinematografia atual.

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A abertura do evento foi pontuada pela coletiva de imprensa liderada pela presidente do Júri deste ano, Kristen Stewart, que se revelou tensa e ansiosa com tal responsabilidade, mas reforçou o quanto entende essa oportunidade como uma celebração ao cinema e a chance de ser transformada pela experiência. As informações são da Variety e Hollywood Reporter.

“Estou pronta, pronta para ser mudada por todos os filmes e mudada pelas pessoas ao nosso redor. Acho que é para isso que estamos aqui”, ressaltou, também destacando que a produção  a ser consagrada nesta edição dever trazer “algo de novo, que seja positivamente confrontador e político”.

E falando em política, mais uma vez essa deve ser uma marca desta edição, que se vê na inevitabilidade de levantar as discussões geopolíticas que cercam o mundo neste momento, especialmente a Guerra na Ucrânia e os mais recentes protestos contra o regime teocrático ditatorial do Irã.

Mais de 20 filmes de criadores ou sobre os dois países foram selecionados nas mostras do festival, incluindo Superpower, documentário dirigido por Sean Penn, e que retrata de perto a escalada da Guerra na Ucrânia desde seu início. O filme terá uma exibição especial neste primeiro dia contando com uma conversa entre o cineasta e o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

Para além da seleção de filmes iranianos, a atriz nascida no país Golshifteh Farahani integra o corpo de jurados do festival e falou sobre o tema durante a coletiva de imprensa realizada hoje.

“Estamos todos em um momento de transição, especialmente agora no Irã. E em um país como o Irã, que é uma ditadura, a arte não é apenas uma coisa intelectual ou filosófica, é essencial. É como oxigênio… Com tudo o que está acontecendo no Irã de novo, de volta a Berlim, estou feliz que possamos nos reunir e celebrar o cinema, celebrar a liberdade, mesmo que o mundo pareça estar desmoronando por todos os lados”, declarou.

Essa celebração ao cinema também esteve  marcada na fala de Kristen Stewart, que destacou o quanto a indústria está combalida desde a pandemia, mas que há algo de “vital, que faz com que o cinema nunca desapareça”.

São 19 títulos confirmados na mostra competitiva e que disputarão o Urso de Ouro, entre eles, títulos que marcam uma diversidade e pluralidade de narrativas. Não há, portanto, entre eles algum tipo de favoritismo, o que deve reforçar a vontade do grupo de jurados de ser surpreendido com algo novo.

Outros nomes que fazem parte do Júri são: a diretora e roteirista Valeska Grisebach (Alemanha), a diretora e roteirista Radu Jude (Romênia), a diretora e produtora de elenco Francine Maisler (EUA), a diretora e roteirista Carla Simón  Espanha) e o diretor e produtor Johnnie To (Hong Kong, China).

Entre as diversas mostras que integram o festival, há espaço para alguns títulos brasileiros, entre eles: O Estranho, escrito e dirigido por Flora Dias e Juruna Mallon; Propriedade, de Daniel Bandeira; os curtas As Miçangas, de Emanuel Lavor e Rafaela Camelo; e Infantaria, de Laís Santos Araújo, também foram selecionados.

Esta edição entregará o Urso de Ouro Honorário a Steven Spielberg, este prêmio homenageia cineastas pela sua contribuição integral ao cinema, uma consagração por suas carreiras.

COMPETIÇÃO OFICIAL – URSO DE OURO

20.000 especies de abejas, de Estibaliz Urresola Solaguren

Bai Ta Zhi Guang, de Zhang Lu

Bis ans Ende der Nacht, de Christoph Hochhausler

BlackBerry, de Matt Johnson

Disco Boy, de Giacomo Abbruzze

Le Grand Chariot, de Philippe Garrel

Ingeborg Bachmann: Reise in die Wüste, de Margarethe von Trotta

Irgendwann werden wir uns alles Erzählen, de Emily Atef

Limbo, de Ivan Sen

Mal Viver, de Joao Canijo

Manodrome, de John Trengove

Music, de Angela Schanelec

Past Lives, de Celine Song

Roter Himmel, de Christian Petzold

Sur l’Adamant, de Nicolas Philibert

The Survival of Kindness, de Rolf de Heer

Suzume, de Makoto Shinkai

Totem, de Lila Ayles