13 Fevereiro 2023 | Yuri Codogno
Com exibição gratuita de "A Última Floresta", Espaço Itaú de Cinema encerrará atividades no Anexo Augusta
Últimas sessões acontecerão na próxima quinta-feira, dia 16
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Após 28 anos de funcionamento, o Anexo do Espaço Itaú de Cinema da Augusta, em São Paulo, está se despedindo da população paulistana. Na próxima quinta-feira (16) - data em que as atividades do local se encerrarão -, haverá sessões gratuitas do filme A Última Floresta em ambas as salas do espaço. Os ingressos poderão ser retirados a partir das 19h do mesmo dia.
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O anexo fica em um imóvel alugado, que foi vendido para a incorporadora Vila 11. Apesar disso, é bom ressaltarmos que o Espaço Itaú de Cinemas da Augusta, localizado do outro lado da rua, continuará suas atividades normalmente, assim como as unidades Frei Caneca, Pompéia, Brasília e Rio de Janeiro.
A Última Floresta é um documentário de Luiz Bolognesi lançado em 2021 e que retrata a resistência do povo Yanomami, que vive no norte do Brasil e que historicamente luta para manter sua identidade e território. O filme coleciona importantes vitórias em premiações, como o Prêmio do Público no Festival de Berlim e Melhor Filme no Festival de Seul.
Luiz Bolognesi assina o roteiro do filme ao lado do xamã e líder político yanomami Davi Kopenawa. A produção é da Gullane (Fabiano Gullane e Caio Gullane) e da Buriti Filmes (Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi), em associação com a Hutukara Associação Yanomami e o Instituto Socioambiental (ISA).
Vale lembrar que recentemente foi descoberto que o garimpo e outras medidas ilegais aconteceram no território dos yanomamis durante o Governo Bolsonaro (2018-2022), levando vários indígenas, especialmente crianças, a óbito, prejudicando também o território e continuidade de sua cultura.
Então, não por acaso, o filme foi escolhido para ser a última exibição do Anexo Augusta que, em seu último respiro, aumentará os holofotes no atual problema que o longa retrata. Somando as duas salas, são 121 lugares disponíveis, incluindo cinco espaços para cadeirantes e duas poltronas para pessoas com obesidade.
Adhemar Oliveira inaugurou o Espaço Augusta em outubro de 1993, na época ainda patrocinado pelo Banco Nacional, e o cinema foi pioneiro em apostar na iniciativa de exibir cinematografias independentes do mundo todo, além de promover a formação de público através de cursos e projetos como o Escola no Cinema, Sessão Cinéfila e Clube do Professor.
Um pouco depois, em março de 1995, o Anexo foi aberto em um sobrado bem à frente da sede, dando luz a projetos cinematográficos importantes como o Curta às Seis, que diariamente projetava curtas-metragens brasileiros em sessões gratuitas na sala 4, e cursos do Escola no Cinema, destacando a história e o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, os movimentos da cinematografia mundial e filmografias de diretores consagrados.
Durante as quase três décadas de existência, o Anexo teve ainda outro papel fundamental: o de dar continuidade à exibição de filmes que estrearam do outro lado da rua. Em vez de deixarem o circuito, essas produções entravam na programação das salas menores, permanecendo, assim, mais semanas em cartaz.
O Café Fellini sempre foi uma atração à parte do Anexo, que, com dois ambientes, um interno e outro ao ar livre, funcionava como uma espécie de refúgio em meio ao clima caótico e agitado da rua Augusta. O estabelecimento tocado por Silvia Oliveira foi eleito cinco vezes a melhor bomboniere de cinema da cidade de São Paulo por um ranking anual promovido pelo Guia Folha, da Folha de S.Paulo. O Café Fellini também será fechado.
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