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02 Fevereiro 2023 | Yuri Codogno

Austrália irá impor cotas de conteúdo local para as plataformas de streaming

Ação visa evitar que a narrativa australiana fique ainda mais sufocada pela programação estrangeira

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(Foto: Divulgação)

A Austrália está se preparando para impor cotas de conteúdo local nas plataformas de streaming estrangeiras que atuam no país. Segundo informou o governo local, a medida tem o objetivo de que as narrativas australianas ganhem novo fôlego e não fiquem mais abafadas por filmes e séries de outros países, especialmente os estadunidenses. As informações são do Hollywood Reporter.

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O novo esquema pertence à política cultural nacional chamada “Revive”. Recentemente, dados oriundos dela revelaram que os australianos agora estão assistindo a mais conteúdo em plataformas de streaming do que em emissoras tradicionais e que a indústria local de vídeos por assinatura cresceu 50% em 2021, alcançando US$ 1,7 bilhão (US$ 2,4 bilhões em dólares australianos) em receita total.

Deste modo, o governo prometeu que as cotas entrariam em vigor até 1º de julho de 2024, dando tempo para todas as plataformas agirem e se adequarem à nova programação. Não foram dados muitos detalhes de como o novo plano irá funcionar, entretanto os serviços globais de streaming serão obrigados a produzir e distribuir os conteúdos locais.

“O governo se comprometeu a tomar as medidas necessárias para que os australianos continuem a poder ver e ouvir conteúdo local de qualidade, independentemente da plataforma que estejam usando. É importante que os serviços de streaming invistam em gêneros-chave, incluindo conteúdo infantil, drama roteirizado e documentários”, ressaltou a nota oficial.

Os principais streamings dos EUA já estão produzindo alguns originais australianos como parte de suas estratégias de conteúdo local, embora em quantidades limitadas. Um exemplo de grande sucesso da Netflix foi o ressurgimento da cultuada série escolar australiana Heartbreak High, lançada ano passado. Entretanto há outros conteúdos originais do país, como o filme Cargo (foto), de 2017, que conta com o astro Martin Freeman como protagonista. O Disney+, por sua vez, lançou alguns documentários locais, incluindo Fearless: The Inside Story of the AFLW e Shipwreck Hunters Australia.

Há anos que a indústria australiana pressiona seu governo para aplicar as cotas de conteúdo aos grandes streamings globais. A Screen Producers Australia, por exemplo, sugere um modelo no qual as plataformas devem gastar 20% de sua receita local em produções australianas. Mas, dada a diversidade de modelos de monetização e a ampla gama de parcerias locais e internacionais que as operadoras de streaming empregam na Austrália, elaborar os detalhes da política é algo que envolve uma maior complexidade. Além disso, a definição clara do que se qualifica como conteúdo “australiano” também precisa ser melhor elaborada.

O governo australiano diz que continuará a realizar consultas com as empresas de streaming e grupos do setor até que a legislação seja introduzida. As expectativas da indústria local são de que que a política inclua: uma parcela necessária da receita que deve ser gasta em conteúdo australiano; requisitos para gêneros privilegiados, como documentários e conteúdo infantil; e cotas mínimas de transporte para conteúdo australiano “detectável” em todas as plataformas, entre outros termos comerciais.

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