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01 Fevereiro 2023 | Renata Vomero

Documentário de Fabrício Bittar se aprofunda no fenômeno eSports: "minha curiosidade é a do espectador"

Ainda em fase de produção, filme deve chegar aos cinemas no segundo semestre de 2023

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Ex-campeões mundiais de CS:GO se juntaram para um jogo comemorativo no IEM Rio Major 2022. (Foto: Divulgação)

Um dos grandes fenômenos culturais deste século sem dúvida é o universo de esportes eletrônicos, que movimenta bilhões no mercado global e une milhares de jovens envolvidos desde à apreciação até a prática e produção de conteúdo sobre o universo. Com o objetivo de investigar e desvendar os bastidores deste mundo, o cineasta Fabrício Bittar está desenvolvendo o documentário O Fenômeno eSports, com produção da Clube Filmes.

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Diretor do documentário Amor Sertanejo, da Netflix, Bittar traz a mesma proposta para a nova produção: investigar e desvendar não só o fenômeno do eSports, como entender o que o levou a ser tão relevante no meio gamer e cultural, além de mostrar os bastidores e os caminhos para o futuro. Tudo isso pensando nos fãs e também no público geral, curioso para conhecer mais sobre o assunto.

“O que motiva o documentário é a curiosidade, a minha curiosidade é a do espectador. Uma coisa que a gente conseguiu no ‘Amor Sertanejo’ e que quero tentar agora é fazer um documentário que agrade quem conhece muito sobre eSports, que vai ter acesso a seus ídolos, saber mais, mas também quero que chegue naquela pessoa que não entende nada, quer conhecer esse mercado”, explicou Fabrício Bittar em entrevista ao Portal Exibidor.

Para tal, a equipe se debruça em conversar com nomes relevantes deste meio, desde jogadores, até a apresentadores, streamers, fãs, produtores e fomentadores desta atividade, tudo isso para criar essa linha narrativa que remonta o início do fenômeno até o momento atual.

Alguns pontos importantes são destacados com isso, não só os bastidores por si só, mas a importância dos esportes eletrônicos para aqueles que trabalham com ele, para os apaixonados e também para aqueles que enxergam nesta atividade a chance de mudar de vida, como instrumento de inclusão social.

“Outra coisa que abordamos é que existe a possibilidade de inclusão, o Free Fire, por exemplo, que é um jogo de celular, incluiu muitas pessoas. A gente ainda tem o problema de infraestrutura no Brasil, é caro. Mas ele, por funcionar no celular, você vê gente de todo o Brasil e de diferentes classes sociais jogando, pessoas que conseguiram mudar a vida das famílias com isso. Conversamos com a AfroGames, do AfrorReggae no Rio de Janeiro, que oferece esse espaço dentro das comunidades da cidade, é algo que todo esporte faz, é importante para essa inclusão e incentivar que crianças tenham outra vida, o eSport está fazendo isso já”, ressaltou.

Para além disso, Fabrício também conta como o esporte eletrônico atingiu tamanho patamar que universidades estrangeiras estão oferecendo bolsas de estudos, inclusive para alunos brasileiros, para os jogadores de eSports poderem se desenvolver dentro desses ambientes enquanto cursam a faculdade.

É impossível não ver a palavra esporte ser citada durante este texto ou ter paralelos na fala do cineasta. Há poucas semanas o tema veio à tona quando esquentou o debate sobre a validação desta atividade como esporte ou não por conta de uma fala da Ministra do Esporte, Ana Moser, que negou isso.

Sem trazer uma resposta ou entrar no mérito da fala dela – também plenamente legítima –, o filme busca trazer conhecimento sobre esse universo, mas sem deixar de lado, claro, alguns paralelos com os esportes mais tradicionais.

“O que estou descobrindo é que tem um sistema muito semelhante ao de outros esportes, os atletas treinam horas por dia, contam com auxilio de nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo. Eles chegam 10h, saem 21h ou 22h da noite, jogando constantemente. Este time, por exemplo, já contam com jogadores estrangeiros, é um time brasileiro que investe nisso”, comentou Bittar, que complementou: “O que a gente está notando e aprofundando no documentário é que é um fenômeno e tem chance de crescer ainda mais. Estamos acompanhando uma geração que ainda é muito jovem, mas vai ficar mais velho e vai dominar as iniciativas em torno disso, com o debate do eSports entrando nas Olimpíadas, sendo exibido na TV Aberta, por exemplo, como a Copa do Mundo”.

Com tudo, sendo uma indústria que movimenta bilhões de reais, mais lucrativa do que qualquer outro segmento do entretenimento, e atraindo milhares de interessados dentro de seu ecossistema, vem a ideia de priorizar o lançamento nos cinemas.

Especialmente por ser uma comunidade extremamente engajada e conectada, mas que acaba tendo poucas oportunidades para o encontro físico, que acabaria sendo potencializado pela exibição em tela grande e na sala escura.

“Nosso planejamento é chegar nas telonas no segundo semestre do ano. Porque acredito que é um filme para cinema, cada vez mais o cinema é um espaço de experiência, e conjunta, a gente está vendo cada vez mais experiências, como jogo de futebol, show, final de campeonato dentro da sala escura. Quero muito que esse filme seja a oportunidade dos fãs de eSport se encontrarem no cinema. A gente percebeu muito gravando os eventos ao vivo, eles passam muito tempo online, mas eles sentem muito uma necessidade de se encontrar. O cinema tem essa possibilidade de reunir essa tribo que é muito grande, a gente está falando de milhões de pessoas que ficam em uma live, só a BGS juntou 2 milhões, se a gente conseguir uma parte desse público para o cinema será incrível e é isso o que estamos buscando”, destacou Fabricio.

O cineasta ainda convidou os exibidores a pensarem em diferentes formas de trabalhar esse conteúdo, casando com a possibilidade de fazer uma live dentro sala com algum streamer querido pelos fãs, ou trazer outras opções de entretenimento para esse público.

O documentário que está em processo de produção, já tem desdobramentos previstos, é que a Clube Filmes prepara também uma série de ficção e um reality show sobre o universo dos eSports.

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