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06 Dezembro 2022 | Renata Vomero

Atenção dividida e maior nível de exigência: CineAsia discute novo perfil das audiências

Convenção do mercado de cinema está acontecendo em Bangkok até 8 de dezembro

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(Foto: CineAsia)

O CineAsia está de volta após três anos sem ser realizado. Um dos mais relevantes eventos do mercado de cinema da Ásia, organizado pela Film Expo Group, está acontecendo em Bangkok, na Tailândia, entre os dias 5 e 8 de dezembro.

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Nesta terça-feira (6), a convenção –  que conta com apresentações dos estúdios, painéis e debates e uma feira de negócios –  foi palco de uma discussão mais do que relevante para toda a indústria cinematográfica: o novo perfil de comportamento das audiências.

Embora a conversa, que reuniu exibidores e distribuidores, tenha sido voltada para analisar os hábitos dos clientes asiáticos, os insights são perfeitamente aplicáveis para o restante do mundo, já que o público está seguindo padrões bastante semelhantes.  As informações são da Variety.

É unanimidade de que os hábitos de consumo de cinema mudaram no pós-pandemia, em que se esperava a tal volta da normalidade. No entanto, os executivos presentes denotaram essas transformações e não atribuíram elas somente ao streaming.

“Os consumidores mudaram seus hábitos em favor dos sucessos de bilheteria. [Ir ao cinema] não é mais uma atividade regular. Tornou-se mais voltado para filmes evento”, disse Koh Mei Lee, CEO da maior rede exibidora da Malásia, a Golden Screen Cinemas. Para a executiva, a retomada deste hábito precisa ser conduzida e administrada pelos exibidores.

São estes os profissionais que mais sentem essa mudança, sendo, então, forçados a lidar com uma audiência muito mais seletiva e com atenção disputada por diversas outras opções de entretenimento, todas bastante atrativas.

“Temos que tornar a ida ao cinema divertida novamente, comunicar que não há mais restrições de assentos ou uso obrigatório de máscaras. Hoje em dia tudo tem que ser pré-agendado, o que torna a tarefa de sair de casa muito mais difícil”, comentou Mark Shaw, diretor da Shaw Cinemas, exibidora e distribuidora de Cingapura, que viu uma recuperação mais lenta do que esperado do público.

E é impossível tocar nesse assunto sem discutir o preço dos ingressos, que subiu de valor globalmente (o que explica a discrepância geral em venda de tickets e renda) e tem sido fator decisivo na escolha de ir ao cinema. Tudo isso faz aumentar a frequência em dias mais baratos – normalmente dando preferência em dias de semana em detrimento dos fins de semana – e reforça esse caráter de seletividade.

Algo ainda mais interessante dessa mudança de perfil do público surge como resultado de todas essas variáveis. Atores antes importantes se tornam ainda mais cruciais no momento de decisão de assistir a algo: influenciadores, amigos e críticos, além do famoso boca a boca.

Desta forma, não tem sido raro ver títulos ganhando força a partir de sua segunda semana em cartaz, gerando boa sustentação nas bilheterias e se tornando um ponto de atenção de toda indústria, que precisa ser mais assertiva quanto a este timing.

A programação também precisa manter essa assertividade, segundo os executivos. 2022, por exemplo, passou por um período significativo sem lançamentos de blockbusters e, mesmo com alguns títulos fortes chegando a partir de outubro, ainda não conseguiu estabelecer um bom ritmo de estreias. Assim, as expectativas maiores ficam para 2023.

“Depois de ver o melhor trimestre da nossa história, começamos a aumentar os investimentos. Então o trimestre seguinte foi o pior. Isso nos fez questionar. Vimos que a frequência diminuiu e que os gostos estão mudando”, disse Devang Sampat, CEO da Cinépolis, Índia.

E com isso as produções locais também acabam ganhando cada vez mais força, o que destaca a necessidade de abrir espaço maior para essas produções, além do aumento nos investimentos para que sejam realizadas. Para os executivos presentes, o público asiático deve retomar a regularidade da frequência ao cinema a partir de uma programação de contemple gêneros variados de filmes, passando por blockbusters de Hollywood e títulos locais.

“Embora possamos ser otimistas, também precisamos aceitar que devemos fazer as coisas de maneira diferente”, disse Soupy Rathanamongkolmas, vice-presidente do Sul da Ásia na Universal Pictures International.

Ele destacou a necessidade de se apoiar mais na análise de dados e insights, além, claro, de uma maior união e troca de inteligência e informações entre os distribuidores e os exibidores.

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