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25 Outubro 2022 | Yuri Codogno

Universidade do Sul da Califórnia e Good Energy divulgam estudo sobre a presença de mudanças climáticas nos roteiros de filmes e TV

Apenas 0,6% dos roteiros mencionaram especificamente o termo "mudança climática"

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(Foto: Divulgação)

Após lançar um documento sobre as mudanças climáticas, a Good Energy, uma consultoria de histórias sem fins lucrativos, compartilhou no último dia 12 seu estudo focado na ausência da crise climática nos roteiros de filmes e TV. Feito em parceria com o Media Impact Project da Universidade do Sul da Califórnia (USC), a pesquisa analisou milhares de roteiros escritos entre os anos de 2016 a 2020. As informações são do portal Hollywood Reporter.

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“Começamos a fazer a pesquisa por volta dessa época no ano passado, então realmente foi um processo de um ano obtendo os dados e criando-os juntos para ver o que significava. Já esperávamos que os números fossem baixos, mas apenas 2,8% de todos os roteiros analisados ​​incluíram palavras-chave relacionadas ao clima. É uma ausência bastante gritante, visto que estamos falando de um fenômeno que literalmente todos os humanos na Terra estão experimentando de maneira individual e coletiva”, disse Anna Jane Joyner, fundadora da Good Energy.

Erica Rosenthal, diretora de pesquisa do Norman Lear Center, centro de pesquisa multidisciplinar da USC, ressaltou que sua equipe estuda a prevalência de vários problemas sociais e de saúde no entretenimento há mais de 20 anos. “Na verdade, há muito pouca pesquisa sobre a frequência com que as questões das mudanças climáticas são representadas no entretenimento e qual o apetite do público por essas histórias. Também há pouquíssimas pesquisas sobre o impacto que as histórias climáticas podem ter no público, que é algo que estamos procurando examinar nas pesquisas atuais e futuras em parceria com a Good Energy”, afirmou Erica.

No período de cinco anos, a equipe analisou cerca de 37.500 roteiros de TV e filmes, desenvolvendo um banco de dados de transcrições de roteiros e pesquisando termos de sua lista com 36 palavras-chave relacionadas ao clima.

“Medimos a frequência com que esses termos de pesquisa apareciam e fizemos alguns detalhamentos para entender em quais gêneros eles apareceram, quais redes estão abordando o clima com mais frequência em suas histórias e se um roteiro que mencionou palavras-chave sobre mudanças climáticas está realmente abordando ações que as pessoas podem tomar”, ressaltou Rosenthal.

Além de analisar os roteiros, a equipe conversou com mais de duas mil pessoas e descobriu que quase metade gostaria de ver as mudanças climáticas melhor trabalhadas em filmes e séries e que outra parte notável das pessoas está aberta a ver isso com mais frequência.

Entre os serviços de TV a cabo, a Showtime teve o maior número de menções climáticas. Mas ainda sim ficou abaixo dos episódios da NatGeo, que, com 14,6%, inclui mais menções climáticas do que qualquer outra rede a cabo. A HBO Max, por sua vez, liderou os streamers com 6,4% de conteúdo aprovado pelo estudo. A Netflix, porém, devido ao maior número de produções, foi quem teve o maior total de menções climáticas.

“Acho que o que realmente me surpreendeu foi o fato do público acreditar que se preocupa mais com as mudanças climáticas do que os personagens da TV [e do filme]”, disse Joyner. “E também foi impressionante para mim que, quando os desastres naturais aparecem na televisão e no cinema – como secas, ondas de calor, incêndios florestais, furacões monstruosos –, eles só estão conectados às mudanças climáticas em apenas 10% dos casos. Quando a indústria de combustíveis fósseis é abordada em um roteiro, ela só está conectada às mudanças climáticas em 12% das vezes. Essas são duas áreas que os roteiros deveriam fazer mais conexões”, sugeriu.

De acordo com os dados, o público geralmente não consegue se lembrar das mudanças climáticas em filmes e séries. Os dois filmes com elementos climáticos mais lembrados pelo público foram O Dia Depois de Amanhã e 2012, que, nas palavras de Joyner, este último é “uma história de apocalipse maia de filme-catástrofe que não tem nada a ver com mudanças climáticas”.

A equipe da Good Energy planeja fazer outra rodada de análise de dados no próximo ano, analisando os roteiros de 2021 e 2022 e provavelmente repetirá esse processo de pesquisa a cada dois anos para ver como - e se - as narrativas estão mudando. Enquanto isso, a Good Energy também está lançando um workshop em que estão trabalhando com aproximadamente 150 escritores para ajudar os criativos da indústria do entretenimento a descobrir como estabelecer personagens que estão enfrentando mudanças climáticas reais, usando como uma estrutura para abordar o arco de uma história de forma mais ampla.

“Descobrimos através de pesquisas qualitativas que quando dizemos 'história climática' ou 'narrativa climática', isso é mal interpretado porque as pessoas pensam que estamos pedindo que escrevam um tipo totalmente novo de história ou então um gênero totalmente novo. Mas o que estamos realmente dizendo é que, independentemente do gênero ou da história, se está acontecendo hoje ou nos próximos 100 anos, a mudança climática já faz parte da história”, disse Joyner, ressaltando que o necessário é apenas abordar o tema.

A pesquisa está disponível em um PDF nos sites da USC e da Good Energy.

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