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21 Outubro 2022 | Yuri Codogno

"É o primeiro filme brasileiro de comédia de ação", destacam os diretores de "Abestalhados 2"

Diferentes escolas e gerações de humoristas se encontram em tela para a realização do longa

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(Foto: Divulgação)

“O Brasil quer rir” é uma das frases que o personagem de Paulinho Serra diz em determinado momento do filme. Marcos Jorge, um dos diretores do longa ao lado de Marcelo Botta, vai além: “o Brasil precisa rir”. E é muito em cima do riso que o desenvolvimento de Abestalhados 2 (Disney) acontece e o seu estrelado elenco de humoristas de diferentes escolas e gerações é a prova disso. 

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O Portal Exibidor teve a oportunidade de assistir com antecedência ao filme (que entra em cartaz no próximo dia 27) e também de conversar com os dois diretores do longa.

Abestalhados 2 não precisou nem do primeiro filme para ganhar uma sequência. Sua trama gira em torno de quatro amigos - interpretados por Paulinho Serra, Felipe Torres, Raul Chequer e Leandro Ramos - que têm o objetivo de produzir um filme hollywoodiano no Brasil. “Acelerados 2” é o título do longa-metragem que estão gravando e é uma continuação mesmo sem ter tido o filme de origem. Nas palavras dos personagens, “o primeiro filme só serve para impulsionar o sucesso do segundo”, então por essa razão é melhor já começar pela sequência.

Em relação ao gênero, Abestalhados 2 inova ao lançar o primeiro filme nacional que une comédia com ação. “A gente tem que destacar as cenas de ação, que são muito importantes no filme. A gente, desde o começo, queria fazer uma comédia de ação. E para isso, a gente teria que fazê-las em um nível de realização para competir com o cinema americano. E ao mesmo tempo é uma comédia, então a gente queria que tivesse esse realismo, essa coisa gostosa de a gente rir o dia inteiro”, ressaltou Marcos Jorge ao destacar uma das qualidades do filme.

A comédia, como é de se imaginar, também ganhou elogios de Marcelo Botta: “a gente ficou feliz de ver que no Festival do Rio o público riu demais. Eu não lembro de um minuto que a galera tenha ficado sem rir. E acho que essa era a busca. Existem várias formas de fazer comédia, trouxemos as referências do Marcos, as minhas e de todo esse elenco. O Gabriel Di Giacomo e o Pedro Leite, que são roteiristas também. A gente trouxe muitas escolas de comédia diferentes para criar uma comédia que a gente acredita que é muito original e, o mais importante, que é muito engraçada”.

De fato, as referências foram muitas. Além da expertise dos diretores, cada um do elenco agregou do seu jeito. Além de Paulinho Serra, com experiência em diversos projetos de comédia, Felipe Torres e Bruno Sutter trouxeram o irreverente humor do Hermes & Renato, assim como Leandro Ramos e Raul Chequer apresentaram as nuances vistas no Choque de Cultura, da TV Quase. Além deles, há também a participação de outros humoristas, como Wellington Muniz, o Ceará, do programa Pânico. 

“São todos comediantes que tem muitos recursos de diferentes escolas. Escolhemos pessoas que se encaixavam nessa linguagem, de uma comédia que tem um tom que é mais real, que não é tão marcadão, que está muito mais no silêncio, na expressão, no constrangimento”, comentou Marcelo. “Lembro que o Felipe falava ‘que legal fazer cinema, porque a gente ensaia, eu tenho tempo no set pra fazer uma vez, fazer duas, fazer três, tentar, aperfeiçoar’. Então a gente chamou e os deixou organicamente conectados pela direção cinematográfica que a gente queria que o filme tivesse. E a gente quis fazer isso sem matar o que cada um deles podia trazer. Então tinha um jeito de colocá-los na cena, mas a gente queria que eles fossem eles mesmos”, completou Marcos Jorge.

Algo que, na visão dos diretores, também é muito importante é a questão de ser um filme família, que tem potencial para um público mais amplo. Voltando ao riso, comentado no início desse texto, Marcelo lembrou que o brasileiro está passando por um momento difícil, com muitos problemas acontecendo no Brasil. “É um filme que não coloca barreiras, ele não exclui, Ele une as pessoas. Eu acho que isso é um pouco sobre nossa história, sobre nosso país. É um filme pra família toda e pra dar risada, pra sair do cinema com a alma lavada de tanto rir”, disse Marcelo Botta ao concluir sua ideia. 

Marcos Jorge, aliás, também crê em Abestalhados 2 como uma metáfora de como colegas, amigos e famílias são na vida real: “essas quatro pessoas [protagonistas do filme] brigam porque eles têm diferentes visões de como se faz o cinema. Mas o tempo todo eles são muito unidos, na hora de filmar eles trabalham juntos. É um pouco do que a gente acha que o Brasil precisa”.

Abestalhados 2 também funciona como uma metáfora para o mundo cinematográfico, visto que estamos vendo um filme dentro do filme. Deste modo, acompanhamos parte do processo de produção de um longa-metragem e vemos de perto as dificuldades que há no país para a realização de um filme. “Acho que o nosso filme é sobre a magia do cinema e como realmente ela consegue transcender todas as coisas que a gente fez para fazer aquilo que está vendo”, completou Marcos Jorge.

A produção nacional, aliás, ganha uma nova característica com Abestalhados 2. Como ressaltou Marcelo, “o cinema brasileiro não é uma coisa que possa colocar numa caixinha e falar ‘é isso’”. A verdade é que ao produzir uma ação de comédia, os diretores tentam mostrar que é sim possível desenvolver qualquer tipo de gênero na produção cinematográfica nacional. O diretor disse ainda que o cinema nacional pode ser o que quiser: “a comédia e a ação são os gêneros que o brasileiro ama e a gente não vê eles juntos na tela. E agora esperamos que ele seja um sucesso e seja um novo gênero e que venham novas comédias de ação. O cinema brasileiro tem espaço pra tudo”.  

Abestalhado 2 é, na visão de Marcos Jorge, “um filme que é pro cinema, é sobre o cinema e foi feito para ser visto no cinema, porque as muitas cenas que tem de ação crescem muito na tela grande”. 

Por fim, agora que o segundo filme está sendo lançado antes mesmo do primeiro, ficamos no aguardo da sequência. Abestalhados 4 é a oportunidade do cinema se livrar da maldição do terceiro filme, comumente considerado o pior da franquia. Marcos Jorge e Marcelo Botta aprovaram a ideia. Agora eu fico na expectativa de ter um filme lançado a partir de uma pequena ideia que tive.

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