De acordo com dados iniciais compilados pela EMedia para a Associação Italiana de Produtores Audiovisuais (APA) divulgados na semana passada (14), as produções originais de TV e filmes italianos receberam entre US$ 1,37 bilhão e US$ 1,44 bilhão em investimentos no ano passado. As informações são dos portais Deadline e Screen Daily. 

A APA ressaltou que essa estimativa é conservadora e foi 37% maior do que em 2017, quando os investimentos chegaram a US$ 980 milhões. O relatório calculou uma taxa de crescimento de 8,2% anuais até 2021.

Séries e filmes produzidos para TV ou lançamento online representaram US$ 649 milhões do investimento total, enquanto programas de TV de não ficção, como entretenimento e documentários, receberam US$ 352 milhões e animação US$ 46 milhões. Estima-se que entre US$ 342 milhões e US$ 391 milhões foram investidos em lançamento para os cinemas.

Dentro do valor investido para TV e lançamentos online, US$ 311 milhões são oriundos de produtores italianos e internacionais que aproveitaram o crédito fiscal de 14% da Itália (cujo valor foi incluído no montante). US$ 117 milhões vieram das plataformas de streaming e US$ 220 das tradicionais emissoras de TV aberta e paga. A previsão é que o valor alcance US$ 789 milhões até 2025.

Deste modo, o relatório da APA confirma o recente boom das produções originais na Itália, encabeçado pela entrada de plataformas globais no mercado e sustentado pelo generoso esquema de redução de impostos de 14% do país para produções filmadas localmente.

As receitas totais do setor audiovisual italiano em 2021, abrangendo todas as plataformas de cinema e de TV, chegaram a US$ 9,93 bilhões, com o mercado de TV respondendo por US$ 7,7 bilhões do montante. O emergente segmento de AVOD gerou US$ 1,22 bilhão, enquanto as plataformas VoD e SVoD representaram US$ 734 milhões.

Em relação ao setor de cinema, foi gerada uma receita total de US$ 166 milhões, mesmo lutando para se manter frente às dificuldades impostas pela pandemia do Covid-19.

O estudo também mostrou que o número de séries e filmes de alto nível voltados para TV e streaming aumentou de 58 em 2017 para 80 em 2021. O custo médio por hora de produção também subiu no período:  de US$ 763 mil para quase US$ 1 milhão.

Entretanto é importante lembrar que mesmo com o crescimento em diversas frentes de produção, a emissora estatal Rai ainda domina o cenário italiano. Das 570 horas de ficção oferecidas no país entre setembro de 2021 e o mesmo mês de 2022, a Rai foi responsável por 74% da oferta, seguida por Sky e Mediaset (8% cada), Netflix (6%), Amazon (3%) e Disney+ (1%).

Espera-se que, a partir de agora, os streamings tenham uma fatia maior do mercado, com o relatório sugerindo que o valor dos investimentos das plataformas provavelmente irá se equiparar com o das emissoras tradicionais até 2025.

O estudo também trouxe insights sobre a trajetória internacional do conteúdo original italiano, realizado em parceria com a produtora Anica. Os dados, oriundos em uma apresentação anterior da própria Anica, mostraram que o número de dramas e filmes italianos originais que garantem algum tipo de distribuição internacional mais que dobrou entre 2017 e 2021.

Profissionais do mercado

O relatório também mostrou resultados sobre o trabalho no setor audiovisual da Itália. Ao todo, 111.235 profissionais viviam do setor em 2021. Destes, 47.014 foram classificados como independentes e 44.075 como funcionários de empresas, sendo o restante em profissões ligadas ao setor.

Olhando para a representação de gênero nas diferentes profissões do segmento, o estudo constatou que, embora as mulheres fossem maioria nos departamentos de maquiagem e cabelo, elas representavam apenas 23% da equipe técnica e 12,4% de cineastas e outros cargos semelhantes.