As bilheterias do Reino Unido e da Irlanda, juntas, deverão chegar a US$ 1,13 bilhão (£ 1 bilhão na moeda local) até o final de 2022, de acordo com Lucy Jones, diretora executiva da empresa de pesquisa e análise Comscore Movies. O valor é cerca de 25% inferior aos números pré-pandemia, quando superou US$ 1,47 bilhão (£ 1,3 bilhão) por três anos consecutivos, entre 2017 e 2019. As informações são do portal Screen Daily.

Mesmo abaixo do período pré-pandêmico, alcançar o bilhão denota uma melhora em relação ao início do ano, quando as bilheterias estavam 40% abaixo dos níveis de 2019. Muito importantes para a retomada, até agora 18 filmes superaram US$ 11,5 milhões de arrecadação na região, sendo que 11 deles ultrapassaram US$ 23 milhões.

Apesar disso, os 25% representam uma ligeira queda em relação há dois meses, quando as análises apontavam para uma queda de somente 20% em relação a 2019. Mas com a baixa que os cinemas tiveram desde o final das férias de verão no hemisférios norte, a diferença de 5% não é vista com maus olhos. Para exemplificar, durante sua apresentação no Film London e FilmHub Scotland's Distributor Slate Days, Lucy Jones ressaltou que foram sete semanas consecutivas que as receitas de bilheteria caíram: de quase US$ 46 milhões no final de maio, foi para US$ 11,5 milhões em  9 de setembro.

No entanto, Reino Unido e Irlanda estão superando a média global, que caiu 34% em relação aos níveis pré-pandemia. Deste modo, há uma onda de otimismo para o final do ano, especialmente com os filmes Halloween Ends (Universal), em 14 de outubro, Adão Negro (Warner), em 21 de outubro e Pantera Negra: Wakanda para Sempre (Disney), em 11 de novembro. E também não podemos ignorar Avatar: O Caminho da Água (Disney), que estreia em 16 de dezembro, portanto parte da receita será obtida somente em 2023, mas que nas duas primeiras semanas em cartaz deverá alcançar excelentes números. 

Lucy Jones também ofereceu conselhos de marketing para os exibidores, citando o sucesso do recente Dia Nacional do Cinema, que começou a ser divulgado apenas uma semana antes do evento. “Nunca é tarde para começar. Se você tem um filme saindo, faça um esforço de marketing se puder”, disse a executiva, ressaltando que a chave para atrair o público é dar às pessoas um prazo, onde há algo acontecendo em um determinado momento. “Vimos isso nos anúncios das [primeiras] reedições de Avatar, dizendo ‘por apenas duas semanas, venha aos cinemas'. Você precisa dar às pessoas esse senso de urgência, de que é preciso ir e ver no cinema agora”, concluiu Jones.

No Brasil

O cenário do cinema nacional, porém, é bem diferente do observado no Reino Unido. Segundo o Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), até o final de setembro, o país registrou 69,3 milhões de público, representando apenas 39,3% dos 176 milhões de tickets vendidos em 2019. Se a média de venda continuar a mesma, o Brasil fechará o ano com 92,4 milhões* de público, o que representa apenas 52,5% do número obtido no último ano pré-pandemia. 

Em renda, as bilheterias de 2022, até a última semana de setembro, registraram R$ 1,319 bilhão, o que representa somente 47,2% frente aos R$ 2,79 bilhões arrecadados em 2019. Pela projeção, será possível alcançar R$ 1,758 bilhão* até o fim de dezembro, o que indicaria 63% da arrecadação de 2019.

*Metodologia: para os cálculos de projeção de público e arrecadação de 2022, foram pegos os valores obtidos até agora e divididos pelo números de meses cheios que tivemos até o momento (no caso, 9). O valor final da divisão é a média mensal, que foi multiplicada pelos 12 meses do ano.