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09 Setembro 2022 | Renata Vomero

Nome consagrado do cinema, Luiz Bolognesi quer continuar se transformando no audiovisual

Bolognesi é produtor de "A Viagem de Pedro" e diretor da nova série da HBO "Funk.doc"

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Bastidores do filme "A Última Floresta" (Foto: Divulgação)

Um dos grandes nomes do nosso audiovisual, Luiz Bolognesi está nos créditos de grandes lançamentos dos últimos tempos. Quem for ao cinema para ver A Viagem de Pedro (Vitrine), de Laís Bodanzky, o verá na assinatura de produção, e quem der o play para ver Funk.doc: Popular & Proibido, da HBO Max, verá que ele está no comando da direção.

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Entre os mais recentes também se destaca, e não é pouco, A Última Floresta (Gullane), ganhador do Prêmio do Público no Festival de Berlim, Melhor Filme no Festival de Seul e Melhor Roteiro de Documentário no 6º Prêmio da Associação Brasileira de Autores-roteiristas (Abra). Além da boa repercussão entre a crítica e o público.

“É muito relevante para mim e muito relevante para a causa indígena o sucesso desse filme, a imagem forte dos Yanomami lutando contra o próprio garimpo e destruição da floresta.  Para mim, esse é o aspecto mais importante ainda mais do que esse reconhecimento ao meu trabalho”, comentou o cineasta ao Portal Exibidor.

Bolognesi atua como roteirista, produtor e diretor, já foi premiado em diversas categorias em todas essas frentes, desde animação à documentário, reforçando sua versatilidade e a vontade de seguir trazendo mais musculatura – na palavra que ele mesmo gosta de dizer – para o cinema nacional, especialmente aos mais jovens.

“Sobre a importância de a gente estar produzindo gêneros diferentes, primeiro é o fortalecimento da indústria, ela tem que ser diversa e passar por diversos gêneros. Do ponto de vista artístico e de identidade, é como na literatura, é muito interessante e cria musculatura para os novos talentos, com a gente tendo um repertório e linguagem própria produzidos aqui. Estamos caminhando por tudo, quanto mais a gente avançar, mais musculatura a gente tem e mais potência de crescer o mercado e de criar e abrir mercado para os jovens encontrarem emprego e carreira”, ressaltou.

Sobre a direção, especialmente de documentários, campo que vem se mostrado sua menina dos olhos, o cineasta ganha corpo retratando populações marginalizadas, seja a população indígena que está em A Última Floresta, seja a negra e periférica, que está em Funk.Doc, que também tem produção da Gullane Entretenimento, parceira de longa data do profissional e sua produtora, a Buriti Filmes, fundada ao lado de Laís Bodanzky.

Neste sentido, é um caminho que não apenas se abre a ele por interesse pessoal, mas também por ele entender que isso é de extrema importância para o nosso audiovisual, que ganha nova vida e oxigenação.

“Isso é crucial para transformar o país, para que outras vozes alertem sobre as desigualdades, a violência, e isso criar uma reflexão no meio da opinião pública a favor de uma justiça social. Além disso, quando há espaço para eles, eles renovam nosso audiovisual, algo que os americanos mais buscam, com novas histórias e maneiras de contar histórias. A gente abrir câmera e escuta para eles e mais do que isso facilitar o processo para que cada vez mais autores indígenas e pretos possam colocar no mercado e nos espaços de arte seu trabalho, vai fortalecer a estrutura do nosso audiovisual economicamente e enquanto linguagem”, afirmou.

Já pronto para chegar ao grande público em 2023 –  com produção de Luiz Bolognesi e a própria Buriti Filmes – vem Perlimps (Vitrine), próxima animação de Alê Abreu, indicado ao Oscar por O Menino e o Mundo. Com promessa de alcançar um público ainda maior, no Brasil e no mundo, e já tendo feito sua passagem pelo renomado  Festival Annecy, a produção demonstra mais uma faceta de Bolognesi, que mesmo diante de uma trajetória que soma sucessos comerciais, artísticos e internacionais, não parece estar nem perto de se acomodar.

“Sinto que ainda estou no meio do caminho, tenho muita coisa para fazer, tenho muitos projetos. Olho para traz e sou extremamente agradecido pelos parceiros e oportunidades. Fui beneficiado por uma política audiovisual extremamente madura da Ancine, que fomentou o cinema de arte, o cinema brasileiro e de autor, criou públicos e deu oportunidade para se produzir muito. Então, aproveitei esse momento e trabalhei em filmes que tenho muito orgulho. Quando olho para trás, claro que vejo alguns problemas, mas pretendo sempre estar melhorando, ajustando, corrigindo, aperfeiçoando e me transformando nos próximos trabalhos”, concluiu.

Bolognesi dirigiu os aclamados Ex-Pajé, Cine Mambembe, Uma História de Amor e Fúria, além das séries documentais Educação.doc, Lutas.doc, Guerra do Brasil.doc, e Juventude Conectada. Entre os inúmeros roteiros que assinou, se destacam Bicho de Sete Cabeças e Como Nossos Pais.

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