E o representante do Brasil para disputar por uma vaga no Oscar 2023 foi selecionado! Marte Um (Embaúba Filmes), dirigido por Gabriel Martins, foi o grande escolhido e agora vai em busca de uma das cinco vagas da categoria Melhor Filme Internacional. O anúncio foi feito nessa segunda-feira (05) pela Academia Brasileira de Cinema.

Cada país é convidado pela Academia do Oscar a enviar aquele que considera seu melhor filme e, após avaliação interna, cinco longas são selecionados para a disputa. A última vez que um longa nacional esteve entre os finalistas foi há 25 anos, com Central do Brasil.

“Estamos vivendo um momento de muita honra e muita felicidade, a mim pessoalmente, pela Filmes de Plástico e por toda a equipe, porque estamos abrindo portas e sem dúvida alguma deixando um rastro de esperança e vontade para quem está chegando agora para fazer cinema, em um momento em que podem estar desacreditados de até onde um filme pode chegar. Então essa seleção é o resultado do trabalho de muita gente e eu acho que esse é o sentimento mais importante, pois Marte Um definitivamente não é um filme que está caminhando sozinho. É o trabalho de muita gente que quer que esse filme voe longe e é isso que representa para mim o que o cinema brasileiro pode ser: uma força coletiva linda e resistente e que não deixa nunca de sonhar com um futuro lindo para a nossa arte”, disse o diretor Gabriel Martins.

Pela primeira vez no Brasil um filme de um diretor preto é escolhido para representar o país na maior premiação do cinema mundial. Caso seja indicado, Gabriel Martins será o quarto diretor negro a ter um filme indicado nessa categoria na história do Oscar. Os outros foram: Rachid Bouchareb (indicado por Days of Glory, Dust of Life e Outside the Law), Abderrahmane Sissako (Timbuktu) e Ladj Ly (Les Miserables).

"A escolha de Marte Um para representar o Brasil no Oscar 2023 foi uma decisão democrática e importante do júri. O filme trata de afeto e de esperança, da possibilidade de seguir sonhando em meio a tantas dificuldades econômicas e políticas. Marte Um sintetiza bem o cinema brasileiro, com qualidade narrativa e técnica, que vem sendo realizado hoje, representando a diversidade do país", ressaltou Bárbara Cariry, presidente da comissão que selecionou o longa.

O filme teve sua estreia mundial no Festival de Sundance e atualmente está em cartaz em cinemas de todo o país. Com a seleção, a distribuidora Embaúba Filmes deve ampliar o número de salas a partir da próxima quinta-feira. Antes, o filme foi exibido no Festival de Gramado, onde recebeu o Prêmio Especial do Júri, o Prêmio do Júri Popular, além de Melhor Roteiro, também assinado por Gabriel Martins, e Melhor Trilha Musical, de Daniel Simitan.

A trama de Marte Um gira em torno do cotidiano de uma família periférica, nos últimos meses de 2018, pouco depois das eleições presidenciais. O garoto Deivid, o caçula da família Martins, sonha em ser astrofísico e participar de uma missão que em 2030 irá colonizar o planeta vermelho. Morando na periferia de um grande centro urbano, não há muitas chances para isso, mas mesmo assim não desiste.

Simultaneamente acompanhamos o arco de Wellington, pai de Deivid, que é porteiro em um prédio de elite e está a um bom tempo sem beber, uma informação que compartilha com orgulho em sessões do AA. Tércia é a mãe que, depois de um incidente envolvendo uma pegadinha de televisão, acredita estar sofrendo de uma maldição. Por fim, a filha mais velha é Eunice, que possui a intenção de se mudar para morar com sua namorada, mas não tem coragem de contar aos pais.