Em uma jogada que é possível descrever como, no mínimo, interessante, a Disney retirou do catálogo do Disney+ o filme que possui a maior bilheteria de todos os tempos. O motivo? Avatar, da antiga 20th Century Fox, que atualmente pertence a Disney, vai reestrear nos cinemas do mundo todo. As informações são dos portais Deadline, Variety e Hollywood Reporter.

O movimento faz parte da campanha de marketing de Avatar 2: O Caminho da Água (Disney), que será lançado em dezembro deste ano. Com isso, o intuito dos envolvidos é elevar a hype e as vendas do novo filme – e também do original.

O produtor Jon Landau comentou parte da estratégia: “precisamos garantir que [o público] tenha uma experiência que não pode ter em nenhum outro lugar e isso precisa ser exclusivamente nos cinemas”.

Avatar retornará aos cinemas no dia 22 de setembro e ficará mundialmente em cartaz durante duas semanas. Mas essa não será a primeira vez que o filme retorna às telonas. Em 2010, um ano após seu lançamento, o longa voltou às salas escuras e fez mais US$ 10,7 milhões na América do Norte e US$ 34 milhões internacionalmente, enquanto no início de 2021 houve o relançamento na China que rendeu impressionantes US$ 57,7 milhões locais.

Esses não foram os únicos relançamentos do longa, que eventualmente voltava aos cinemas para aumentar sua bilheteria, inclusive após ter sido ultrapassado por Vingadores: Ultimato, também da Disney, que possui US$ 2,797 bilhões em ingressos vendidos. Avatar, com todas suas reestreias, retomou a liderança e possui US$ 2,847 bilhões de arrecadação, número que tende a crescer e, quem sabe, bater a casa dos três bilhões.

Mas Avatar não está sozinho. Em um momento com poucos blockbusters entrando em cartaz, muitos cinemas estão optando por reexibir clássicos e é claro que as distribuidoras estão de olho nisso. Um exemplo é Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Sony) que, com US$ 1,901 bilhão arrecadados, é a maior bilheteria desde 2020, quando o mundo entrou na pandemia. Ele será exibido novamente nas telonas a partir do dia 7 de setembro.

E o filme da Marvel tem um grande trunfo: não será apenas uma reexibição, mas sim uma versão estendida com mais de 11 minutos de cenas extras, um acréscimo de quase 10% na duração do filme original. Se depender dos fãs do Amigo da Vizinhança (e dos cinéfilos em geral), o filme baterá a marca dos dois bilhões de dólares em bilheteria.

Embora o mês de setembro historicamente seja mais tranquilo, visto que acentua o término do verão no hemisfério norte, o de 2022 é claramente mais fraco no quesito de lançamentos. Apesar da pandemia estar exponencialmente menor que em seus tempos mais sombrios, o setor cinematográfico – assim como o restante do mundo – vem sofrendo as consequências.

Então, com as promessas de casas menos vazias (já que é um momento difícil para apostarmos em casas cheias), os relançamentos são vistos com bons olhos por toda a indústria, especialmente de distribuição e mais ainda de exibição. Alguns países, como o Reino Unido, possuem programações próprias de reestreias para contornar a crise de estreias.

No Brasil, as últimas semanas foram bastante negativas para as bilheterias, registrando por duas vezes seguidas menos que 700 mil ingressos vendidos (considerando somente o top 10 dos mais assistidos). E a previsão não é das melhores, visto que após a estreia de Não! Não Olhe! (Universal) amanhã (25), o próximo filme que promete mexer bastante com as vendas será lançado somente em 20 de outubro, com Adão Negro (Warner).

Antes há potenciais excelentes filmes que estarão entrando em cartaz, como A Mulher Rei (Sony), Não se Preocupe, Querida (Warner), Órfã 2: A Origem (Diamond), Amsterdam (Disney), Halloween Ends (Universal), entre outros, mas que, apesar das expectativas criadas, não possuem o apelo necessário para levar, individualmente, um público mais diversificado aos cinemas.

E é nesse intervalo, por exemplo, que Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e Avatar, filmes que historicamente levam todos os tipos de públicos às salas escuras, vão ter suas reexibições. Um bom alívio para uma indústria que ainda respira por aparelhos. E se os resultados forem positivos, quem sabe outros clássicos entram nessa onda para cobrir lacunas que infelizmente o setor de exibição mundial terá até o final do ano.

Voltando a Avatar, ele voltará ao catálogo da Disney+ antes da estreia de sua sequência, mas ainda não há uma data definida para o retorno. Enquanto isso, ele está disponível para aluguel em outras plataformas (e aqui fica a opinião do autor: se é para ter um gasto extra, que seja no cinema, onde poderá assisti-lo remasterizado).

Avatar 2: O Caminho da Água, por sua vez, entra em cartaz no dia 15 de dezembro e é esperado que seja recebido pelos exibidores em diferentes formatos, de modo que todos os cinemas, independentemente de suas tecnologias, possam desfrutar de um dos filmes mais hypados do ano.