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27 Julho 2022 | Yuri Codogno

Perfeito dentro da proposta, "Papai é Pop" dialoga com a construção da paternidade e desconstrução da maternidade

Longa mescla drama com comédia e entretém do início ao fim sem deixar sua forte mensagem de lado

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(Foto: Divulgação)

O audiovisual possui o poder de ocupar lacunas que infelizmente a sociedade tem. Através de filmes, séries e afins, o público passa não apenas a conhecer situações, como também aprender a como lidar com elas. E quando determinada obra consegue unir entretenimento com importantes mensagens, de certa forma ela está preenchendo esse espaço vazio.

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Papai é Pop (Galeria) é um dos raros filmes que trabalham de maneira realista com a construção familiar. Sua estreia está programada para 11 de agosto - não por coincidência na semana do dia dos pais - e tem enorme potencial para levar famílias inteiras às salas escuras. E se depender da Galeria Distribuidora, opções de onde assistir não irão faltar, visto que a distribuidora planeja estrear em cerca de 800 salas, segundo Gabriel Gurman, CEO da empresa.

“A princípio está disfarçado de um filme sobre paternidade, mas é [também] sobre maternidade, relação familiar e construção dessa família”. Essa foi uma das frases que o ator Lázaro Ramos disse na coletiva de imprensa, após a exibição para jornalistas de Papai é Pop em que a Exibidor participou no início desta semana, e que resume bem parte da experiência em assistir ao filme.

Se em um primeiro momento a palavra “pai” remete que o filme será apenas sobre o personagem Tom, interpretado por Lázaro, rapidamente a ideia cai por terra. De fato, Tom é o protagonista e o seu arco é que acaba levando a trama para frente. Mas aqui é onde o filme começa a se distanciar de clichês.

O longa simultaneamente aborda a construção da paternidade e a desconstrução da maternidade, porém de maneira realista, visto que nossa sociedade ainda empurra a responsabilidade da criação somente para as mães. Então ao demonstrar como o pai e a mãe reagem de modo diferente ao nascimento do primeiro filho, Papai é Pop busca conscientizar os espectadores.

Papai é Pop, de certa forma, ocupa um lugar de diálogo que muitas vezes está ausente na sociedade, como contou Lázaro Ramos: “há muitos anos eu sonho em fazer um filme que fala de paternidade. É um assunto que, eu, quando me tornei pai, conversei menos do que gostaria. Quando o Caíto [Ortiz, diretor do longa] me chamou pra fazer o filme e me apresentaram o livro O Papai é Pop, que eu não conhecia, fiquei muito feliz. E fizemos esse filme extremamente afetuoso e que fala de um tema que precisamos discutir mais e mais, que é sobre o processo de construção da paternidade”, completou o ator.

A atriz Paolla Oliveira, intérprete de Elisa, também destacou as privações que uma mãe sofre no ambiente doméstico depois que se tem o primeiro filho e que, por não ser mãe, buscou inspiração na vida real para compor sua personagem: “não sou mãe e não queria que as pessoas pensassem ‘eu não acreditei ou não me agradou porque ela não é mãe’, então fui atrás das mães que eu conheço, fui atrás do meu instinto maternal, do que eu acredito que seja afeto dentro de uma família, das dificuldades que existem dentro dessa construção familiar”.

Apesar do foco estar na construção do pai e na desconstrução da mãe, Papai é Pop toca em outros temas relacionados, como trabalho durante o período de licença-paternidade, o que é ser homem, o que é ser mãe, criação solo, adoção, amadurecimento e mais.

Alguns em maior e outras em menor medida, são diversos temas debatidos pelo filme, trazendo mais camadas ao longa e deixando-o mais complexo, como na vida real. “O grande lance desse filme é conseguir tocar nesses temas profundos de maneira leve”, ressaltou Elisa Lucinda, que interpreta a mãe de Tom.

Aliás, o próprio processo de gravação merece destaque, como contou o diretor Caíto Ortiz: “a todo tempo a gente se deparava com nossa criação, nosso passado e referências. O audiovisual é uma ferramenta importante para a gente evoluir na sociedade. E esse filme empurrou a gente mais pra frente”.

Importante ressaltar também o momento da coletiva em que Lázaro Ramos comparou às gravações envolvendo crianças com a vida real: “todas as cenas que tem alguma criança, quem está conduzindo são elas, a gente não manda em nada. Para o bem, porque as [nossas] reações são espontâneas. Eles vão nos ensinando o caminho e nada mais semelhante do que a experiência da construção de uma família, da paternidade. Quando a criança chega, eles vão nos conduzindo e o filme trata disso também”.

Papai é Pop é uma adaptação do livro O Papai é Pop, de Marcos Piangers, que também estava presente na coletiva. “O filme trata sobre essa falta de amadurecimento e de responsabilidade que muitos homens têm, lamentavelmente, por medo. A gente tem 5,5 milhões de crianças sem o nome de pai na certidão. Se não me engano, 2020 foi o ano que mais teve parto sem o nome do pai na certidão de nascimento. São 11 milhões de mães solo. A gente tá vendo uma nação que dá responsabilidade toda da criação para a mulher e o homem foge dessa responsabilidade”, ressaltou o autor.

Marcos Piangers também completou: “o filme chama essa responsabilidade de uma forma muito leve, muito bonita, muito emocionante e muito engraçada. E pra mim é um filme sobre a maternidade me ensinando a ser pai, é a mulher me ensinando a ser homem e é a maternidade ensinando o cara a ser um bom pai”.

Papai é Pop é um filme perfeito dentro de sua proposta e tem estreia prevista para 11 de agosto nos cinemas de todo o Brasil. E se depender do elenco, uma sequência seria bem-vinda: “quero fazer Papai é Pop 2 e eu acho que é obrigatório. Porque o ciclo não se encerrou e como sei que a Galeria é uma produtora e empresa braba, faremos muita coisa por aí”, comentou Lázaro Ramos.

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