28 Junho 2022 | Renata Vomero
Com nova rodada de demissões, Netflix sugere mudança de rota frente à instabilidade
Gigante do streaming vem passando por desaceleração e possível crise
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Não é segredo para ninguém que a Netflix vem passando pelo período mais desafiador de sua bem-sucedida trajetória. Desde que anunciou em abril uma perda significativa de assinantes e, por consequência, de receita, a empresa vem estudando e ensaiando movimentos para amortecer essa instabilidade.
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Os resultados das perdas foram revelados em abril e em maio uma leva de funcionários foram demitidos, cerca de 150 deles, majoritariamente dos EUA. Já no fim da semana passada uma nova rodada de demissões aconteceu, dessa vez de cerca de 300 funcionários, sendo 216 deles dos EUA. As informações são do The Hollywood Reporter.
“Ted e eu nos arrependemos de não termos visto nossa desaceleração no crescimento da receita antes, para que pudéssemos garantir um reajuste mais gradual dos negócios”, comunicava uma nota enviada à equipe na quinta-feira pelos co-chefes da Netflix, Reed Hastings e Ted Sarandos.
Destacamos assim a quantidade de funcionários do escritório dos Estados Unidos demitidos, já que pode sugerir um pouco da estratégia que está sendo desenhada pela empresa, em buscar investir nos mercados internacionais, já que como player global, a Netflix vem encontrando espaço e sucesso com conteúdos de fora dos EUA.
Desta forma, deixando claro que as demissões envolvem um remanejamento de receita – agora impactada -, os executivos da Netflix destacaram que essas reduções implicam em mais investimentos no futuro. A questão é em onde e em que, além, claro, de: a que custo, pensando que se trata de desempregar uma grande quantidade de profissionais de um setor já impactado.
“Planejamos voltar a um curso mais normal de negócios daqui para frente. E à medida que reduzimos em algumas áreas, também continuamos a investir quantias significativas em nosso conteúdo e pessoas: nos próximos 18 meses, nossa base de funcionários está planejada para crescer de aproximadamente 1,5 mil a 11,5 mil”, escreveram Hastings e Sarandos no comunicado.
Além do investimento em audiovisual, especialmente em mercados internacionais, a Netflix vem planejando atuar em algumas frentes diversas, como via para recuperar os clientes perdidos e outras para abocanhar um novo público.
No primeiro caso, se trata do desenvolvimento de uma opção apoiada por anúncios que seja, portanto, mais acessível ao usuário em termos de custos. Programada para ser lançada ainda este ano, essa ferramenta envolverá, claro, investimentos da empresa na área de tecnologia, seja ela interna ou terceirizada para conseguir desenvolver essa nova funcionalidade.
O segundo caso envolve a estratégia de oferecer games dentro da plataforma, mas sem custos adicionais. Esta divisão vem se desenvolvendo de forma gradual, no entanto, logicamente envolve também um aumento de investimento em contratações de profissionais especializados neste segmento, desde postos artísticos e criativos, até de tecnologia também.
Com a perda de receita, obviamente a Netflix está tendo que fazer escolhas estratégicas para realocar seus recursos. Se ontem havia abundância na aquisição de títulos e contratação de grandes talentos, hoje na parte de conteúdos há a intenção de desacelerar, não necessariamente com cortes de gastos, mas torná-los mais estratégicos favorecendo a qualidade das produções, em detrimento da quantidade.
O modelo de negócio da Netflix, que cresceu velozmente nos últimos anos e mais ainda no começo da pandemia, se viu afetado pela concorrência. Diante de novos serviços surgindo com catálogos fortes e grandes talentos e nomes de Hollywood, começou a chamada Guerra do Streaming, com ela já se fala de uma bolha que tende a estourar com a tamanha oferta de serviços e outras opções de entretenimento neste mundo de pós-pandemia, incluindo aí o cinema.
Dessa forma, especialistas apontam que a tendência dos consumidores é de assinarem os serviços e cancelarem depois de assistirem ao que desejam. Desta forma, a retenção de assinatura se dá pela maior oferta de conteúdo atrativo, além de preços – o que vai diretamente ao encontro das duas principais estratégias adotadas pela gigante do streaming. O negócio é se diferenciar, ainda não se sabe exatamente como e o quanto isso pode custar.
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