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17 Junho 2022 | Yuri Codogno

Maioria dos brasileiros acredita que filmes e TV precisam ter representatividade, diz estudo

Pesquisa da Paramount entrevistou mais de 15 mil pessoas de pelo menos 15 países diferentes

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(Foto: Divulgação)

O conglomerado Paramount Global divulgou os resultados de seu mais novo projeto da área de Insights. Meu Reflexo: Representatividade Mundial nas Telas é um estudo que aponta como o público mundial entende que as empresas de entretenimento têm a responsabilidade de aumentar a representatividade nos filmes e TV.

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O estudo foi realizado pelo Race and Equity Taskforce, da Paramount International Networks, como parte do Content for Change, uma iniciativa mundial da Paramount que visa combater o racismo, o preconceito, os estereótipos e o discurso de ódio por meio da cultura da empresa, da sua cadeia de suprimentos criativos e, por último, através do conteúdo que cria.

A pesquisa é sobre como a televisão e o entretenimento ensinam as pessoas sobre si mesmas e sobre os outros. Para ser realizada, ela contou com 15.387 pessoas, entre 13 e 49 anos, de 15 países: Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Alemanha, Itália, Malásia, México, Holanda, Nigéria, Polônia, Cingapura, África do Sul, Reino Unido, EUA, além de entrevistas em vídeo remotas em sete países com moradores de diversas origens e identidades.

Meu Reflexo: Representatividade Mundial nas Telas apontou que a representatividade é importante para o público em todo o mundo, visto que mais de 80% dos entrevistados pediram melhorias dentro e fora da tela. O número sobe para 85% entre as pessoas com herança mista, para quase 90% entre os grupos étnicos marginalizados e vai acima de 90% entre as pessoas negras. No Brasil, 89% apontaram que empresas que produzem conteúdo precisam se comprometer com o aumento da representatividade nas telas, enquanto 91% (92%, entre pessoas negras) acham que o compromisso dessas empresas também deve acontecer em off.

Tão importante quanto, foi a descoberta de que a representatividade tem um impacto no mundo ao influenciar as percepções das pessoas, com 85% dos entrevistados concordando com isso. No Brasil, 91% concorda que o modo como grupos e identidades são retratados no conteúdo audiovisual influencia a percepção que as pessoas têm na vida real.

Entre os que se sentem mal representados em programas de TV e filmes, eles defendem que isso não se deve apenas a não ver pessoas como eles na tela, mas também a ver retratos imprecisos. 52% das pessoas afirmaram que se sentem mal representadas. No Brasil, entre os que se sentem mal representados, 58% dizem que a representação que existe é pouca e 37% ressaltam que falta precisão na representação, ou seja, mesmo quando a representação existe, ela não é feita de maneira correta.

 

Outros pontos da pesquisa:

Raça, etnia e status econômico

A sensação de estar mal representado se deve a uma combinação de fatores, que variam um pouco de país para país. Curiosamente, em todos os países, a questão principal com a representação envolve raça e etnia ou status econômico.  

Na Austrália, Holanda, Nigéria, Cingapura, África do Sul, Reino Unido e EUA, raça e etnia ocupam a primeira posição. A situação econômica, por sua vez, lidera na Argentina, Brasil, Chile, Alemanha, Itália, Malásia, México e Polônia

No entanto, em algumas nações raça e etnia não estão entre os cinco primeiros, como no caso de Argentina, Chile, Alemanha, Itália e Polônia. Entre esses países, o segundo lugar é dividido entre idade (Austrália, Alemanha, Polônia e Reino Unido) e religião/crenças (Brasil, Malásia e Cingapura).

 

Razões físicas para se sentir mal representado

Muitos que se sentem mal representados não veem pessoas como eles o suficiente na tela, com base em aspectos de sua aparência.

Quase 70% (no Brasil, exatos 70%) das pessoas que se sentem mal representadas globalmente dizem que não veem pessoas iguais a elas o suficiente na tela, com base no tipo de corpo, aparência e vestimenta.

Colorismo também é uma questão com a qual mundialmente mais da metade das mulheres concorda. O impacto do colorismo significa que mulheres com tons de pele mais claros são frequentemente vistas como mais atraentes e também estão mais presentes na tela.

As convenções de aparência também afetam negativamente as pessoas de acordo com gênero e com deficiência. E entre aqueles que se sentem mal representados, quase 40% das pessoas com deficiência física dizem que não se veem na tela.

Comportamento e tipo de vida

Apesar das representações físicas e sociais chamarem mais atenção, muitas vezes o tipo de vida que as pessoas veem refletido na tela, assim como seus comportamentos, não se parece com as suas. A pesquisa também abordou esse ponto e descobriu que, entre os que se sentem mal representados na TV e filmes, não há pessoas suficientes que: “Comportam-se como eu” (33%); “Estão no mesmo nível econômico que eu” (29%); “Falam com o mesmo sotaque ou dialeto que eu” (22%); “Têm uma família como a minha” (21%) e; “Vivem em uma casa como a minha” (21%).

No Brasil, os motivos apontados foram que há poucas pessoas na TV e filmes que: sejam da mesma classe socioeconômica (32%); tenham as mesmas práticas culturais (29%); comportem-se igualmente (28%); vistam-se igualmente (27%) e; vivam no mesmo tipo de casa (25%).

O impacto da má representação

A perpetuação de estereótipos e retratos mal feitos de diferentes grupos são extremamente prejudiciais para o público. Deste modo, os estereótipos prejudicam especialmente certos grupos étnicos, que se sentem retratados de maneiras particularmente negativas.

- Pessoas do Oriente Médio e árabes (20%) e negros (18%) sentem que são retratados como criminosos;

- Pessoas do Oriente Médio e árabes (19%) e indígenas (10%) sentem que são retratados como bravos/maus;

- Pessoas do Oriente Médio e árabes (17%) e negras (16%) sentem que são retratadas como perigosas;

- No Brasil, 24% das pessoas negras sentem que são representadas como perigosas e 23% como criminosas.

Má representação e o impacto negativo de como as pessoas se sentem

Quase 60% (no Brasil, 61%) dos que se sentem mal representados dizem que a má representação os faz sentir sem importância, ignorados ou decepcionados. Entre esses, 41% afirma afetar a autoestima e confiança, 40% diz afetar o sentido de pertencimento e 34% enxergam que diminui suas oportunidades. No Brasil, as porcentagens são parecidas, respectivamente em 41%, 38% e 37%.

Dentro desse grupo, mais de 40% dizem que essa falta de representação afetou sua saúde mental e quase 40% dizem que sua conexão com sua herança cultural é afetada

Necessidade de mudança

Quase 80% dos entrevistados concordam que é necessária mais diversidade em programas de TV e filmes (no Brasil, 88%). Isso sobe para mais de 80% entre as pessoas que se consideram parte de um grupo sub-representado e quase 90% entre os negros (no Brasil sobe para 92% entre mulheres e 91% entre pessoas negras). Apenas metade das pessoas em todo o mundo está satisfeita com o nível atual de representação que veem em programas de TV e filmes (no Brasil, 57%).

Mais da metade das pessoas em todo o mundo sente que precisa haver uma representação mais precisa de certos grupos e identidades em programas de TV e filmes (no Brasil, 56%). E quase metade das pessoas globalmente pensam que a representação em programas de TV e filmes vai melhorar nos próximos cinco anos (no Brasil, 61%).

O que dizem os executivos?

“A representatividade na mídia é um componente crítico para se conectar autenticamente com diversos públicos e comunidades. Juntamente com o lançamento de nossa iniciativa expandida Content for Change, este estudo reflete como a Paramount está tomando medidas proativas para transformar todo o nosso ecossistema criativo para entregar ao nosso público o melhor, e criar mudanças significativas para hoje e para o futuro”, afirmou Colleen Fahey Rush, Diretor de Insights da Paramount.

“Através deste estudo, vemos evidências da conexão entre a representatividade na tela e a saúde mental. Sabemos que a representatividade bem feita pode ajudar a melhorar a vida das pessoas em todo o mundo e temos a responsabilidade de não apenas continuar as mudanças em nossa indústria, mas também de servir como um catalisador para mudanças sociais positivas ao redor do globo”, disse Christian Kurz, VP Sênior de Streaming Mundial e Insights Corporativos.

“Desde os primeiros dias após a formação da Força-Tarefa de Programação e Público PIN, sabíamos que, para ter sucesso, tínhamos que entender as opiniões nos bastidores e as de nossa audiência. Formado por uma equipe internacional em diversas áreas de nosso negócio, trabalhamos em estreita colaboração com a equipe de insights globais para identificar os principais mercados e indivíduos, dando-nos uma visão verdadeiramente internacional em torno da representação na tela. Achamos que é revelador, instigante e uma excelente iniciativa para o nosso negócio”, disse uma das líderes da Força-Tarefa de Equidade e Raça da Paramount, Susan Nave.

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