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30 Maio 2022 | Yuri Codogno

Com homenagem a Alain Resnais e filme de Patricia Travassos, Cinemateca tem mais atrações ao público

Instituição terá programação recheada até 16 de junho

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(Foto: Divulgação)

A Cinemateca Brasileira irá exibir, no dia 6 de junho, às 19h30, o documentário Inspira, da cineasta e jornalista Patricia Travassos. Com diversas personalidades atuais do cenário brasileiro, como Ailton Krenak, OSGEMEOS, Thiago Ventura, Lenine, Clarice Niskier, Itamar Vieira Junior, Julia Rocha e outros, o filme reflete sobre as conexões humanas e suas transformações. A produção do documentário é assinada pela Prosa Press.

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Segundo a cineasta, o filme é um estímulo para reflexão sobre as referências que estão por trás da essência de cada pessoa. Patrícia ainda completa: “estamos todos conectados e, a partir da nossa consciência individual, somos capazes de impactar o pensamento coletivo. Cada vez mais, acredito que o primeiro passo para a inovação tem a ver com as conexões humanas, com a atitude de aprender com o outro e de se abrir para novas perspectivas de olhar para o mundo. Para mim, os encontros são capazes de nos transformar, mudar nossos caminhos e decisões”.

Atualmente, Patricia Travassos faz parte do time de Especialistas da CNN Brasil e é diretora do Programa Projeto Upload, exibido na faixa CNN Brasil Soft. Tal experiência como jornalista foi fundamental para fazer Inspira: “assim como os personagens do filme, mergulhei nas minhas próprias inspirações pessoais e descobri que sou resultado das inúmeras histórias que venho ouvindo dos meus entrevistados ao longo dos meus mais de 20 anos de carreira.”

Patricia Travassos, através de Inspira, conduz o público a uma visita ao universo de cada entrevistado. Deste modo, é possível conhecer a origem de seus propósitos e o processo de transformação de cada um deles até se tornarem “sujeitos coletivos”, termo esse utilizado no filme.

A sessão gratuita de Inspira será dia 06/06, às 19h30, na Cinemateca Brasileira. A retirada de ingressos poderá ser feita com 1 hora de antecedência.

 

Também na programação

Em comemoração ao centenário de nascimento de Alain Resnais, a Cinemateca Brasileira, em parceria com a Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e com o Institut Français, realiza uma mostra em homenagem ao diretor. Os filmes terão exibições gratuitas, de 2 a 12 de junho, em dois formatos: 35mm e digital. No dia 16, sábado, haverá palestra do Professor Doutor da ECA-USP, Cristian Borges

Alain Resnais é um dos mais célebres cineastas franceses, um dos responsáveis por quebrar com as narrativas tradicionais e explorar, de uma maneira singular, o potencial da linguagem cinematográfica. Por meio dela, tratou temas impactantes de seu século e suas repercussões existenciais sobre a natureza humana. Foi assim, sem histrionismo ou afetação, que o diretor ganhou o epíteto de “revolucionário discreto”.

A representação temporal é uma das grandes inovações estéticas da obra de Alain Resnais. Passado, presente e futuro raramente são dados nessa ordem, assim como há uma sobreposição de “realidade”, sonhos e imaginário. A abstração e sensorialidade do tempo em seus filmes são edificadas como um mosaico criado pela visualidade, sonoridade, e uma montagem desestabilizante. 

Os seus filmes, ao relacionar memória e consciência, criam um diálogo entre o presente e o passado, o real e o imaginário explicitando um universo bem pessoal que nos faz, ao mesmo tempo, aproximar de seus personagens e enfrentar grandes questões humanas como a bomba atômica, os campos de concentração nazista, as guerras.   

Um dos aspectos distintivos que marcou o percurso de Alain Resnais foi a presença de colaboradores no seu processo de criação. Segundo ele mesmo, o cinema é uma arte de “atelier”, na qual cada profissional participa de um projeto estético comum que fica evidente no filme pronto. Mesmo tendo recorrido a outros profissionais para escrever seus roteiros, Alain Resnais sempre afirmou o seu papel inconfundível de autor.

Seu primeiro longa-metragem, Hiroshima Meu Amor, lançado em 1959, estabelece uma relação poética entre uma tragédia pessoal e uma catástrofe coletiva. 

Noite e Neblina, considerado um dos mais importantes documentários da história do cinema mundial, é um dispositivo de alerta contra todas as formas de extermínio.

Meu Tio da América, vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes em 1980, é uma fascinante comédia que funde documentário e ficção, expondo questões sobre o comportamento humano.

As potencialidades narrativas de Smoking / No Smoking, ao filmar diferentes alternativas de trajetórias a partir de uma simples decisão como fumar ou não fumar um cigarro, revela uma leveza e um espírito mais lúdico do diretor.

Seu trabalho reflete sobre o lugar da humanidade no mundo moderno. É ao mesmo tempo um cineasta polêmico, desconcertante e, acima de tudo, humano.

Integra a mostra uma palestra sobre a obra de Resnais, com o Professor Doutor Cristian Borges do Programa de Pós-Graduação da ECA-USP e atual presidente da SOCINE (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual). 

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