26 Maio 2022 | Janaina Pereira
Pandemia, Guerra na Ucrânia e Streaming: o que aconteceu no Marché du Film
Evento de negócios do Festival de Cannes mostrou que o mercado audiovisual está em recuperação, mas ainda busca respostas sobre o futuro do setor
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Com o olhar atento para as consequências da Guerra na Ucrânia, e ainda vivendo a pandemia da Covid-19, o Marché du Film – braço de negócios do Festival de Cannes – foi encerrado nesta quarta-feira (25). Apresentado em formato híbrido, com 12 mil credenciados de 110 países, o evento contou também com 370 expositores e empresas de vendas, 1.200 exibições presenciais, 600 exibições online, 150 eventos setoriais, que incluem conferências, masterclasses e workshops, e 2.500 projetos.
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Apesar dos números otimistas, é perceptível que incertezas pairam no ar. Algumas nações mandaram delegações reduzidas, como a China, que vive novo lockdown. Considerado um dos maiores mercados do audiovisual mundial, o futuro do país no setor é uma incógnita. A Rússia, também bastante expressiva no setor, teve sua delegação impedida de participar do Marché du Film por causa da invasão à Ucrânia. Já os ucranianos receberam apoio especial para comparecer presencialmente a Cannes.
“Oferecemos o pavilhão, que é alugado, e as credenciais, que normalmente são pagas, à delegação da Ucrânia. Vieram 50 pessoas. Organizamos reuniões e conferências para apoiar os filmes do país que estão em produção, que procuram um agente ou financiamento. E estamos atentos ao que poderá acontecer no pós-guerra”, revelou Jérôme Paillard, diretor do Marché du Film desde 1996 e que este ano está se despedindo do evento – Guillaume Esmiol assumirá o posto a partir de 2023.
O Brasil, que não tem filmes na Mostra Competitiva da 75ª edição do Festival de Cannes, esteve presente com um estande em que projetos que precisam de financiamento foram exibidos para compradores do mercado internacional.
Streaming ou cinema?
Depois de uma desaceleração nas produções em todo o mundo, o mercado se mostrou aquecido durante o Marché du Film. Mas, embora muitos projetos estejam em andamento, o modo como eles vão chegar ao público foi o grande tema do evento. Enquanto o Festival de Cannes se mantém contra a participação de filmes produzidos para o streaming em sua Mostra Competitiva, o Marché du Film se mostrou mais aberto ao formato.
“Há um debate sobre o tempo entre o lançamento dos filmes nos cinemas e sua distribuição, em particular nas plataformas de streaming. Em quase todos os países do mundo esse tempo foi reduzido, mas a França continua extremamente atrasada nesse sentido. É preciso reduzir os atrasos, especialmente para filmes pequenos. Se eles ficarem apenas duas semanas nos cinemas e só saírem nas plataformas dois ou três anos depois, terão sido completamente esquecidos e não se beneficiarão mais da promoção do lançamento nos cinemas”, comentou Jérôme Paillard.
Paillard também falou sobre a volta do público às salas de cinemas que, em todo o mundo, tem se mostrado abaixo da média anterior à pandemia.
“Mesmo com a melhora do cenário da Covid-19, temos menos 39% de público nos cinemas franceses. Na Itália esse número é maior, com uma queda de 61% do público nos cinemas. Alguns dizem que os hábitos mudaram, que as pessoas estão mais em casa agora. Eu acho que não é bem assim. Precisamos entender o que o público espera, e o que podemos fazer para esse cenário mudar”, finalizou.
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