03 Maio 2022 | Yuri Codogno

"Deus e o Diabo na Terra do Sol" será exibido em 4K no Festival de Cannes

O festival acontecerá entre os dias 17 e 28 de maio e o longa integrará a mostra Cannes Classics

Em 2019, o produtor Lino Meireles se uniu à diretora Paloma Rocha para restaurar em versão 4K o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, considerado uma das principais obras do cinema brasileiro. O projeto, finalizado em 2022, foi selecionado para o 75º Festival de Cannes (que acontecerá entre os dias 17 a 28 de maio) e será exibido na seção Cannes Classics, dedicada a filmes clássicos e à preservação do patrimônio cinematográfico mundial. Ou seja, após quase 60 anos o longa-metragem retornará ao local onde fez sua estreia, pois foi no festival de Cannes de 1964 que o filme foi exibido pela primeira vez. No Brasil, estreou em julho do mesmo ano. 

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“Num país com a cultura tão depreciada, com a produção artística sofrendo ataques, fizemos um esforço de contracorrente. Isso só é possível porque o filme tem a força própria dele”, afirmou Paloma Rocha, diretora e filha de Glauber Rocha. Já o produtor Lino Meirelles ressaltou: “é um ciclo completo para a nossa restauração, onde o filme será reexibido pela primeira vez no mesmo local em que estreou. Que seja um novo chamado de resistência cultural”. 

Segundo a dupla, a escolha por Deus e o Diabo na Terra do Sol se dá não apenas por sua importância para a cultura nacional, mas também pelo fato de que sua última versão digitalizada aconteceu em 2002. A Cinecolor, empresa parceira da Cinemateca Brasileira, foi onde o novo restauro foi realizado. Este também é o local onde estava armazenada a cópia em película – cinco latas de negativos 35mm em perfeitas condições.  

Deus e o Diabo na Terra do Sol mescla influências literárias de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. O legado de Glauber Rocha também inclui longas-metragens como Barravento (1962), Terra em Transe (1967), O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969), O Leão de Sete Cabeças (1970), entre outros.